[Flávio Bittencourt]

Curucutú, o índio adolescente que morava na mata e defendia os animais

Heitor Laso Gonçalves reconta essa ecolenda.

 

 

 

 

 

 

 

 
Imagem de satélite em que se observa, em verde escuro, o maior trecho de Mata Atlântica do Interior, na província de Misiones na Argentina.
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Mata_Atl%C3%A2ntica)

 

 

 

 

 

"A Mata Atlântica já cobriu quase toda a faixa litorânea de Norte a Sul do Brasil. Hoje, o pouco que restou está protegido em parques, reservas e estações ecológicas (...)"

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Parque_Estadual_da_Serra_do_Mar)

 

 

 

 

 

 

Estes animais são uma pequena representação da fauna local, mas a foto ao fundo é verdadeira.

É um flagrante da vegetação exótica destruindo a mata nativa e a mata ciliar, 

provocando erosões e exterminando o habitat da fauna local, uma séria ameaça para a biodiversidade do Bioma Mata Atlântica.

(http://curucutu.sites.uol.com.br/sos.htm)

 

 

 

 

 

(http://curucutu.sites.uol.com.br/lenda.htm)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"A lenda teve sua origem na tribo de uma das aldeias Tupiniquis (Tupiniquins para os portugueses) que habitavam as bordas ou as escarpas da Serra de Paranapiacaba muito antes da chegada do primeiro homem branco ao planalto paulista em 1493; o náufrago português Antonio Rodrigues.

Naquela época, a região de Curucutú era farta em caça, assim como toda floresta ombrófila densa que se estendia até o litoral norte do Estado do Paraná.

A história conta que levaram muitos anos para que as tribos nômades procedentes do Mar das Antilhas (América Central) percorresse toda costa norte do país para, só então, iniciar sua aventura pela costa leste rumo ao sudeste.

Muitos historiadores afirmam que o motivo desse procura pelo Oceano Atlântico era mística, ou seja, de caráter religioso e em busca da 'Terra sem Males'. (...)" 

 

(Heitor Laso Gonçalves,

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
"Mata Atlântica
Mata Atlântica no Paraguai.

Mata Atlântica no Paraguai.
Bioma Floresta tropical
Área 102.012 km² (área original: 1.315.460 km²)
Países Argentina, Brasil e Paraguai
Ponto mais alto 2892 metros (Pico da Bandeira)
Mapa da ecorregião da Mata Atlântica definida pelo WWF. A linha amarelo escuro representa os limites dessa ecorregião. Imagem de satélite da NASA.

Mapa da ecorregião da Mata Atlântica definida pelo WWF. A linha amarelo escuro representa os limites dessa ecorregião. Imagem de satélite da NASA."

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Mata_Atl%C3%A2ntica)

 

 

 

 

 

 

  

                                OBRIGADO, HEITOR LASO GONÇALVES!

 

 

 

 

 

 

26.6.2012 - Heitor Laso Gonçalves recontou a maravilhosa ecolenda de Curucutú, o índio adolescente que morava na mata e defendia os animais - Que Curucutú impeça que a cobiça de homens perversos acabem com o que restou da devastadíssima Mata Atlântica, no Brasil. ([email protected])

 

  

 

 

 

 HEITOR LASO GONÇALVES RECONTA NARRATIVA MARAVILHOSA DA MATA ATLÂNTICA:

"Fatos históricos que justificam a lenda. 

A lenda teve sua origem na tribo de uma das aldeias Tupiniquis (Tupiniquins para os portugueses) que habitavam as bordas ou as escarpas da Serra de Paranapiacaba muito antes da chegada do primeiro homem branco ao planalto paulista em 1493; o náufrago português Antonio Rodrigues.

Naquela época, a região de Curucutú era farta em caça, assim como toda floresta ombrófila densa que se estendia até o litoral norte do Estado do Paraná.

A história conta que levaram muitos anos para que as tribos nômades procedentes do Mar das Antilhas (América Central) percorresse toda costa norte do país para, só então, iniciar sua aventura pela costa leste rumo ao sudeste.

Muitos historiadores afirmam que o motivo desse procura pelo Oceano Atlântico era mística, ou seja, de caráter religioso e em busca da "Terra sem Males". 

