Cunha e Silva Filho


                              Poucos dias atrás professores do ensino fundamental em greve por melhores salários e condições de trabalho foram tratados com tremenda violência como se fossem bandidos perseguidos pela polícia no cen tro do Rio de Janeiro                              Era de se esperar, o Estado do Rio de Janeiro, em toda a sua história, tem o mais autoritário governo que os cariocas já tiveram 
                              O prefeito atual do Rio de Janeiro, Eduardo Paiva, assim como os vereadores, foram os principais responsáveis pelo confronto entre professores e forças policiais; o primeiro por não ter feito nada para impedir o combate desigual, o últimos porque, na condição de presidente da Câmara Municipal, sem dúvida foi quem chamou a polícia para reprimir os manifestantes. 
                              Por mais de um mês professores municipais e estaduais do ensino fundamental e médio entraram em greve reivindicando melhores níveis de salários que pudessem ser justos e não da forma que estão, de tal maneira que os professores não podem se sustentar com tão baixos salários. Além disso, não é só isso, o professores isso têm que enfrentar a violência dentro e fora da escola, a criminalidade nas imediações das escolas, o desrespeito dos alunos que chega ao ponto de xingarem seus professores ou proferir-lhes palavrões na sala de aula.
                             Por outro lado, a sociedade tem visto os mestres como pessoas sem prestígio, às vezes servindo como assunto de chacota no que respeita a sua carreira, uma carreira amiúde sendo motivo de tema humorístico em programas de televisão.
                             Naturalmente, os baixos salários dos professores se tornaram um problema crônico que remonta há longos anos na história do ensino público do Rio de Janeiro e de outras cidades brasileiras.
                            Greves sem conta se tornaram parte da história das escolas públicas brasileiras. A maior parte dos alunos destas escolas vêm de classes mais baixas ou de famílias pobres. A classe média tem condições de colocar seus filhos nas escolas particulares e os estudantes ricos frequentam escolas de alto padrão que cobram mensalidades altíssimas impensáveis para a média dos estudantes brasileiros.
                           Todavia, voltando ao tema principal deste artigo, o mencionado confron to começou quando professores invadiram a Câmara Municipal do Rio de Janeiro, Lá permaneceram alguns dias na parte principal do edifício, a Sala do Plenário. Do lado de foram, um grupo menor de professores armou barracas de onde poderiam acompanhar o desdobramento da situação pendente, i.e., a data de votação dos vereadores para a aprovação do aumento salarial proposto pelo prefeito..O fato é que a proposta de aumento salarial do prefeito não foi aquele proposto pelo Sindicato dos Professores, mas o que prevaleceu foi a proposta do prefeito e tal fato acarretou indignação e por último o atrito com as forças policiais. Como se pode ver, a votação do aumento salarial deu-se unilateralmente e os vereadores da oposição, em minoria, decidiram deixar o Plenário indignados com o resultado favorável ao prefeito.
                        Assim sendo, penso que o governo deveria ser responsabilizado por estas truculências, e bem assim o prefeito e os vereadores. Pior, o que ocorreu no Rio de Janeiro a respeito dos professores pode ser entendido como uma ruptura dos direitos humanos que devem ser tratados pelo poder judiciário e por todas as instituições cujo objetivo é defender pessoas contra o abuso de autoridade tanto do governo estadual quanto da Prefeitura do Rio de Janeiro. No que concerne ao excesso de violência e covardia praticados por alguns membros da polícia, os maus policiais envolvidos em agressões e ações ilícitas contra os manifestantes, até mesmo forjando flagrantes incriminando pessoas inocentes, deveriam ser rigorosamente indiciados pela polícia civil e militar, e cuidadosamente investigados pela Promotoria Pública.
                      Essas ações da parte das autoridades do Rio de Janeiro não se podem tolerar, visto que dão o pior exemplo de um país que se define como sendo uma democracia. Não mais estamos vivendo sob regime discricionário e, por isso, a sociedade deveria ser tratada com consideração e deveria ser livre para expressar suas opiniões e ideias, lutando pelos seus direitos sem o temor de ser reprimida pelo emprego da força, em outras palavras, gás lacrimogêneo, tiros de borracha, empurrões e outras coisas do gênero.
                    Agora, me pergunto? Pode-se reeleger políticos que são cúmplices desses atentados contra os direitos humanos e de ações violentas? Ao não respeitarem  uma das mais lídimas e importantes profissões, a do magistério, um dos pilares do desenvolvimento de um país, as autoridades estão sendo ingratas com quem lhes propiciou as condições de se livrarem da escuridão mental e lhes  dando  o instrumento  mais caro e essencial  ao progresso humano: o conhecimento. Se não se leva em alta conta a notável figura do professor, é um mau sinal  para uma sociedade cujos valores começam a pulverizar-se. Que  pena!