[Flávio Bittencourt]

Como contribuir para a Tribuna da Imprensa existir

Depositei quinze reais, neste julho (era quanto eu podia).

 

 

 

 

 

"[...] Também o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), recuou e disse hoje que vai devolver o dinheiro equivalente ao custo pela utilização de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) no último dia 15 de junho. Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, o senador usou a aeronave para ir ao casamento da filha do líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), em Trancoso (BA). Ontem (4), Renan respondeu, ao ser perguntado por jornalistas, que não devolveria o valor correspondente às passagens, já que havia usado o avião para cumprir compromisso como presidente do Senado. [...]"

(Luana Lourenço e Karine Melo
Agência Brasil -

APUD TRIBUNA DA IMPRENSA)

 

 

 

O SAUDOSO "CORVO"

(EX-GOVERNADOR DO

ESTADO DA GUANABARA

CARLOS LACERDA),

antigo proprietário desse

jornal e seu fundador:

(http://direitasja.com.br/biografias/l/carlos-lacerda/)

 

 

 

Deposite sua contribuição em Loteca ou agência da Caixa Econômica, ou por doc. ou transferência. Ag. 0211 - Conta 0323-4 - Carlos Newton Leitão de Azevedo, CPF.100.101.497/91. Ou no Itaú. Ag. 6136, conta 121318-6.

 

 

Link da Tribuna: http://www.tribunadaimprensa.com.br/

 

 

"(...) Por que, então? [Ontem, em Brasília, uma pergunta não queria calar: que motivos levaram a presidente Dilma a exigir do vice-presidente Michel Temer recuar do óbvio diagnóstico envolvendo o naufrágio do plebiscito com validade  para  a reforma política  ser aplicada em 2014?] Para não dar o braço a torcer e reconhecer, com a derrota de sua sugestão, a perda do comando político que vinha exercendo?  Por temperamento? Por vaidade? Para recompor sua candidatura à reeleição, demonstrando à opinião publica que a culpa da crise é do Congresso, por não haver votado a reforma política, enquanto ela cumpre o seu dever? (...)"

[CARLOS CHAGAS,

trecho de artigo adiante transcrito,

na íntegra]

 

 

 

Jornalista Carlos Chagas,

tendo o mapa do Brasil

por detrás:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

HELIO FERNANDES,

EDITOR DA TRIBUNA,

IRMÃO DO SAUDOSO

MILLÔR:

(http://www.biografia.inf.br/helio-fernandes-jornalista.html

 

 

6.7.2013 -  Como contribuir para a Tribuna da Imprensa existir - Depositei quinze reais neste inicío de julho de 2013. (Vossa Senhoria pode ajudar esse jornal livre com mais, menos ou até com R$ 15,00 por mês, também!)  F. A. L. Bittencourt ([email protected])

 

 

 

Tribuna da Imprensa

INFORMAÇÃO & OPINIÃO

Helio

Fernandes

 

 

 

TRIBUNA DA IMPRENSA informa e solicita:

"ESTE BLOG É LIVRE.
CONTRIBUA PARA
MANTÊ-LO INDEPENDENTE."

 

"Desastrada e derrotada, Dona Dilma impede que o Mercosul defenda o presidente da Bolívia. A imagem de Obama, dilacerada pela perseguição a Snowden. A primeira eleição DIRETA do Egito durou um ano. A “ditadura provisória” quanto irá durar?

Helio Fernandes

Exatamente há 2 anos e 4 meses, o ditador Hosni Mubarak era deposto por um movimento popular que colocou a Praça Tahrir como um dos grandes endereços democráticos do mundo. Mas como a deposição, mesmo de um ditador, não vem com substituição garantida e autenticamente democrática, a Praça Tahrir continuou agitada e insatisfatória.

Há um ano, foi eleito Mohamed Morsi, tido e considerado como a continuação da Revolução. Mas não era, principalmente por causa da religião, que dominou seu governo, desagradou profundamente os que o elevaram e empossaram.

Ele ficou em situação desesperadora, apelou para o apoio dos americanos, que muito bem municiados por informações, responderam que “não ficaria nem contra nem a favor”.

Na segunda-feira, Morsi fez discurso duro e veemente: “Não renunciarei de jeito algum”. Renúncia é o que pediam seus antigos apoiadores. Na terça tentou “cativar” a oposição, propondo governo de coalizão, não recebeu nem resposta. Na quarta, renunciou, ficou pedindo que o Exército (que domina o país) “não pratique violência contra o povo”. E queria autorização para deixar o Egito livremente, sem precisar pedir asilo a outro país.

Na quinta-feira já estava preso, o Exército não atendeu seus pedidos, ou melhor, fez exatamente o contrário do que pedia.

OS MILITARES TOMAM O PODER,
FECHAM O CONGRESSO, MONTAM
GOVERNO INTERINO, TUDO É PROVISÓRIO

A democracia no Egito não durou mais do que um ano, é preciso ressaltar, registrar, ressalvar, relembrar: era a primeira eleição DIRETA de toda a História do Egito, contando desde os tempos dos faraós, 3 mil anos antes de Cristo.

Os militares, qualquer que seja o país, são IMPLACÁVEIS no poder, e ainda mais IMPLACÁVEIS para conquistá-lo. Foi o que aconteceu. Mas é preciso dizer: Mohamed Morsi, que foi carregado pelo povo da Praça Tahrir, que o elegeu e empossou entusiasmado e empolgado, no Poder era outro, inteiramente diferente. Começou prendendo e matando jornalistas, perseguiu cidadãos comuns, fez da violência a prática do dia-a-dia. A tirania era seu programa de governo.