Entre várias etnias e sub-grupos, um deles se destacou andando na frente e se instalando ora nas serras, ora nas ilhas e planícies de restinga do litoral: os "Tupiniqui", assim chamados por outro sub-grupo de etnia Tupi: os "Tupinambá". Embora da mesma origem e com idioma muito semelhante, essas duas nações indígenas se odiavam e viviam em batalha permanente.

Tupiniqui, segundo o Professor Joubert Di Mauro significa "Tupis do outro lado" (Tupi-in-ki).

Não se sabe quando os Tupiniquis chegaram às bordas da serra litorânea de São Paulo, mas com toda certeza podemos presumir que foram os primeiros.

Seus domínios iam desde o rio Biritiba Mirim (próximo à Mogi das Cruzes) até o rio Pariquera-Açú, depois da junção do rio Iguape, de domínio dos Carijós.

 

Os Carijós, assim chamados, por serem mestiços de Charruas (ou Guaicurus do extremo sul) e de Guaranis-Paiaguás do Pantanal que haviam se estabelecido por todo litoral catarinense chegando até Cananéia em São Paulo. 

 

O Escambo

Embora os Carijós comercializassem por escambo (troca) com os Tupiniquis, não raro entravam em escaramuças pela foz do rio Iguape.

Os Tupiniquis eram exímios caçadores em Matas de Galeria, enquanto que os Carijós eram excelentes canoeiros, pescadores de arpão e armadilha marinha. Além disso produziam mandioca, milho, amendoim, abóbora, etc com mão de obra escrava (Guarani e Kaigang) nas planícies de restinga.

 

Guaianá foi outra nação indígena de etnia Tupi-Guarani que viveu em acordo com os Tupiniquis no litoral e planalto paulista, Eram seus mais recentes vizinhos no início do século  XVI.

Vindos do interior, da Bacia do Paraná, através do rio Anhemby (Tietê) se associaram estrategicamente aos Tupiniquis. Estes queriam fazer frente com mais guerreiros, a força aliada para rechaçar os Tupinambás (ou Tamoios) que freqüentemente, durante o verão, pilhavam suas hortas nos sopés da serra.  

 

Havia um outro povo vizinho ao norte, até a Serra de Guaratinguetá. Eram os Muyrá-Momis ou Guarúmomis (Povo de baixa estatura), eram também, originariamente, da Bacia do rio Paraná. Eram considerados bastante belicosos pelos Tupinambás. Mas, não se tem muito relato desse povo, nem de qualquer conflito com os Tupiniquis ou Guaianás. Sabe-se, apenas, que mais tarde, por volta de 1540 os padres jesuítas os transferiram para mais perto de Piratininga, onde hoje está o município de Guarulhos.

 

Com toda essa vizinhança em redor, os Tupiniquis viviam bem com seus visinhos Guaianás que tinham suas tabas em Ururaí (São Miguel Paulista), Inhampuâbuçú (Santo André) e Jerubatiba (Santo Amaro), mas também permaneciam de atalaia entre Buriquioca (Bertioga), Piaçaguera (Guarujá) e Tumiarú (São Vicente). Dessa forma, os Tupiniquis necessitavam criar uma lenda forte para continuar com o domínio exclusivo da caça na região das bordas do planalto (Curucutú).

 

Quando seus caçadores, desciam pelo caminho de Paranapiacaba ou quando o faziam pelo rio Embú-Guaçú, rumo a Jerubatiba, com a caça moqueada sobre os lombos (para trocar com os Carijós), geralmente apresentavam muitos cortes e arranhões sobre o corpo.

Na verdade a mata ombrófila densa é composta de matas de galerias com muitas plantas arbustivas com espinhos: jurubebas, amoras silvestres, caraguatás, ananás silvestres, outras bromélias, samambaiaçu, etc...Isso provocava sangramentos nos corpos dos caçadores.

Ao serem indagados sobre os ferimentos, os caçadores tupiniquis diziam:

Ah! foi Curucutú! Ele quase me pegou. Não fosse meu caminho secreto eu teria ficado lá para sempre. 

 

Quem era Curucutú ?

