Cunha e Silva Filho: O legado de Rogel Samuel

[Cunha e Silva Filho -  professor e crítico literário]

Sinto muito saber sobre o falecimento do eminente mestre, professor respeita, culto, teórico produtivo em várias gêneros ( poesia ensaio, crítica literária, crônica romance, tradução, e o que mais possa). Era profundamente mergulhado na literatura e nas incansáveis leituras que fazia.

Nunca passava um dia sem escrever um texto ainda que fosse breve. Exemplo ímpar de um scholar inteiramente sintoniado com tudo que dizia respeito aos esstudos literários.

Não fui um amigo bem próximo dele, mas nos dávamos bem e acredito que gostava de mim, pois, por diversas vezes, me confessara que era leitor meu. Sempre que possível, o citei em estudos meus.

Conheci-o, bem jovem no restaurante dos estudantes da Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil (depois, chamada UFRJ), no ano de 1966. Por coincidência do destino, uma vez se sentou na mesma mesa em que eu estava. Conversamos sobre literatura e sobre professores. Ele admirava o professor Alceu Amoroso Lima, o grande pensador católico e um dos maiores criticos do Modernismo brasileiro, era mais conhecido pelo famoso pseudônimo de Tristão de Athayde.

No site Entretextos, suas crônicas eram em número incomensurável. Tinha o dom da síntese e isso é sentido claramente no seu livro mais conhecido: "Novo manual de teoria literária", publicado pela Vozes, o qual teve várias edições. Obra didática para o curso superior fundamental para os iniciantes ao cursos de Letras.

Seu romance "O amante das Amazonas" teve boa repercussão crítica e foi traduzido para o espanhol e ao inglês. É uma ficção inusitada, que me lembra um ourivessaria, uma multiplicidade de quadros humanos e um painel aluciinante do que seja a Amazônia, suas histórias, suas lutas, seus mistérios, sua paisasagem típica, suas lendas e mitos, seus personagens lendários, seu traço barroco. Pra mim, é obra rara no seu seu gênero e um dia será mais compreendida pela crítica.

Deixo aqui consignada a minha admiração por este grande estudioso, produtivo a não mais poder e amante incansável do fenômeno literário, compreendido este no seu mais alto valor e seriedade por este escritor que dignifica a literatura brasileira em todos os seus aspectos mais significativos e altaneiros. Seu passamento me deixa mais triste e abre um vazio nos estudos literários entre nós.