Em um ano, fez tudo ao contrário do que se esperava, dividiu o povo da Praça Tahrir. Desde o início, foi perdendo todo o povo, facilitou a intervenção dos militares, sequiosos, que palavra, por derrubá-lo e assumir, com a cronologia que relacionei no início destas notas.

ASSUMEM, DISSOLVEM O
CONGRESSO, EMPOSSAM O
PRESIDENTE DO SUPREMO, ALIADO

O que no Brasil se chamou ou se chamaria a “solução Joaquim Barbosa” (aparentemente desejada pelo povo nas ruas, não estou endossando nada), no Egito é uma farsa completa. E com os generais no Poder, longe do povo, a Praça Tahrir está de luto, perplexa, assustada e aparentemente arrependida. Mas foi o próprio Morsi que provocou tudo isso.

Antes da derrubada, Obama deu a impressão de que poderia ter salvado a primeira eleição direta do Egito. Mas não quis arriscar, o Obama de depois da reeleição não é o mesmo de 2008, jogou fora todo o prestígio, decepção completa e total para o mundo, para ele, e finalmente, como é público e notório, para este repórter.

OBAMA PERSEGUE O CIDADÃO QUE
DENUNCIOU A GRAVAÇÃO EM MASSA,
RASGA A PRIMEIRA EMENDA

Esse é o Obama de hoje, de agora, do segundo mandato. Chamou Snowden de delator, de traidor, de tudo o que achava que podia. Snowden prestou um serviço à comunidade mundial. Delator e traidor é o próprio Obama. Deviam pedir o seu impeachment.

Snowden usou seu direito de contestar, de se expressar, de denunciar, usando a PRIMEIRA EMENDA, reverenciada e admirada pelo mundo inteiro. Além de sequestrar seu direito de falar, Obama fez tais ameaças que o jovem (29 anos) Snowden foi obrigado a sair dos EUA, o seu país, traído pelo próprio presidente, eleito e reeleito com uma pretensa e suposta esperança agora desmascarada.

O PRESIDENTE DOS EUA
IMPEDE 20 PAÍSES DE DAREM
ASILO A SNOWDEN

A perseguição de Obama a Snowden se transformou numa derrocada para a democracia do mundo. Mais do que isso, é a exibição do poderio dos EUA, sua arrogância e influência. Snowden tenta asilo em 20 países. Obama deixa bem claro que “essa concessão seria considerada uma afronta aos EUA”. E Snowden é mantido segregado, isolado e sequestrado no Aeroporto de Moscou.

Ninguém sabe como isso terminará. O cidadão Snowden não pode ficar a vida inteira num aeroporto, sequestrado por Obama pelo controle remoto.

O MÁXIMO EM DELÍRIO DE PODER: OBAMA
PRESSIONA PARA IMPEDIR AVIÃO DE MORALES
DE POUSAR, TENTA POSAR DE ESTADISTA

O presidente da Bolívia estava em Moscou para um encontro agendado com o presidente da Rússia. Obama sabia, claro, quem quebra a privacidade do mundo não ia ignorar esse fato. Como Morales é presidente de um dos países que podem dar asilo a Snowden, Obama “desconfiou” que ele sairia de Moscou no avião dele.

O presidente dos EUA começou intensa movimentação, para que o avião oficial do presidente da Bolívia não pudesse aterrissar em lugar algum. Se fosse na China, na própria Rússia ou outra potência não ocidental, Obama ficaria em silencio. Mas a Bolívia é pobre, pode tripudiar.

Os países do Mercosul já deveriam ter tomado a decisão COLETIVA de protestar, publicamente, em defesa do presidente de um país do Mercosul.

Por que não fazem esse protesto, digno e obrigatório? Porque, INDIVIDUALMENTE, o Brasil, perdão, Dona Dilma, “não quer desagradar os EUA”. A imagem dele, universal, desmanchada. A dela, pior ainda. D-E-R-R-O-T-A-D-Í-S-S-I-M-A internamente, agora é triturada também externamente.

O SILÊNCIO DOS PRESIDENCIÁVEIS
QUE NÃO ABANDONAVAM OS HOLOFOTES

Estão todos escondidos, ninguém diz nada. Como não têm a menor ideia do que está acontecendo ou irá acontecer, se refugiam dentro deles mesmos. Raramente falam com alguém pelo telefone, lembram o que está acontecendo nos EUA, onde o presidente Obama “gravou” conversas de milhões de pessoas lá mesmo ou no mundo inteiro.

Esses supostos candidatos nem sabem se seus partidos resistirão, continuarão existindo. Situação inexplicável para todos eles.

###
PS – Interrogada se seu “governo tem padrão Fifa”, a presidente respondeu imediatamente: “Não, meu governo é padrão Felipão”.

PS2 – Dona Dilma não acerta uma. Há anos, quando as ditaduras dominavam toda a América do Sul e Central, esse mesmo Felipão, agora endeusado por comentaristas vários e pela própria presidente da República, não escondia suas convicções.

PS3 – Sem que ninguém lhe perguntasse nada, Felipão afirmou publicamente: “Tenho a maior admiração pelo general Pinochet”. Esse general da “admiração” confessada por Felipão era “apenas” o ditador-perseguidor-torturador, que derrubara e assassinara o presidente eleito do Chile, Salvador Allende.

PS4 – Pinochet (como o também general torturador da Argentina, Rafael Videla) não escondia que gostava de “se divertir à noite, indo assistir torturas”.

