Na década de 1950 a sociedade brasileira sob o impacto do projeto desenvolvimentista passou por transformações  e adquiriu uma feição urbana e abriu espaço para as renovações na área cultural. O País ganhou uma fisionomia de país moderno e São Paulo se destacou como a capital da modernização industrial. Entre 1956, ano da posse do presidente Juscelino Kubitschek, e 1964, ano da revolução militar, a produção artística e literária foi impulsionada dentro de uma realidade onde as idéias circulavam livremente, com a atuação pública de artistas e intelectuais.
           
Depois da bienal de São Paulo em 1951, a primeira exposição de arte no Brasil com repercussão internacional, com participação de artistas estrangeiros de vanguarda, começaram as primeiras iniciativas do movimento concreto no Brasil, sob a influência do artista suíço Max Bill, presente na bienal e premiado com a escultura “Unidade Tripartida”. Em 1952, surgiu em São Paulo o Grupo Ruptura liderado por Waldemar Cordeiro e em 1954 no Rio de Janeiro o Grupo Frente em torno da figura de Ivan Serpa, liderado pelo poeta Ferreira Gullar. Uma arte que adotou a concretude das linhas e dos planos, sem as ilusões representativas da perspectiva. Na literatura, os poetas na tentativa de superar a poesia tradicional, desenvolveram pesquisas sobre a visualidade das palavras e romperam com sintaxe discursiva do verso. Tinham como princípio uma poesia objetiva, exata, sintética, utilizando até recursos das artes gráficas.

Um momento significativo na vida cultural, econômica e política do País, marcado pela liberdade de expressão  e o surto da expansão industrial. O plano de metas do governo JK era modernizar o Brasil com indústrias de base e bens de consumo. Avançar “50 anos em 5”. Significava também modernizar o patrimônio cultural, re-urbanizar as cidades. -Concretismo, Brasília, Bossa Nova, Cinema Novo... Um País realmente moderno, com uma cultura urbana. Lima

O crítico de arte Mário Pedrosa que sempre foi favorável às manifestações de vanguarda, diretor do Museu de Arte Moderna da São Paulo, abriu espaço para os concretistas e em dezembro de 1956 foi realizada a 1ª Exposição Nacional de Arte Concreta. Participaram da exposição os artistas plásticos: Geraldo Barros, Aluísio Carvão, Lygia Clark, Waldemar Cordeiro, João S. Costa, Hermelindo Fiaminghi, Judith Lauand, Maurício Nogueira Lima, Rubem m. Ludolf, César Oiticica, Hélio Oiticica, Luis Sacilotto, Décio Vieira, Alfredo Volpi, Alexandre Wollner, Lothar Charoux, Lygia Pape, Amílcar de Castro, Hasmer Fejer, Franz J. Weissmann, Ivan Serpa e os poetas: Augusto e Haroldo de Campos, Décio Pignatari, Ronaldo Azeredo, Ferreira Gullar e Waldimir Dias Pino.

A revista AD – Arquitetura e Decoração, nº. 20 foi utilizada como catálogo  da mostra com textos de Waldemar Cordeiro, Décio Pignatari, Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Ferreira Gullar. Foi lançado também o nº. 3 da revista Noigandres, com o subtítulo poesia concreta. Com a pouca  repercussão  do evento nos meios intelectuais paulista, foi planejada para fevereiro do ano seguinte uma segunda exposição no Rio de Janeiro no saguão do Ministério de Educação e Cultura que contou com ampla cobertura da imprensa, principalmente do Jornal do Brasil, cujo suplemento cultural passou depois por uma reforma gráfica sob a responsabilidade do neoconcretista Amílcar de Castro. Com debates calorosos na UNE e conferência polêmica de Décio Pignatari assistida por importantes intelectuais cariocas, o concretismo se impôs como uma manifestação de vanguarda nas artes plásticas no Brasil.

Com a exposição do Rio de Janeiro veio à tona também a diferença e a polêmica entre os artistas cariocas e os paulistas. O grupo de São Paulo, liderado por Waldemar Cordeiro, se define como representantes legítimos do crecretismo no Brasil. Influenciados por Max Bill, Mondrian, Malevitch, defendem uma arte racional, gerada por um saber específico contra uma arte representacional, romântica e subjetiva, calcada em princípios teóricos, como defendia Max Bill, pretendiam ser designers de formas. Aproximando o trabalho artístico do industrial.

O grupo carioca com a designação neoconcretismo, liderado pelo poeta Ferreira Gullar reagiu à visão racionalista do concretismo paulista, e resgataram a expressão, a subjetividade e a espontaneidade. A recuperação de certo humanismo  tendo como base de apoio, os postulados fenomenológicos do filósofo francês Merleau-Ponty. Nega as atitudes cientificistas e positivistas na arte e repõe o sensorial. Em artistas como Hélio Oiticica e Ligya Clark, o espectador foi induzido a participar do próprio processo de criação da obra, afastando-se do construtivismo  em direção à outra vertente da modernidade: Dadá, Duchamp.

Com o Concretismo e o Neoconcretismo, desde a semana de 22, a arte brasileira assume uma postura definitivamente moderna. Momentos de rupturas e de esgotamento do projeto moderno no País que levou Mário Pedrosa a chamar as experiências de Oiticica e Lygia Clark, de arte “Pós-Moderna”.

Veja mais: http://www.erratica.com.br/
Concretismo no mundo: http://www.youtube.com/watch?v=-m6g2jjash8
Animação Mondrian: http://www.youtube.com/watch?v=R085NSLcDrc
Poesia de AZ:
http://concretismo.zip.net/
Almandrade:http://www.expoart.com.br/almandrade/
www.provadoartista.com.br/almandrade.html