[Flávio Bittencourt]

Desabafo curioso de um enxadrista de Portugal

João Madeira cita o grande Fisher, para quem xadrex não era mais do que onanismo mental.

 

 

 

 

 

 

 

(http://3.bp.blogspot.com/-7zNPfX3vxYg/UDI9f4rbyeI/AAAAAAAAASE/euI3b7b0nyc/s1600/420086_10151107531037192_406483393_n.jpg)

 

 

 

 

 

 (http://4.bp.blogspot.com/-s02GUIZOIsI/T3jhNyz-b6I/AAAAAAAAACg/RqfEA4zscig/s1600/seventh_seal3_rgb.jpg)

 

 

 

(http://stamp-search.com/images/mon861562a-g6chess.jpg)

 

 

 

[TAJIKISTAN] - 14 Chess Champions of the Past Millennium Huge Sheet gives the history of Chess Masters from Paul Morphy of 1887 to Garry Kasparov Anatoly Karpov Robert Bobby Fisher and so many more - 5.95:

(http://www.topical-stamps.com/cgi-bin/search.cgi?shop=stamp-search&search=minor&type=search&minor=Chess)

 

 

 

 

(http://www.neofila.com/pictures/world/SaoTome-2010/ST-13102a.jpg)

 

 

 

 

12.7.2013 -     F.

 

Sr. João Madeira,

1º.7.2004,

no seu blog:

 

"The game is won when one king is in check and cannot avoid capture on the next move; this is called checkmate…"

“A melhor jogada em xadrez é sempre a mais rápida para ganhar a partida.”

Quem inventou esta frase devia estar a chefiar um obscuro departamento de marketing de uma obscura empresa nos confins do universo.

Obviamente nunca jogou xadrez ou se jogou nunca ganhou nenhuma partida e nunca lhe disseram que um gambito de dama, mais conhecido por cheque pastor, só resulta nas seguintes circunstâncias:

a) O adversário é um débil mental.

b) Aprendeu a jogar xadrez ontem.

c) Quer deixá-lo ganhar.

d) É a mistura das alíneas anteriores.

Isto faz-me sempre lembrar um estudo de psicologia comportamental em que se utilizaram dois macacos, para aferir do seu grau de inteligência. Ensinaram a esses dois macacos um jogo, postos frente a frente, aquele que ganhasse, tinha como recompensa uma banana. O espantoso é que o macaco considerado mais inteligente, descobriu que para manter o outro em jogo tinha que o deixar ganhar pelo menos um em cada quatro jogos, se o outro não ganhasse de vez em quando, desistia de jogar e não haveria bananas para ninguém. Claro que não os ensinaram a jogar xadrez.

Deveria também saber este pseudo-xadrezista que só se consegue ganhar uma vez contra o mesmo adversário utilizando esta estratégia. Já pensou em desviar a sua atenção para as damas? Jogam-se na perpendicular, às vezes na horizontal e dão menos trabalho intelectual.

A frase mais célebre que se conheçe pertence a um dos melhores xadrezistas e promotores da sua imagem que existiu, o nome dele é Bobby Fisher e definiu o xadrez num pequeno parágrafo: “Chess is nothing more than mental masturbation”, mas mesmo este dava mais atenção ao meio do jogo e ao final. Aberturas fáceis e rápidas só conheço as dos enlatados e mesmo assim quando não encravam ou partem em algum lado, deixando-nos literalmente entalados (dixit).

Posted by joaoamadeira at 05:14 PM"
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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LINKS RECOMENDADOS:

 

 

 

Flávio René Kothe:

http://www.estadao.com.br/arquivo/arteelazer/2001/not20010203p3286.htm

 

 

Rui Barbosa:

http://books.google.com.br/books/about/Swift.html?id=-PUdAQAAIAAJ&redir_esc=y

 

 

Nunes Pereira:

http://books.google.com.br/books?id=RhIsAAAAYAAJ&q=moronguet%C3%A1+decameron+ind%C3%ADgena&dq=moronguet%C3%A1+decameron+ind%C3%ADgena&hl=pt-BR&sa=X&ei=R0X0Ueu6N-7G4AOU5ICoCQ&ved=0CCUQ6AEwAA

 

 

Haroldo de Campos:

http://books.google.com.br/books?id=iq0tAAAAYAAJ&q=haroldo+de+campos&dq=haroldo+de+campos&hl=pt-BR&sa=X&ei=m0b0UcyDHNG24AOChIHABg&ved=0CC4Q6AEwAg

 

 