PS5 – A única ligação de Pinochet com o esporte é que milhares e milhares de cidadãos foram torturados e mortos no belo Estádio Nacional.

PS6 – Esse estádio foi construído para a Copa do Mundo de 1962, realizada no Chile. A admiração de Felipão por Pinochet não vem da construção do estádio.

PS7 – Quem quiser assistir, AO VIVO (não é jogo de palavras e sim realidade), procure ver ou lembrar o grande filme de Costa-Gavras, “Desaparecidos”. Se passa quase todo no Estádio Nacional, belíssimo, mas na época, s-a-n-g-r-e-n-t-o.

PS8 – Felipão admirador do ditador torturador Pinochet e José Maria Marin, servidor da ditadura e do corrupto Maluf, participou das preliminares de assassinato de Herzog, O que fazer com eles?

 

Golpe militar derruba o presidente eleito do Egito

Uma trapalhada olímpica

Carlos Chagas 

Ontem, em Brasília, uma pergunta não queria calar: que motivos levaram a presidente Dilma a exigir do vice-presidente Michel Temer recuar do óbvio diagnóstico envolvendo o naufrágio   do plebiscito com validade  para  a reforma política  ser aplicada em 2014?  Ignora-se os termos  da exigência  feita pelo telefone, pois a presidente  encontrava-se  na Bahia. A experiência leva à suposição de altíssimos decibéis  cruzando a atmosfera.

O misterioso nessa história é sua motivação. Porque Dilma sabe, como o país inteiro, que o plebiscito não será aprovado para a reforma política valer ano que vem. A presidente do Tribunal Superior Eleitoral deixou claro não haver tempo, fulminando, de tabela, a essência da proposta  vaga e incompleta. Não bastassem esses argumentos, aí está o Congresso, que não se entende nem deseja a reforma política.

Por que, então? Para não dar o braço a torcer e reconhecer, com a derrota de sua sugestão, a perda do comando político que vinha exercendo?  Por temperamento? Por vaidade? Para recompor sua candidatura à reeleição, demonstrando à opinião publica que a culpa da crise é do Congresso, por não haver votado a reforma política, enquanto ela cumpre o seu dever?

Mas será dever  propor e insistir numa fantasia que só traz desgaste para o governo? E quanto a humilhar o vice-presidente da República, levando-o a desdizer um prognóstico mais do que evidente, feito horas antes?

Onde nos levará essa seqüência de erros? Sem meias palavras, essa trabalhada olímpica que só faz  atingir a autoridade dos detentores do poder?

O PSDB entrou na discussão levantando um pretexto inócuo. Disse o presidente do partido,  Aécio Neves, que tudo acontece para que o Lula volte à televisão numa suposta campanha plebiscitária. Ora, o Lula não precisa desse artifício. Basta estalar os dedos e estará em todos os canais e telinhas, pois sua imagem e seus comentários dão mais Ibope do que a novela das nove.

Parece fora de propósito supor uma armação do PT para substituir Dilma por Lula. Fosse assim e a presidente não se prestaria a esse festival de contradições, mesmo cedendo ao império das circunstâncias criado pelos companheiros. Se o ex-presidente quiser, será candidato em menos de quinze minutos, com a concordância da sucessora.

Fica então a  pergunta, por enquanto sem resposta. Do jeito que as coisas vão, nem mesmo será aprovado o plebiscito para realizar-se  ano que vem. Muito menos depois. Integrará o rol das águas passadas, em especial se deputados e senadores aprovarem ao menos parte dos projetos da reforma política.

CONTRADIÇÕES

O presidente do PT, Rui Falcão, acaba de convocar o partido para participar das manifestações e protestos de rua que daqui por diante vierem a realizar-se. Se integrados na multidão, sem camisetas identificadoras, os companheiros poderão ser absorvidos. Desde que não portem bandeiras, é claro. Nessa hipótese, continuariam a ser escorraçados. A grande contradição da proposta está em que os protestos e manifestações se fazem contra os partidos políticos, contra a autoridade pública, contra os governos. Inclusive o deles.

INVERSÕES

Quem denuncia uma traição pode ser chamado de traidor? O agredido transforma-se em agressor?

Seria cômico se não fosse trágico assistir o ex-funcionário da CIA ser perseguido pelo governo dos Estados Unidos  como se fosse um réprobo, por haver denunciado que milhares de telefonemas e comunicações eletrônicas em todo o mundo  são objeto de monitoração pelo governo de Washington.

Parece o retorno à Inquisição e às fogueiras do Santo Ofício.

 

Presidente do STF nega pedido de indenização antecipada a pensionistas da Aerus e um deles entra em greve de fome

Débora Zampier (Agência Brasil)

O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, negou recurso de aeronautas e de pensionistas que pretendiam receber indenização antecipada da União devido à má gestão do Fundo Aerus. O fundo de pensão de seguridade social atende aos funcionários das extintas companhias aéreas Varig e Transbrasil. Os pagamentos mensais chegariam a R$ 13,5 milhões em valores não atualizados.

Os aeronautas haviam conseguido decisão provisória para o recebimento dos valores antes do fim da disputa com a União, mas a medida foi suspensa pelo STF em 2010. O plenário entendeu, por maioria, que uma decisão provisória não poderia obrigar a União a pagar quantia tão significativa. Na época, os ministros disseram que era necessária ao menos uma decisão de mérito reconhecendo a dívida.

