DA COSTA E SILVA, POETA MAIOR
Por Elmar Carvalho Em: 12/03/2012, às 19H37
ELMAR CARVALHO
O doutor Lauro Correia, eminente cidadão parnaibano, que exerceu elevados cargos em nosso estado, entre os quais o de presidente da FIEPI e o de prefeito de sua terra natal, de quem tive a honra de ser aluno na UFPI – Campus Ministro Reis Velloso, quando ele era o diretor dessa unidade administrativa, costuma dizer que maior só a girafa, e assim mesmo por causa de seu enorme pescoço. Há os historiadores literários que fazem em seus compêndios a distinção entre “poetas maiores” e “poetas menores”, que tem gerado polêmicas, críticas e insatisfações; outros, em lugar da segunda categoria, usam a expressão “outros poetas”, que também tem desagradado os poetas nela incluídos.
Bem por isso, soube que um poeta estava agastado porque um intelectual andara questionando sobre quem seria, atualmente, o maior poeta vivo do Piauí. Embora eu tenha minhas preferências, jamais entrarei numa discussão desse tipo, mesmo porque existem aqueles que possuem um gosto eclético e variado, que gostam das diferenças, diversidades e peculiaridades, sem que por causa disso algum bardo possa ser considerado maior do que seu confrade. Houve mesmo um poeta que, enfrentando essa questão, disse não existir trena que possa medir o tamanho de um vate. Entretanto, posso dizer que alguns ficam no topo da cordilheira, como se fossem condores andinos, enquanto outros jamais deixam a planície em que sempre estiveram e estão.
Outro dia estava a conversar com o erudito magistrado federal, Dr. Geraldo Magela e Silva Meneses, nas escadarias da Academia Piauiense de Letras, e pude constatar, mais uma vez, a profunda admiração que ele nutre pelo nosso excelso poeta Da Costa e Silva, que é também uma das minhas mais antigas e constantes admirações, que, aliás, remontam aos meus dias de criança. Em outra ocasião, ele me havia dito considerar Da Costa e Silva o maior poeta da língua portuguesa. Como eu lhe tenha indagado se mesmo em relação a Fernando Pessoa e Luís Vaz de Camões, respondeu-me que sim. Depois, para espancar qualquer dúvida que pudesse existir, disse de modo firme e enfático: “E se não for o maior, é o melhor!”
Disse-lhe que, de fato, Antônio Francisco da Costa e Silva era mesmo um poeta extraordinário. Aliás, ouso afirmar que ele merece um lugar no panteão dos grandes poetas nacionais. Quando fui presidente da União Brasileira de Escritores do Piauí desenvolvi uma campanha para que os seus restos mortais fossem trasladados para o cemitério da sua querida e por ele exaltada Amarante. No meu discurso de posse na APL, bradei, ainda que como uma voz clamando no deserto da indiferença: “(...) se não for pedir demais, talvez seja o momento de se trasladar para Amarante os despojos de Da Costa e Silva, já que ele, quando cantou sua terra, implorou em versos de incomparável maestria: “Terra para se amar com o grande amor que eu tenho!/ Terra onde tive o berço e de onde espero ainda/ Sete palmos de gleba e os dois braços de um lenho!” Em Amarante, o seu mausoléu-memorial seria visitado e reverenciado, em verdadeira peregrinação turístico-cultural”.
O nobre magistrado Geraldo Magela é um amante inveterado da cultura e dos livros, gastando boa parte de seu subsídio com a aquisição, sobretudo, de obras literárias e afins. É partícipe de nossos principais eventos literários. Sabe de cor e salteado vários poemas do nosso Da Costa e Silva. Isso é a maior prova de sua admiração pelo poeta. Conhece vários episódios da vida do vate amarantino. Creio que somente o médico e intelectual Tatá Almeida, que erigiu portentoso memorial em honra do imortal bardo, poderá ombrear-se com ele nessa seara de beleza e perfume literário. Em nosso último encontro, tive a honra de ter um poema de minha autoria recitado por ele. Disse-lhe que isso me valia bem mais que certas honrarias e condecorações, concedidas, às vezes, ao sabor das circunstâncias, interesses, pedidos e insinuações.