“Desde que me foi proposto este depoimento, eu passei a recordar, a refazer a imagem do Castelo, porque nós ficamos, na verdade, dezoito anos sem contato após a venda da CBBA. Nessas últimas noites, eu fui compondo a imagem dele, relembrando e, de repente, começou a surgir a figura dele de uma maneira bastante forte e até luminosa. Porque muitas coisas que eu já tinha esquecido, muitas coisas que eu não percebi na ocasião, começaram a aparecer. Nós tivemos um relacionamento muito amigo, muito de irmão mais velho para irmão mais jovem. Eu gostaria de salientar o prestígio que o Castelo chegou a ter, na trajetória dele como profissional: primeiramente pela capacidade dele, e em segundo lugar, porque ele também foi uma criatura muito humana. A figura dele emanava uma simpatia muito grande, e ele tinha muita capacidade no que fazia, era muito responsável, e conquistou a estima e o respeito de todos os funcionários da Thompson, da CBBA. E dos Clientes.

Ele tratava o principal cliente e a moça que servia o café da mesma maneira, e isso era uma coisa realmente muito forte na personalidade dele, que dava a ele uma aura de pessoa muito especial, e ele era mesmo.

O Castelo era uma pessoa que tinha uma vasta cultura literária, falava inglês, escrevia em inglês porque tinha contato com as multinacionais, mas uma coisa que ele não conseguia era “pensar” em inglês, “só pensava em brasileiro”. Ele era tão imbuído da nossa cultura, das nossas coisas, que ele era talvez um “antropofagista” da comunicação, porque captava tudo que vinha de fora, o que tinha de melhor em termos de exemplo, mas ele digeria tudo antropofagicamente”.

Geri Garcia

 Publicado originalmente no site da Escola Superior de Propaganda e Marketing