No ano passado, a 14ª Vara Federal de Brasília voltou a confirmar a execução do pagamento antecipado, mas a decisão foi suspensa por liminar do desembargador do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, Carlos Moreira Alves. Ele entendeu que a execução provisória poderia resultar “em dano irreparável ou de difícil reparação” à União.

Mais uma vez, os aeronautas e pensionistas recorreram ao STF para anular a liminar, mas o pedido foi negado hoje pelo presidente Joaquim Barbosa. Para o ministro, a legislação em vigor não permite esse tipo de manobra, pois a suspensão de liminar só deve ser usada para “prevenir grave lesão ao interesse público”, nos casos em que há “ameaça ao funcionamento do Estado, à segurança, à saúde”.

A decisão contra os beneficiários do Aerus sai no momento em que eles invadiram  a sede da entidade, cobrando solução dos conflitos judiciais mais urgentes . Um dos aposentados decidiu entrar em greve de fome chamar a atenção das autoridades envolvidas.

Além de cobrar o posicionamento divulgado hoje pelo presidente do STF, os manifestantes também pedem que o STF se pronuncie definitivamente no processo que envolve indenização da Varig por supostas perdas no período em que as tarifas aéreas foram congeladas pelo governo, entre outubro de 1985 e janeiro de 1992. O julgamento começou em 8 de maio, mas foi suspenso por pedido de vista de Barbosa.

 

Renan e Garibaldi vão ressarcir custos por usarem aviões da FAB para ir à final da Copa das Confederações

 

Luana Lourenço e Karine Melo
Agência Brasil

O ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves Filho, vai ressarcir os cofres públicos pelo uso de jatinho da FAB em viagem pessoal para assistir à final da Copa das Confederações. Garibaldi comunicou a decisão ao Palácio do Planalto na noite de hoje e disse que vai ressarcir o Erário para eliminar qualquer dúvida ou questionamento sobre o episódio. Informações sobre o valor e a data do ressarcimento serão detalhadas pelo Ministério da Previdência.

Também o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), recuou e disse hoje que vai devolver o dinheiro equivalente ao custo pela utilização de um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) no último dia 15 de junho. Segundo reportagem do jornalFolha de S.Paulo, o senador usou a aeronave para ir ao casamento da filha do líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), em Trancoso (BA). Ontem (4), Renan respondeu, ao ser perguntado por jornalistas, que não devolveria o valor correspondente às passagens, já que havia usado o avião para cumprir compromisso como presidente do Senado.

De acordo com nota divulgada pela presidência do Senado hoje (5), “o senador está recolhendo aos cofres públicos os valores – R$ 32 mil – relativos ao uso da aeronave em 15 de junho entre as cidades de Maceió, Porto Seguro e Brasília”.

O Artigo 4º do regulamento que dispõe sobre o transporte de autoridades, diz que uso de aviões da FAB é permitido para situações em que haja motivo de segurança, emergência médica, viagens de serviço e deslocamentos para o local de residência permanente. O decreto diz ainda que, “sempre que possível, a aeronave deverá ser compartilhada por mais de uma das autoridades”.

ATÉ JOAQUIM BARBOSA

Segundo o Estadão, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, também usou recursos públicos  para se deslocar ao Rio de Janeiro no final de semana de 2 de junho, quando assistiu ao jogo Brasil e Inglaterra no Maracanã. O STF diz que a viagem foi paga com a cota que os ministros têm direito, mas não divulgou o valor pago nem qualquer regulamento sobre o uso da cota.

O tribunal confirmou à reportagem do Estadão que não havia na agenda do presidente nenhum compromisso oficial no Rio de Janeiro durante o final de semana do jogo no Maracanã. Barbosa tem residência na cidade e acompanhou o jogo ao lado do filho Felipe no camarote do casal de apresentadores da TV Globo Luciano Huck e Angélica. Segundo o tribuna, apenas o ministro viajou de Brasília com as despesas pagas pelo STF.

Decano dos advogados baianos completa um centenário de vida ativa.

Advogados Edgar Silva e Saul Quadros / Foto: Angelino de Jesus Edgar e Saul Quadros, da OAB baiana

Hugo Gomes de Almeida

Alcança 100 anos de vida benfazeja o Dr. Edgar Silva — decano dos advogados da Bahia — cercado da veneração da família, da estima dos amigos, do apreço dos confrades, do respeito da comunidade.

Atinge a idade centenária cultuado por todos que admiram uma existência repleta de virtudes varonis.

Natural de Andaraí, nasceu em 20 de julho de 1913, tendo vivido muitos anos naquelas paragens da hinterlândia baiana.

Bacharel em Ciências Jurídicas exerceu o sacerdócio advocatício em diversas comarcas da Chapada Diamantina. Mesmo após a transferência do domicílio civil e profissional para Salvador, jamais esquecera os conterrâneos e a cidade que lhe serviu de berço, visitando-a várias vezes no transcurso de cada ano, lá mantendo a casa em que residira ao longo de décadas.

Em Andaraí, Dr. Edgar Silva foi contemporâneo de geração e amigo do imortal Herberto Sales, em cuja posse na Academia Brasileira de Letras se fez presente. Herberto Sales, que tanto enriquecera a literatura brasileira com obras magistrais, escreveu o romance “Cascalho” ainda em Andaraí, no verdor dos anos.

VELHOS AMIGOS

Longa é a proximidade deste articulista com a família Silva.