José Eustasio Rivera:

http://books.google.com.br/books?id=ICpvOwAACAAJ&dq=voragem+rivera&hl=pt-BR&sa=X&ei=0EX0UfNDydzgA8aXgaAJ&ved=0CCUQ6AEwAA

 

 

 

ESTADÃO, PRIMEIRO DOS CINCO LINKS ACIMA INDICADOS,

resenha:

  

CADERNO2 - Variedades:

"Sábado, 3 de Fevereiro de 2001, 16:24  

Crítico questiona literatura brasileira

Flávio René Kothe, professor de literatura da Universidade de Brasília, lançou recentemente O Cânone Imperial, em que analisa a tradição de nossa literatura

 

 

A pretexto de ensinar literatura, as escolas brasileiras martelam ideologia. A opinião é do professor de Teoria Literária Flávio René Kothe, da Universidade de Brasília (UnB), que lançou recentemente O Cânone Imperial (UnB, 608 páginas, 48 reais). O trabalho pode ser encarado como um segundo volume de uma obra que procura analisar tudo o que os estudantes têm de aprender no segundo grau. O primeiro volume seria, assim, O Cânone Colonial (UnB, 416 páginas, 39 reais). Ainda em 2001, deve ser publicado O Cânone Republicano, em dois tomos, completando a análise da tradição literária brasileira.

Kothe é implacável com os autores brasileiros e, especialmente, com o modo que eles são ensinados nas escolas. A leitura dele não perdoa nem Machado de Assis, considerado o ponto mais elevado da produção literária nacional. Embora ache que Assis é um escritor talentoso, recusa-se a incluí-lo no mesmo patamar de Dostoievski, Flaubert, Tolstoi e Goethe. No máximo, o põe no degrau de um Eça de Queirós.

O mais grave, no entanto, para Kothe, é a completa ausência de autores "do primeiro time" no segundo grau, o que deixaria os estudantes brasileiros sem parâmetros para ler, avaliar e produzir textos literários de qualidade. "É como se um professor de piano ensinasse somente a produção brasileira, deixando Chopin de lado", exemplifica, por telefone, de Brasília. A retirada dos escritores estrangeiros do ensino é uma herança dos militares, uma decisão que não foi revista com o fim do regime. "É inclusive um tiro no pé, um fechamento inadequado a um período de globalização, em que o mercado pede mão-de-obra criativa."

Como alternativa, ele afirma que a saída não é, simplesmente, substituir um cânone nacional por outro mundial: o ideal, diz, é combinar leituras universais com leituras locais, evitando uma sobrevalorização dos escritores nacionais. Além disso, ele propõe: que o curso secundário introduza a questão da qualidade, deixando de tratar todos os que figuram no cânone como grandes autores; uma revisão geral dos livros didáticos e o fim do "livro do professor", que traz todas as respostas prontas; e, o que parece óbvio, mas talvez não seja, estimular o espírito crítico do aluno, atualmente, visto como um depósito de informações no mínimo discutíveis. "A história da literatura brasileira é escrita como se o cânone fosse puro abrigo do talento, e como se todo talento fizesse parte desse panteão acadêmico", escreve no primeiro capítulo.

"Eu parti da concepção de que havia uma diferença básica entre o que é o todo da produção e circulação literária do Brasil e o que é ensinado nas escolas", afirma Kothe. Ele lembra que toda a literatura dos imigrantes - alemães, especialmente - produzida no Brasil está fora do universo literário das escolas, bem como uma série de autores que fica de fora por não reforçar a ideologia dominante. Contrariando Antonio Candido, acredita que não temos de amar, necessariamente a literatura brasileira porque ela "não é de primeira água" e também porque ela "não é uma expressão de todos os brasileiros", ao contrário do que o discurso teórico defende.

A definição do cânone literário brasileiro - aqueles autores que "representam" a história da poesia e da prosa do País - começa com o romantismo. Essa lista, emendada a partir de então, de José Veríssimo e Sílvio Romero a Candido e Roberto Schwarz, priorizaria, para Kothe, obras que reforçam a ideologia do Estado brasileiro, invertendo a lógica dos movimentos literários que os escritores importaram da Europa. No romantismo alemão, há um fosso entre o ideal e o real; o romantismo brasileiro, por sua vez, faz de conta que o ideal é a própria terra, o País e a Nação que está inventando. Kothe conclui, então, a equação: "Se o real é o ideal, nada deve ser modificado."