Curucutú era, segundo a lenda, um jovem índio, ainda adolescente que defendia os animais e morava na mata. Sempre que podia, afugentava a caça de seus caçadores humanos. Um dia, ao se colocar na frente de um bando de Muriquis (Mono-carvoeiro), para livrar várias fêmeas com filhotes, foi alvo de uma flechada envenenada, preparada por um pajé de uma tribo distante.

Ao cair de uma grande árvore, mergulhou morto numa lagoa. De onde saiu, imediatamente, um grande chafariz que levou seu corpo para o Sol.

Lá, Tupã reanimou seu espírito e o transformou numa criatura eterna que dia e noite vigia a mata para salvar os animais e proteger a sua vegetação.

Algumas vezes o viam cavalgando sobre uma grande anta. Outras vezes ele aparecia pulando de uma árvore para outra com uma enorme e ponteaguda zagaia.

 

Quando os raios de luz entram pela mata fechada, dizem que são seus olhos procurando caçadores ou pescadores junto aos rios.

Anda sempre com sua grande zagaia, quase duas vezes a altura dele. E a usa para cutucar os invasores da floresta. 

Começa com cutucadas leves que vão aumentando, caso o intruso não saia da área de caça, até ferimentos violentos eram desferidos que poderiam levar a morte.

Curucutú também se esconde no Sol e manda rajadas de vento e tempestade quando os caçadores ameaçam a fauna ou a flora.

 

Algumas pessoas, de hoje, juram que viram Curucutú, o Curumi que Cutuca.

 

"Entretanto se ele ainda habita os Kaapootos Tupiniquis nada pode fazer contra o Pinus Elliotti que destrói as florestas nativas.

Esse invasor que não se assusta com Curucutu é ainda é defendido por alguns homens. Àqueles que não conseguem enxergar a grande ameaça que a Praga dos Mananciais representa contra as matas ciliares, a biodiversidade das espécies e a própria água que bebemos. Isso não está acontecendo só na Serra do Mar, mas em qualquer lugar onde o Pinus é plantado próximo as florestas nativas/ 

                                                                                                                    

A coruja que nunca ninguém viu nas matas de Curucutú. 

Alguns "entendidos" dizem que Curucutú é o nome de uma Coruja com penas na cabeça, igual a chifres.

Infelizmente essa Coruja é endêmica de outra região.

É como o Dr. Jaime Vita Roso da Reserva Particular de Curucutú, que fica do outro lado do rio Embú-Guaçú diz: "Consegui trazer quase todos os animais de volta, menos a tal coruja Curucutú".

Quem não conhece a verdadeira história, diz que o nome Curucutú se deve-se ao fato que havia muita coruja no lugar. Ora, ainda há !

Então o nome deveria ser Curucututiba, Corucutuba ou Curucutuy.

Outros, se arriscam a dizer que Curucutú significa "Campos Naturais".

Ora, esses campos aos quais se referem nada mais são oriundos do estrago ocasionado pela construção do ramal ferroviário Mairinque-Santos.

A retirada desordenada e ostensiva de madeira nobre (Maçaranduba, Sibipiruna, Peroba, Carvalho, Ipê, etc.) para os dormentes da estrada de ferro, transformou-se num imenso campo com assoreamento progressivo nas nascentes do rio Branco e Branquinho (Branco da Conceição).

As provas disto são as prainhas de areia alva nas encostas dos penhascos por onde passam os rios Camburi e Branco. 

 

Garanto que antes das barbáries que o homem já cometeu com essa floresta deviam haver muitos animais mais representativos, mas muito mais do que qualquer coruja. 

Embora Curucutú não seja uma coruja qualquer, afinal, ela acabou pegando uma boa carona na história.

    Imagem:www.ranchodosgnomos.org.br

 

Heitor Laso Gonçalves

 

PS.: Lenda de Curucutú foi contada por Cayguera (em 1945), andarilho, descendente de tribos locais, com mais de 100 anos, a Modesto Laso Montero, Chanceler do Consulado Espanhol, supervisor do confinamento temporário dos imigrantes japoneses, na antiga Fazenda Curucutú que serviu (estupidamente) como Colônia Agrícola até o final da 2ª Guerra Mundial. "

 

(http://curucutu.sites.uol.com.br/lenda.htm)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 Vale da Serra do Mar retratado por Rugendas cerca de 1835:

 

 

 

http://curucutu.sites.uol.com.br/lenda.htm)