Desde a primeira adolescência, quando cursávamos o ginásio no Colégio 2 de Julho, tradicional educandário fundado por americanos presbiterianos na Avenida Leovigildo Filgueiras, na capital baiana, fora-nos dado o privilégio de ter, como colega de sala, um dos filhos do Dr. Edgar Silva.

Trata-se de Venceslau Silva, de quem fomos muito próximo. Figura extrovertida e magnânima. Admirável inteligência revelada desde aquele período de formação do espírito juvenil. Abraçou Venceslau Silva a carreira hipocrática, granjeando nomeada como médico-cirurgião, no campo da Urologia.

Naqueles idos em que os mestres do curso secundário cinzelavam nosso intelecto, enriquecendo-o de saber e dignidade, a filha primogênita de Dr. Edgar Silva — que se tornou a desembargadora Aidil Silva Conceição — realizava seus estudos no colégio das freiras Sacramentinas, situado na mesma artéria urbana do Colégio 2 de Julho.

Submetido que também éramos ao rígido regime disciplinar do internato, sob a égide da pedagogia americana, não nos esquecemos de, quando uma voz, ampliada por possante alto-falante, chamava Venceslau Silva à secretaria do colégio. Era o Dr. Edgar Silva, que, antes de radicar-se na Capital, lá se encontrava, vindo de Andaraí, em visita ao filho, também interno, para galardoá-lo com préstimos que somente a generosidade paterna podia proporcionar.

Foi nessa quadra da adolescência que nos sentimos despertado pelo sufrágio de admiração ao Dr. Edgar Silva. Tempos depois, oficiais — na área jurídica — de ofícios análogos, esse conceito fortalecera de expressão mais lídima ao vê-lo, profissional consagrado, tratar com a urbanidade do estilo forense os colegas que apenas se iniciavam nas árduas refregas do Direito militante. Dr. Edgar Silva, mais de ouvir do que de falar, bem posto de vestuário, elegante de maneiras, sóbrio de conduta, não vacilamos em afirmar: tem sido advogado inexcedível, nas lides do foro, ímpar no bem relacionar-se com todos os figurantes — do mais ao menos graduado — do servente ao procurador de Justiça ou desembargador.

GRANDE PRESTÍGIO

Como coroamento de vida paradigmática de zelo advocatício, soma Dr. Edgar Silva prestígio acentuado, tanto no âmbito forense quanto nos meios sociais e políticos. Havendo renunciado à militância política, sabe elevar-se acima de quaisquer questiúnculas partidárias. Exercita confiável imparcialidade. Sua palavra comedida, referta de bom-senso, soa alvo de reverências e ungida de respeitabilidade. Seus conselhos, lastreados de iluminado descortino, afiguram-se preciosos.

Além de muito admirá-lo, sempre tivemos o Dr. Edgar Silva na mais acrisolada estima.

Residimos quase duas décadas no mesmo condomínio de apartamentos. Encontrávamo-nos quase que diariamente. Vimo-lo atender, com invariável solicitude, a curiosidade dos mais jovens sobre temática diversa, sobre os companheiros de jornada estudantil no segundo quartel do séc. XX, sobre os costumes da época, sobre os contratempos mais íngremes no exercício da advocacia e sobre as lutas em que se envolvera na militância política. Não fosse advogado de rara habilidade, sem nunca perder a compostura, preservando incólume a conduta austera, revelou-se, ademais, em todos os momentos, cidadão primorosamente educado.

Não há negar que a intemerata trajetória de vida do decano dos advogados baianos muito tem contribuído para o aprimoramento do corpo societário. Legou filhos e netos insuperáveis. Por fazer-se dotado de tão retos apanágios, sua importância pedagógica cresce nesses tempos hodiernos. É um homem, cuja admiração dos amigos atinge culminâncias à medida que conseguem conhecer-lhe a opulência diversificada de méritos pessoais.

Que Deus o proteja — com o jorro de infinitas bênçãos — jovem Dr. Edgar Silva! Que não pare de disseminar seu escorreito exemplo de vida, que seu talento prossiga resplandecente, que jamais esmoreça sua fibra indômita, que mantenha intacta a crença na força do Direito, que continue paladino de causas justas, que se mantenha guardião dos mais genuínos valores edificantes de uma sociedade democrática, menos desigual, inspirada em sadios preceitos éticos!

 

 

Até que a morte os separe, politicamente

Paulo Luiz Mendonça

No nosso país temos, a grosso modo, dois grupos de eleitores. O primeiro grupo são aqueles eleitores que se preocupam com a política, sem interesse particular, mas em função do interesse coletivo. Para votar, procuram saber as origens dos candidatos, as propostas, e principalmente o passado, para saber se sua ficha está limpa. Infelizmente, são minoria.

O segundo grupo, infelizmente maioria, são aqueles que casam com um partido ou com um político, fazendo votos de até que a morte nos separe. Existem vários exemplos para esta afirmação. Durante minha vida conheci getulistas ferrenhos, janistas apaixonados, ademaristas enlouquecidos, coloristas cheios de fé, malufistas deslumbrados com o rouba, mas faz, e ultimamente temos os lulistas ou petistas, não importa os nomes.

Toda essa euforia continua até que a morte os separe. Mesmo quando é provado o envolvimento em corrupção destes mencionados, a fidelidade continuará até o túmulo. Sendo assim, podemos confiar nestes eleitores para escolher alguém decente para cargos público? A resposta é não. E enquanto este tipo de eleitor for maioria no Brasil, não teremos nunca um resultado satisfatório.

.