A literatura brasileira ensinada na escola, portanto, nascida da história da literatura que o romantismo cria, legitima a colonização portuguesa e o Estado brasileiro nascido em 1822. A escolha do homem ideal como sendo o índio nasce discriminando negros e mulatos: "A literatura nas escolas serve para ensinar racismo", diz ele. O mesmo se verificaria em Canaã, de Graça Aranha, mas, nesse caso, é o mulato o valorizado contra os imigrantes alemães (modelo que Mário de Andrade repetiria em Amar, Verbo Intransitivo e Macunaíma, no último caso, substituindo o preconceito contra o alemão pelo contra o italiano).

Uma das questões abordadas por Kothe é essa escolha do índio como "fundador" da nacionalidade brasileira, mito que encontra em José de Alencar (O Guarani e Iracema) e Gonçalves Dias (com o poema I-Juca Pirama), seus principais representantes. Para Kothe, além do problema da questão racial, as escolhas românticas mostram o mecanismo de inclusão e de exclusão do cânone.

Na Europa, havia três modos de pensar os índios: como a encarnação do bem (o bom selvagem), como encarnação do mal e como instrumento da sátira.

"O cânone brasileiro, sistematicamente, exclui o índio satírico, representado pelo poema O Elixir do Pajé, de Bernardo Guimarães", afirma. A obra, que usa a mesma estrutura poética de I-Juca Pirama, tem conotação sexual explícita: o pajé em questão vê-se impotente e pede uma ajuda a Tupã, mas exagera na dose do remédio.

A inversão do modelo europeu como meio de sustentar a colonização portuguesa e o Estado criado com o Império, fundado no escravismo, não seria uma característica exclusiva dos românticos. "Não à toa, o marxismo proletário de Émile Zola está ausente da obra de Aluísio Azevedo, o satanismo de Charles Baudelaire desaparece na poesia de Olavo Bilac e o espírito crítico de Flaubert desaparece nos textos de Machado."

Nos capítulos dedicados a Machado de Assis, Kothe defende que suas posições reacionárias determinaram a configuração de sua obra e ajudam a canonizar seus últimos romances. "É tal o temor reverencial que a penúltima tentativa de redimir Machado é dizer que ele não adota posição nenhuma, mas apenas desmonta, com a sua ironia, toda e qualquer posição política ou filosófica. Ora, ele apenas disfarça melhor que outros", escreve Kothe.

Nesse disfarçar, Assis teria mantido a figura da mulher sem voz em Dom Casmurro. Bentinho, o narrador, jamais lhe dá voz, ao contrário do que ocorre em Madame Bovary, de Flaubert. Se Dostoievski e Alencar usam a figura da prostituta que se redime por amor, Assis constrói personagens femininas a partir de senhoras respeitáveis que se revelam oportunistas, desleais e não-confiáveis. Capitu, bem como Escobar, representariam o perigo das classes ascendentes contra a oligarquia (Bentinho). A crítica, contudo, não estaria direcionada à elite escravista, mas justamente a esses novos atores sociais.

Mas não são inúmeras as leituras que apontam Capitu como a real protagonista de Dom Casmurro e que ensinam a desconfiar, sobretudo, do narrador? Para Kothe, essa é uma leitura enviesada, que procura salvar Machado de Assis da própria obra. Algo semelhante ocorreria com a figura do negro. Para Kothe, é uma voz que Machado de Assis sempre busca calar. Um dos exemplos que usa é o de um diálogo entre Bentinho e um negro, chamado Tomás. O narrador chama-o, faz duas perguntas, servilmente respondidas pelo escravo, logo dispensado com um "Vá-se embora". "Se ele fosse alemão, seria considerado racista; por ser mulato, fisicamente, é considerado realista. Ele procurou negar e renegar a sua origem, identificando-se com a elite branca. Nesse sentido, o ´realista´ é um ´racista´, ainda que não por ideologemas diretos e claros; por isso - e não apesar disso - entra no cânone", escreve Kothe.

A premissa de Kothe é verdadeira: há um temor reverencial diante das obras clássicas, o que vai contra a liberdade que a leitura exige para que permita uma compreensão melhor do mundo. Concordar com todas as conclusões dele é menos importante do que perceber que o livro cumpre o que promete - expõe as contradições e fraquezas dos autores tidos como grandes e da recepção com que foram agraciados. Obriga a quem quiser defender os clássicos brasileiros a responder aos argumentos dele.

Se Kothe não é tão rigoroso com os autores do grande cânone mundial como é com os brasileiros - ele defende-se, dizendo que a obra de Shakespeare supera suas fraquezas ideológicas e afirmando que orienta alunos de pós-graduação que estudam os clássicos a lê-los também de um modo implacável -, essa limitação não precisa ser aceita pelo leitor. O caminho de uma leitura crítica permanente está aberto."