Por Maria Teresa Piacentini
 
--- Solicito auxílio para saber o feminino da palavra edil. Flávio Boleiz Junior, São Paulo/SP


--- Em nossas festas religiosas aparece o mordomo (ou Mordomo do Mastro). Sendo mulher, será: o Mordomo Maria ou a Mordomo Maria? Donizetti Cordeiro Guedes, Capelinha/MG


--- Graduando, doutorando, bacharelando, formando: são formas únicas, ou devo usar o feminino quando se referem a pessoas do sexo feminino, por exemplo: Maria é graduanda em Direito ou Maria é graduando em Direito? J. C. P., Barretos/SP
 
 
Os últimos substantivos citados têm feminino, sim, que se forma regularmente, trocando-se o -o por -a: graduanda, doutoranda, bacharelanda, formanda.
 
Por outro lado, há substantivos que apresentam uma única forma para os dois gêneros; o que distingue o masculino do feminino é a anteposição de um artigo ou outro determinante, como o jornalista/a jornalista, um estudante/uma estudante, bom cliente/boa cliente. Esses substantivos – chamados de comuns de dois – são registrados nos dicionários com um s.2.g., que quer dizer “substantivo que serve aos dois gêneros” (e não “substantivo de [que tem] dois gêneros”). A essa categoria pertencem, entre outros: o/a chefe, o/a gerente, o/a titular, o/a assistente, o/a artista, o/a agente, o/a colega, o/a indígena, o/a intérprete, o/a dentista, o/a imigrante, o/a guia, o/a caixa [funcionário], o/a presidente [a observar que também existe o substantivo feminino presidenta].
 
Poeta é exemplo de substantivo que no dicionário consta como masculino (s.m.) mas que poderá vir a ser registrado s.2.g., porque seu equivalente feminino – poetisa –  vem perdendo terreno para “a poeta”. A nova geração de mulheres que fazem poesia parece não gostar de ser chamada de poetisa – são as poetas simplesmente.
 
E chegamos ao edil e ao mordomo, duas palavras registradas como substantivo masculino (s.m.), o que significa que não se utiliza um artigo feminino quando se trata de uma mulher ocupante desse cargo ou função. Os dois termos pertencem à categoria dos substantivos ditos sobrecomuns, aqueles que têm um só gênero gramatical para designar pessoas de ambos os sexos. São exemplos de sobrecomuns masculinos: o ídolo, o membro, o algoz, o carrasco, o tipo, o indivíduo, o cônjuge, o alvo. Casos femininos: a criança, a criatura, a pessoa, a testemunha, a vítima, a presa.
 
Assim, a vereadora será sempre um edil, e a Maria será o Mordomo do Mastro. Você pode expressar-se desta forma:
 
A senhora Maria Aparecida é o edil mais influente da região. 
 
Depois de vários mandatos, ela se tornou um grande edil.
 
A comunidade escolheu D. Rita para Mordomo da sua festa religiosa.
 
 
--- Se bem me lembro, aprendi na escola que o correto era dizer meu esposo ou meu marido, enquanto que o contrário seria minha mulher, e não minha esposa. Mesmo sabendo disso habituei-me a dizer “esposa de fulano de tal” em vez de “a mulher de fulano”. Minha impressão é a de que, como consequência do movimento feminista, nos sentimos constrangidos em pronunciar a última forma. Gostaria de saber se ambas são, atualmente, corretas.” Lea Tomaz, São Paulo/SP
 
 
As duas formas estão corretas. No campo do Direito o certo é falar em marido e mulher. Mas socialmente o usual é esposo e esposa. Também é elegante o homem se referir à sua como “minha mulher”, e à dos outros como “sua esposa”. Prefere-se dizer “esposa” talvez por ser o substantivo “mulher” também o feminino de “homem”. Mas a mulher tanto pode dizer “meu marido" como "meu esposo".