Inflação: já mandaram a conta dos protestos para o povão

Altamir Tojal (Esse Mundo Possível)

A rebelião dos brasileiros é vitoriosa. Não interessa se vai durar mais um dia ou um ano. Ela surgiu numa grande explosão, como uma estrela, sem pedir licença, e vai se apagar também como uma estrela, também sem pedir licença. Não deve satisfação.

O Brasil já mudou para melhor. A sociedade não está mais calada e os que estão no poder estão tendo de ouvir e mostrar serviço. Esta é a grande conquista da rebelião. O desafio agora é resistir ao retrocesso.

Surpreendido no começo, o poder aposta no controle da rebelião e no retrocesso. Quer nomear lideranças para poder capturá-las. Lança manobras diversionistas, como pactos, constituinte e plebiscito. E executa a operação mais cruel e covarde: mandar a conta da rebelião para o povo na forma de inflação.

Depois de dez anos de governança ruim, de corrupção generalizada e de privilégios bilionários por conta do Tesouro, dilapidando a estabilidade econômica conquistada pela sociedade, o governo insinua agora que a inflação é o preço a pagar para reduzir tarifas e humanizar os serviços públicos.

Querem usar a rebelião como desculpa para as dificuldades econômicas que produziram. Que tratem de roubar menos, de cortar privilégios e de governar sem desperdícios. Este é o corte de gastos que têm de fazer. É assim que se controla o déficit público e se combate a inflação sem mandar a conta para o povo.

A queixa das massas: ‘Você abusou, tirou partido de mim, abusou’

Acílio Lara Resende (O Tempo)

Desde as primeiras manifestações de rua, e mesmo ciente de que há nelas uma minoria de radicais (na direita e na esquerda), de aproveitadores, de bandidos ou trombadinhas, não me sai da cabeça a letra de uma das canções preferidas do grande Toquinho. De autoria de Antônio Carlos e Jocafi, a composição, de 1971, alcançou enorme sucesso. Foi gravada em vários países e, na França, ganhou o nome de “Fais comme l’Oiseau” e se tornou o hino do Partido Socialista. O compositor Michel Fogain foi o responsável pela sua versão (fala-se que, depois, de má-fé, a registrou em seu nome…): “Você abusou, tirou partido de mim, abusou”. E não é isso o que vêm fazendo, ao longo de anos, com o sofrido povo brasileiro, os nossos “adoráveis” políticos?

A presidente Dilma e o copresidente Lula, em primeiro lugar; o Congresso Nacional, em segundo; os governadores e as assembleias legislativas, em terceiro; e, por fim, os prefeitos e as Câmaras municipais, em quarto, são, em sua maioria, os responsáveis pelos maus-tratos de que tem sido vítima o povo brasileiro. Deixaram de lado a ideia de governo pelo povo e para o povo. Querem nos tutelar. São nossos representantes, eleitos por nós, mas pretendem ser, na verdade, nossos tutores e, como tal, tirar proveito dessa humilhante condição.

Seríamos injustos se não incluíssemos, no rol acima, o Poder Judiciário, em todas as suas esferas, como culpado também por essa insatisfação geral. E nem se precisa descer a detalhes, pois sua morosidade, além de injustificáveis privilégios, já explicaria sua inclusão.

PERDIDA NO TIROTEIO

E quem, leitor, terá sido o conselheiro da presidente quando ela, perdida em meio ao tiroteio de manifestações procedentes e justas, compareceu à televisão para nos dizer que as ruas precisavam de resposta urgente. Anunciou-nos, então, em reunião com governadores e prefeitos, cinco pactos: responsabilidade fiscal, reforma política, saúde, educação, transporte público e mobilidade urbana. E “propôs” ao Congresso Nacional, simplesmente, uma “constituinte exclusiva”. Uma excrescência jurídica! E governadores e prefeitos voltaram às suas bases infelizes, decepcionados e certos de que serviram, apenas, de bois de presépio: o que anunciava a presidente dependia só deles. Um desastre!

Com os burros n’água, a presidente, provavelmente aconselhada pelo seu marqueteiro, guru e vidente João Santana, “propôs” ao Congresso um plebiscito (medida de competência privativa do Poder Legislativo) sobre a tão propalada reforma política: fim da suplência de senador e do voto secreto, manutenção das coligações partidárias, forma de financiamento de campanha e sistema político. Outro desastre!

Não foi a reforma política, porém, que levou (e levará) o povo às ruas. Um plebiscito, agora, para quê? Para demonizar mais ainda o Congresso Nacional? Ou para, enfim, botar em prática algumas das inconfessáveis pretensões autoritárias do PT? Como confiar, leitor, num plebiscito sugerido por um governo que, até outro dia, tudo fez para aprovar, na Câmara, um projeto de lei casuístico, cuja única finalidade é impedir, por não lhe interessar, a criação da Rede Sustentabilidade?

“O preço da liberdade é a eterna vigilância!”

Valha-nos, Deus!

A morte da solidariedade

Mauro Santayana

Brayan,  menino de cinco anos, está abraçado à mãe. O pai, o tio e outros moradores da casa se encontram submetidos a um bando de assaltantes, armados de facas, dois deles  com armas de fogo. Assustado, o menino chora,  para que não matem a mãe, jovem boliviana de 24 anos. O pai,  de 28, desespera-se, mas está sob o cano de um revólver. Os assaltantes já recolheram o dinheiro da família, querem mais. O menino implora, não quer morrer. O assaltante ameaça: se não calar, vai ser degolado. O menino grita ainda mais alto o seu desespero – e leva um tiro na cabeça.

