“Entrei na fase reflexiva em que resolvi mudar de vida. Depois de muitos conflitos comigo mesmo decidi dar um tempo, (...) por isso larguei tudo, entrei em uma fase, digamos Zen de vida.
Eu passei a encarar seriamente, pela primeira vez na vida, um problema existencial de frente, surpreendi-me recentemente quando procurava finalizar estas memórias, haver anotado em uma caderneta de endereços as observações que se seguem, deste período de profundas reflexões. “Mesmo o mais descrente dos homens em momentos de aflição, quando no limite da existência corpórea, quando o seu espírito se encontra despedaçado, a alma em frangalhos, olhando para todos os lados e não vislumbrando uma única saída do labirinto em que está sucumbido, é capaz de apelar para qualquer ente transcendente que lhe esteja acima de seu domínio de percepção, seja Ele chamado Deus, ou um Poder Superior a nós mesmos. Ele tenha ou não a existência em si mesmo, é chamado por nós na esperança de aliviar a nossa dor, de nos tirar do buraco, daquele infortúnio sem saída, dentro do campo da razão ditada pela lógica do ser. É aí que ele descobre a Fé como único meio de salvação, não uma salvação futura, mas imediata”.
(trechos do livro Memórias, de Lásaro Venceslau dos Santos, Editora Caetés, 2008, p. 111 e 112).
- O autor nasceu em Francisco Santos, Piauí, reside no Rio de Janeiro desde 1968, é professor de matemática e física na rede estadual.