A maior revista semanal brasileira, segundo critérios que ela mesma estabeleceu, como empenho na edição ou votação de propostas visando redução da carga tributária e simplificação no sistema tributário – trabalho que restou insalubre e ineficiente; melhoria da infraestrutura – aeroportos, estradas, portos, logística, cada vez mais caóticos; qualidade da gestão pública – se essa melhorou em algum aspecto, deve-se isso, não ao parlamento, mas à fiscalização e vigilância mais rígidas da controladoria geral da união, tribunal de contas da união e do ministério público; diminuição da burocracia – o quê? -; propostas de combate à corrupção – o parlamento entrou nessa seara? –, em uma relação ordinal de vinte posições contendo os melhores deputados federais e senadores de dois mil e doze – em meio a nomes cujos veículos de comunicação jamais teceram críticas ou os arrolaram como envolvidos em falcatrua ou patifaria -, incluiu os deputados Stepan Nercessian, enrolado no caso Delta/Cachoeira, e Eduardo Azeredo, que ainda se defende de acusações de haver recebido dinheiro de caixa do mensalão, Marcos Valério; e os senadores Renan Calheiros, quase cassado sob acusação de ter despesas particulares pagas por lobistas e congêneres; Romero Jucá, envolvido em esquemas de caixa dois de campanha eleitoral no seu estado, e Lobão Filho – teria o senador mais faltoso do congresso nacional, ainda assim, trabalhado tanto nos itens pautados pela revista, a ponto de suplantar colegas mais assíduos?
     Pelo que se soube do trabalho deles, parece injusto estarem fora daquela lista os deputados Júlio César e Marcelo Castro. Teria pesado contra eles o fato de serem piauienses e de questionarem a divisão dos royalties do pré-sal somente entre São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo?
     Contrariando o que asseguravam supostas profecias maias, encampadas por malucos de todos os matizes culturais, o mundo não acabou ao final de dois mil e doze.
     Ainda ao final de dois mil e doze, o deputado federal Jean Wyllys chamou o papa Bento XVI de potencial genocida e hipócrita, certamente, porque ele, o santo padre, como sempre o fez, manifestou-se, publicamente, contrário à aceitação da homossexualidade e do casamento entre homossexuais como fato natural. Hipócrita, alguém que diz ou escreve o que pensa e sente, e não o que alguns gostariam de ouvir? Entendemos como preconceituosa a atitude ou o ponto de vista do parlamentar: comparar o sumo pontífice - que também é contra o aborto - a Hitler e outros genocidas é um contrassenso. A menos, o que não é o caso, que o preclaro deputado não soubesse o significado, a semântica do termo genocídio.
     Aquele mordaz jornalista alagoano de boa cepa, depois de durante todo o ano chamar o então presidente da câmara federal de anão, não se conteve e, diante das recorrentes e, não raro, inoportunas diatribes do parlamentar, deu uma de Tiririca e o tachou de “abestado”.
Jornais teresinenses, em inconteste desperdício de papel e tinta, até os últimos minutos de dois mil e doze, noticiaram as presepadas da justiça eleitoral no tocante às reiteradas e inexplicáveis cassações e reconduções ao cargo, do prefeito do município piauiense de Uruçuí.
     Disseram, ainda, ao final de dois mil e doze, que a renda da classe média brasileira cresceu mais que o PIB – talvez isso haja levado a presidente a dizer que, para 2013, queria um “pibão” “grandão”. Que classe média é essa? A representada por uma família composta de um casal e um filho, com renda pouco maior que um salário mínimo – sim, porque para a secretaria de assuntos estratégicos da presidência da república, pertence à baixa classe média quem, per capita, percebe de duzentos e noventa e um, a quatrocentos e quarenta e um reais -, que, claro, não lhe permite sequer pensar em colocar o filho em um bom colégio privado ou pagar um razoável plano de saúde? E daí? Enquanto não for classe alta, a média vai ter que penar como o restante dos brasileiros.
     Antônio Francisco Sousa – Auditor-Fiscal ([email protected])