No passado os crimes de latrocínio, muito raros, tinham como vítimas as pessoas ricas ou de classe média alta. E era inimaginável que matassem crianças, como Brayan. Ocorriam com mais freqüência os furtos, em que se destacavam os batedores de carteira, com sua agilidade nos dedos, capazes de tirar o dinheiro dos bolsos alheios sem dificuldade. E os “vigaristas”, que exploravam a boa fé (e a má fé, também) dos desavisados, com estórias bem elaboradas para lhes tomar o que pudessem.
 
Hoje, os vigaristas contam outros contos, principalmente usando a internet, além da conhecida manobra dos falsos sequestros, em que, por telefone, fingem-se parentes e pedem dinheiro para dar aos ”sequestradores”. Já agora, o que predomina é a violência dos assaltos à mão armada e  sequestros relâmpagos, muitos deles com a morte brutal das vítimas  – quase sempre comandados dos presídios.
ANTIGAMENTE…
Os pobres raramente furtavam dos pobres. O que predominava entre os trabalhadores, em seus subúrbios e nas favelas, era a solidariedade. Um pai de família desempregado podia contar com os amigos, que se revezavam para que seus filhos não passassem fome. Quando alguém adoecia, podia estar certo da ajuda e da assistência dos companheiros.
 
Nas favelas e nos subúrbios, a ordem é a do medo, com os moradores submetidos aos chefes locais do tráfico e aterrorizados pelos “milicianos” e pelas batidas policiais. E há pobres que exploram os ainda mais pobres, e os matam, sem a mínima compaixão.
 
A relativa prosperidade do Brasil tem atraído trabalhadores dos países vizinhos, entre eles, a Bolívia. Infelizmente, chegando ao país de forma irregular, não têm trabalho legal, submetem-se à necessária clandestinidade, e se tornam vítimas de máfias. Geralmente se endividam para a viagem, e os credores quase sempre são seus próprios compatriotas,  que aqui continuam a explorar o seu trabalho semi-escravo.
 
O poder público se ausenta da sorte desses imigrantes, que têm todo o direito a buscar o espaço de sua sobrevivência. E à família de Brayan – além da indiferença, até agora, de seu consulado – não foi prestada qualquer assistência moral.

Livre pensar é só pensar (Millôr Fernandes)

Dilma Rousseff e a perigosa arte de pôr bodes na sala

Sandra Starling

Muitos, em algum dia, já ouviram esta história. Era uma vez uma família que vivia apertada em uma casa minúscula. Seguiram, então, a recomendação de um sábio: “Coloquem um bode na sala”. A vida ficou de tal forma insuportável que retornaram ao sábio para se queixar e esse prontamente recomendou a retirada do bode. Livres do transtorno, pararam de reclamar do desconforto da casa e até festejaram.

Pior que demorar a resolver crise é a tentativa de enganar, colocando bodes na sala. E a presidente anda conseguindo fazer isso. Esse é o caso da rapidez com que foi anunciada e descartada a proposta de constituinte exclusiva, que no dia seguinte já era substituída por um plebiscito para a reforma política. E isso sem sequer saber do TSE se haveria viabilidade para realizá-lo, a tempo de as novas regras valerem para 2014. Ou como realizar a discussão popular de temas complexos como voto proporcional ou majoritário. Se o povo optar pelo voto distrital, quem decidirá sobre o perímetro dos distritos?

Vale lembrar que Obama não tem hoje maioria na Câmara dos Deputados porque Assembleias estaduais dominadas pelos republicanos mudaram, em cima da hora, as fronteiras dos distritos em vários Estados. O que deve constar no plebiscito vira um tormento e assim a culpa vai sendo repartida com vários atores e levando à disputa entre plebiscito e referendo, quando a reforma política poderia ter se realizado antes se tivesse havido empenho sincero da presidente em relação a esse seriíssimo tema.

CAOS NA SAÚDE

E a falta de médicos? Quase à unanimidade, os estudiosos de gestão da saúde pública mostram que o problema está nas péssimas condições de atendimento ao público. Aceitemos que faltam profissionais. Qual dessas questões tem de ser resolvida primeiramente? Se o Congresso Nacional derrubasse o veto aposto pela presidente à vinculação de recursos da União para a saúde, poderia de imediato haver dinheiro! Disso, porém, ninguém fala. Mais um bode que o governo põe na sala: fica todo mundo discutindo se busca ou não médicos em Portugal, na Bolívia ou em Cuba.

E o uso de royalties do pré-sal para resolver os problemas da educação? Como crer nessa outra balela? Na semana passada, o TCU concluiu auditoria prevendo riscos de toda ordem para a própria exploração do pré-sal. E o Renan ainda quer fazer disso a fonte também para o passe livre para estudantes… Enquanto o óleo não jorra, seria bom que a presidente sugerisse a prefeitos e governadores abrirem a caixa preta dos lucros dos cartéis dos ônibus e os custos dos novos estádios de futebol. Dilma Rousseff consegue fazer todo mundo (desorientado como ela) discutir fumaça.

Mas o que está me deixando mais preocupada é que nessa perigosa prestidigitação volta a haver espaço para o confronto entre partidários da “cura gay” e os que lutam pelo direito individual de ser diferente. Quando religião se mistura à política, aí, sim, tudo pode ficar sem saída para ninguém.

