CURIOSIDADE  LITERÁRIA - IV

 

             A famosa Semana de Arte Moderna ocorreu nos dias 13 a 18 de fevereiro, de 1922 no Teatro Municipal da cidade de São Paulo. Nesse evento, alguns escritores paulistas, tendo à frente Mário de Andrade (1893-1946) e Oswald de Andrade (1890 – 1954), apresentaram um manifesto, protestando pela inovação da literatura brasileira. Pregavam o rompimento do academicismo; do conservadorismo; valorização da cultura popular no Brasil; o abandono do formalismo nas composições; a utilização de uma linguagem coloquial que se aproximasse da oral e se utilizasse temáticas nacionalistas que abordassem  a realidade cotidiana brasileira. No final, afirmavam que se inspiravam nas vanguardas européias. Algo assim um tanto incongruente, para quem dizia que nossa literatura, até então, era influenciada pela francesa.                                                     

            Mas, segundo Tristão de Ataíde (pseudônimo do escritor, crítico literário e pensador católico Alceu Amoroso de Lima), quando jovem, em Paris em 1913, foi “intimado” pelo escritor maranhense Graça Aranha (1868–1931), que ali se encontrava  para que  ele, Tristão, e seu amigo Temístocles (filho do escritor), “viéssemos para o Brasil fazer uma revolução literária, porque a literatura brasileira precisava ser renovada”. E em 1915, na cidade de Petrópolis, voltou ao assunto, falando “do marasmo em que havia caído a nossa literatura, concitando-o a atacar os velhos que se eternizavam e descobrir os novos que não ousavam aparecer, por preguiça ou timidez.” (In “República das Letras”, págs. 313/314, 3ª Ed., 1996, de Homero Senna, Editora Civilização Brasileira). Para Tristão de Ataíde, o papel de Graça Aranha no movimento de 1922 foi o de “animador”.

             Desde 1913 Graça Aranha já propunha uma sacudida na nossa literatura. E aproveitou sua passagem por São Paulo por ocasião da Semana de Arte Moderna para pronunciar sua conferência “A Emoção Estética na Arte Moderna”.

           Posteriormente, Graça Aranha fez o que já vinha pretendendo fazer: Rompeu com a  Academia Brasileira de Letras, da qual ocupava a Cadeira n° 38. Fê-lo  em plena sessão, num discurso  intitulado “Espírito Moderno”, carregado de verrina. Disse o autor de Canaã:  “A fundação da Academia  foi um equívoco e foi um erro”... “A Academia está no vácuo’’[...] “ Somos excessivamente quarenta imortais, consagração exagerada para tão pequena literatura.” E mais: “Se a Academia não se renova, morra a Academia”. ( p.104, da obra acima citada).