Consideração de Gian Danton sobre a novela O capote, de Gogol
Por Flávio Bittencourt Em: 02/05/2010, às 14H15
Consideração de Gian Danton sobre a novela O capote, de Gogol
Ivan Carlo Andrade de Oliveira, autor brasileiro de quadrinhos, prefere, em títulos de estórias e obras técnicas, ser chamado de Gian Danton, seu nome artístico.
"Biographical note
Ukrainian-born Russian writer. Although his early works, such as Evenings on a Farm Near Dikanka, were heavily influenced by his Ukrainian upbringing and identity, he wrote in Russian and his works belong to the tradition of Russian literature; often called the "father of modern Russian realism" he was one of the first Russian authors to criticize his country's way of life. The novels Taras Bul'ba (1835; 1842 [revised edition]) and Dead Souls [1842], the play The Inspector-General (1836, 1842), and the short stories Diary of a Madman, The Nose and The Overcoat [1842] are among his best known works. With their scrupulous and scathing realism, ethical criticism as well as philosophical depth, they remain some of the most important works of world literature. (...)").
Capa da tradução para o idioma português, realizada por Carlos Leite,
da biografia de N. Gogol cujo autor é V. Nabokov
(http://bibliotecariodebabel.com/criticas/anatomia-de-um-genio/,
onde se pode ler:
“(...) Antes de Gogol e Puchkin, a literatura russa era cega”, afirma-se. Em oito décimos deste livro magnífico, o que o autor de Lolita faz é uma exegese brilhante do modo como Gogol conseguiu abrir os olhos (ou, se quisermos, os horizontes) de uma língua que parecia conservada no formol do classicismo.
Mais do que nas intrigas, o verdadeiro interesse dos seus livros está nas “curvas da sintaxe” e na forma como vai criando “personagens periféricos” em “passagens que rebentam literalmente de gente miúda que irrompe aos trambolhões e se espalha por toda a página (ou que cavalga a pena de Gogol como uma bruxa a vassoura) (...)". (JOSÉ MÁRIO SILVA, do blog Bibliotecário de Babel (*) informa que se trata de resenha publicada na revista Time Out Lisboa)
(*) - SOBRE O blog BIBLIOTECÁRIO DE BABEL: "Em 2008, o Bibliotecário de Babel [responsável: José Mário Silva] foi escolhido como um dos 11 finalistas na categoria “Melhor weblog em Português” dos prémios BOBs (Best of the Blogs), promovidos pela Deutsche Welle, ao lado de oito blogues brasileiros, um moçambicano e um angolano. [José Mário Silva (nascido em Paris, em 1972, que se radicou aos dois anos de idade, com os pais, em Portugal, é biólogo português, jornalista, redator de televisão, ex-editor da revista Time Out Lisboa, autor de resenhas no suplemento Actual do semanário Expresso, colaborador permamente da revista Ler, autor de tês livros de poemas e narrativas breves, tradutor (francês-português)" (http://bibliotecariodebabel.com/sobre-o-autor/).
GIAN DANTON
foto em:
http://www.ghq.com.br/entrevistas/autoresroteiristas/gian-danton/,
onde se pode ler:
"Gian Danton é o pseudônimo do professor universitário Ivan Carlo. O Gian, além de lecionar, é escritor e roteirista de HQs. Nessa entrevista, ele fala sobre seu trabalho com HQs e, principalmente, sobre a questão da pouca valorização dos roteiristas, no Brasil. Quem quiser conhecer um pouco de suas idéias e do seu trabalho, é só acessar o blog Idéias de Jeca-tatu: http://ivancarlo.blogspot.com/ (...)".
(http://diasroteirosdehq.blogspot.com/2009/06/pagina-1-quadro-3-plano-geral-armas-pra.html)
ESTÁTUA (CRIADA POR MIKHAIL BELOV)
DO GRANDE ESCRITOR GOGOL, NA
RUA MALAYA KONYUSHENNAYA,
SÃO PETESBURGO
(http://www.saint-petersburg.com/monuments/gogol.asp)
A Gian Danton, com o abraço desta Coluna do Entre-textos,
à memória do escritor ucraniano Nikolai Gogol (1809-1852) e para
Vladimir Nabokov (1899 - 1977), in memoriam
2.5.2010 - A arte de russa de bem escrever estórias (não-classicamente), no século XIX, não nasceu de um estalo, ela foi sendo aprimorada de ato genial em ato genial - O capote, de Gogol, foi um desses atos de enorme grandeza literária. Leia, a seguir, o que Gian Danton escreveu sobre essa novela.
"(...) A obra mais genial de Gogol (...) foi escrita em 1842. Trata-se de uma novela com o singelo título de O Capote. É a história de um pobre funcionário público que, a grandes custos, conseguia comprar um novo capote e é roubado no mesmo dia em que o inaugura. Segue-se, então, uma via-crucis pela burocracia russa. Ao invés do capote, ele consegue apenas uma grande bronca de um alto funcionário, interessado em impressionar um amigo. Isso, unido a uma gripe que o pega por estar sem capote, e portanto, desprotegido do terrível frio de São Petersburgo, leva-o à morte. Seu fantasma então, passa a puxar o capote de todas as pessoas que se aventuram a sair à noite.
Como se vê, suas histórias eram simples, bobas até, como contos infantis. Nada de pretensões filosóficas ou pedantismo. Nosso escritor queria apenas contar histórias de seu país natal, o jeito de ser de sua gente, e talvez nisso resida o seu maior encanto. Suas histórias misturavam humor e tragédia naquilo que os críticos chamaram de risos entre lágrimas. Personagens como o funcionário publico de O Capote são ridicularizados, mas ao mesmo tempo, redimidos por sua humanidade.
Gogol se tornou imortal porque suas obras eram repletas de vida. Era a vida dos grandes heróis nacionais, como Taras Bulba, ou dos insignificantes funcionários públicos. Mas, apesar do sucesso, o escritor vivia entre anjos e demônios. Sempre ouvia mais as críticas do que os elogios. Quando a peça O Inspetor Geral estreou, os conservadores pediram a proibição da mesma, acusando o autor de ter caricaturado tanto o país quanto seus dirigentes. Gogol mergulhou em profunda depressão e viajou para a Europa.
Com o tempo, essas crises de depressão foram se tornando mais e mais freqüentes. No dia 11 de fevereiro de 1852, influenciado por um padre fanático, Gogol queimou todos os manuscritos da segunda parte de Almas Mortas e deitou para morrer. Não se alimentava, nem aceitava remédios. A 21 de fevereiro daquele ano, a Rússia perdeu um dos seus escritores mais queridos, o homem que abriu as portas para torná-la uma das capitais mundiais da literatura". (GIAN DANTON)
(http://www.burburinho.com/20051016.html)
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O CAPOTE, NA ÍNTEGRA,
tradução de Paulo Bezerra:
http://www.ufrgs.br/proin/versao_2/capote/index.html