Quando a chefia do Estado se confunde com a chefia do Governo, o resultado é negativo

Percival Puggina 

Quando Dilma levou a inesquecível vaia de dois minutos na abertura da Copa das Confederações, Joseph Blatter, ao seu lado, falou ao microfone: “Onde está a educação?”, ou coisa que o valha. Posteriormente, a imprensa mundial registrou o fato nessa mesma linha.

O que o suíço Blatter e a imprensa europeia desconhecem é que a surpreendente vaia dirigida à presidente tem causa institucional. De fato, na maioria dos países civilizados, as funções de chefia de Estado e de chefia de Governo são ocupadas por pessoas distintas. Por quê? Porque são funções distintas, mesmo, e a fusão de ambas numa só autoridade política gera as instabilidades que se observam periodicamente na vida nacional há mais de um século. Aliás, as vaias proporcionadas nos estádios, embora muito audíveis e visíveis, são as menos significativas dentre elas.

Dilma estava lá como chefe de Estado. Como representante da Nação. Como símbolo da nacionalidade. Representava-a num nível especialíssimo, como a Bandeira, o Hino e o Escudo. Por ser assim, os povos dos países que separam a chefia de Estado da chefia de governo jamais vaiam o chefe de Estado, seja rei ou presidente. Quando há motivos para entoá-las, as vaias são dirigidas ao chefe do governo. É ele que vai para o xingamento, para a vaia, e para os objetos lançados pelos mais exaltados. E jamais se mete a abrir um jogo de futebol. Quem faz isso é o presidente da República ou, nas monarquias, o rei. É da natureza do governante, com as ações que adota, causar agrados e desagrados. O chefe de Estado, diferentemente, exerce função essencial, moderadora e de última instância, atuando acima das vicissitudes do cotidiano.

Infelizmente, quando pensamos nos problemas nacionais, como agora, com as propostas que surgem para a reforma política, essa fundamental distinção jamais entra na pauta. É porque não compreendemos a natureza desse vício institucional brasileiro que as muitas microrreformas já realizadas se revelaram ineficientes em relação aos fins almejados.

Charge do Duke

Charge O Tempo 04/07

Em tempo de crise, os conselhos dos clássicos da literatura

Murilo Rocha 

Para o professor e crítico norte-americano Harold Bloom, os clássicos da literatura sempre têm muito a nos ensinar. “Sem perceber, frequentemente, lemos em busca de mentes mais originais do que a nossa”, responde Bloom à pergunta proposta por ele mesmo: “Como e por que ler?” Um Hamlet, por exemplo, encerraria mais questões sobre a complexidade das relações humanas do que a maioria dos tratados de filosofia dos últimos cem anos. A Shakespeare, inclusive, o crítico confere o nada modesto título de inventor do homem moderno.

Dentro da lógica de Bloom, uma imersão nos livros, em meio ao turbilhão de informações, opiniões e teses replicadas nas redes sociais, é sempre necessária para tentar enxergar com mais clareza alguns acontecimentos e não reivindicar um ineditismo histórico, quando na verdade pode-se estar incorrendo no mais batido lugar-comum.

“O Leopardo”, de Lampedusa, por exemplo, pode ser lido como uma alegoria – e também um alerta – às respostas dadas pela classe política brasileira até agora aos protestos nas ruas por todo o país. Na obra do escritor italiano, ambientada na segunda metade do século XIX, uma nobreza decadente tenta se reorganizar diante da força de uma nova classe emergente sedenta por mudanças na Itália.

Acuada e sem saída, parte dessa aristocracia faz concessões aos liberais na esperança de ainda manter privilégios. O livro, apesar de escrito pela óptica de um homem de “sangue azul”, traz uma reflexão sobre até onde as reformas políticas propostas de cima para baixo atendem realmente ao desejo de mudança – e não só de reforma – da população. “Algo deve mudar para que tudo continue como está”. A famosa sentença do príncipe de Falconeri, dada aos seus iguais como saída da crise instalada nos principados italianos diante da revolução liberal, poderia ser uma frase dita anteontem pelo presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB), durante uma reunião de líderes.

SENTIMENTO COMUM

O “Germinal”, de Émile Zola, também se faz obrigatório dentro de uma “bibliografia de obras clássicas em momentos de crise”. Uma das inúmeras lições extraídas do livro, um marco na literatura mundial pelo estilo realista ao descrever a vida miserável dos trabalhadores de uma mina de carvão no norte da França, é o sentimento comum plantado entre os manifestantes depois de uma longa e trágica greve.

Apesar do fim do movimento grevista e da conquista de poucos direitos, foi moldada na luta dos operários uma consciência sobre a possibilidade de mudança. Não à toa, Zola deu à sua obra o título de “Germinal”, nome do primeiro mês da primavera no calendário da Revolução Francesa.

Caberia ainda nesta lista uma série de outros clássicos da literatura, como “Vinhas da Ira”, de Steinbeck, ou “Almas Mortas”, de Gogol. Este último não trata de um momento de confronto nem de luta social, mas ilustra um cenário de corrupção proporcionado pelas brechas de um poder público apodrecido. (transcrito de O Tempo)"

(http://www.tribunadaimprensa.com.br/)

 

 

===

 

 

Tribuna da Imprensa

INFORMAÇÃO & OPINIÃO

Helio

Fernandes

 

 

Deposite sua contribuição em Loteca ou agência da Caixa Econômica, ou por doc. ou transferência. Ag. 0211 - Conta 0323-4 - Carlos Newton Leitão de Azevedo, CPF.100.101.497/91. Ou no Itaú. Ag. 6136, conta 121318-6.

Link da Tribuna: http://www.tribunadaimprensa.com.br/