Por aqui, os sinos estão badalando para anunciar que o Natal está chegando. A presença do Filho de Deus entre nós é já sensível, irrefutável e inequívoca.

            Por aqui, os canhões da barbaridade, os mísseis da intolerância, as metralhadoras do mercantilismo exagerado de um povo opressor não disparam seus projéteis inúteis contra eternos oprimidos, matando incautos e inocentes, numa guerra descabida, inoportuna, quixotesca, em que não haverá vencedores nem vencidos. As balas que, infelizmente, ferem e eliminam alguns irmãos são disparadas pelo descaso, pelo desrespeito dos que se dizem preocupados com o destino de nossos rumos. Mas, por aqui, contrariamente, se quisermos, haverá vencidos cada vez em menor número, enquanto multidões de vencedores surgirão no lugar deles. Aqui não há ódio recalcitrante nem mal sem cura; tensões se arrefecem com a mesma freqüência e na mesma proporção em que parecem explodir. Somos ordeiros e pacientes. Pacatos e esperançosos. Somos um povo que acredita tudo tenha solução. Por crer que o amanhã sorrirá para nós, suportamos o dia de hoje, ainda que não seja o com o qual sonhamos.

            Por aqui, a inclemência de um sol fustigante prenuncia um tempo de temperada bonança; para nós é idéia fixa acreditar que nenhum mal dura para sempre. Não há explicação racional que nos convença de que a luz deixará de estar no final de cada túnel que cruzarmos, se dentro dele ela já não estiver.  Somos assim e não vemos nenhum despautério em declararmos isso.

            Quanto mais nascem plúmbeos e acinzentados os dias, mais nos parecem bonitos; tanto mais as noites são chuvosas, mais tranqüilos e modorrentos serão nossos sonos. Entendemos que o Todo-Poderoso só nos quer bem. Por que reclamar se a natureza, em sua dinâmica divina, está cumprindo seu ciclo? Ela apenas executa os desígnios de Deus.

            Tudo tem um ciclo. Como o ano que termina e leva consigo aquilo que não conseguimos aproveitar ou que não nos foi de muita utilidade. Prateleiras limpas esperam pela chegada da nova safra. Que ela venha, pois, e farta.

2009 foi um período dos mais profícuos para todos aqueles que acreditaram na força do trabalho. As estrelas não pararam de brilhar no firmamento e se mantiveram acesas, especialmente, no céu daqueles cujas famílias se uniram para aquecer os corações uns dos outros, enchendo-os todos da mais verdadeira alegria. Estamos prontos para saudar o Deus-Menino que chega renascido.

            Aproveitemos a presença de figura tão importante para, irmanados, pedirmos ao Pai Maior que, primeiramente, nos mantenha com saúde no novo ciclo que se iniciará dentro em breve; em seguida, que faça com que nossas famílias se tornem cada vez mais unidas e, por conseguinte, fortalecidas; que nos permita alcançar as graças que merecermos e nos dê tolerância para aceitarmos as derrotas a que fizermos jus; por fim, que nos cubra  com um manto de paz e que o amor seja um bem permanente nos dias que se avizinham.

                 Tenhamos todos um Feliz Natal e um Maravilhoso Ano em 2010.

                                                Antônio Francisco Sousa – Auditor-Fiscal e escritor piauiense

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