CUNHA E SILVAFILHO

                     

 

                     Meus estimado amigo, V. afirmou tudo de forma clara e convincente, até ricamente fundamentado nas duas principais vertentes político-ideológicas, ambas nocivas à continuação da espécie humana: a Direita fascista e a Esquerda cavilosa e assassina (basta, entre outros, o exemplo do stalinismo).

                    Tudo bem: quero registrar aqui o meu sentimento de profunda aversão e repúdio à direta - cancro sanguinolento do fazer histórico pela supressão de vidas. Entretanto, não podemos esquecer de que a esquerda, ou melhor, a práxis do comunismo ( não os princípios do marxismo autêntico) não fica atrás na sua selvageria e no seu repugnante modus operandi de governar os povos, a começar dando apoio bélico a países cujos autocratas têm perpetrado os mais infames assassínios da contemporaneidade. Haja vista o emblemático apoio bélico dado pela Rússia ao genocida Bashar Al-Assad.

                    Outra coisa a considerar: tanto a direita perversa e covarde quanto a esquerda abolem aquilo que é mais caro ao espírito dos homens : o amordaçamento do livre pensamento. Só isto é suficiente para abalar qualquer tentativa de viver humanamente, quer dizer, sem ter liberdade de ir e vir, sem ter liberdade de pensar, de escrever, de divergir etc. Independência e pensamento dialético seriam impossíveis à bem-aventurança na sociedade humana.

                   Se o Brasil fosse governado discricionariamente, ou por regimes de força, como foi na ditadura militar-civil de 1964 a 1985 e em outros tempos sombrios da ditadura varguista (Estado Novo), por exemplo, não estaríamos aqui com liberdade de falar, escrever, opinar, contraditar, argumentar, xingar mandatários, juízes, instituições governamentais etc. como, repito, estamos fazendo agora., pois a censura desses governos de exceção nos obstaria a tudo isso e ainda nos mandaria para a masmorra, ou mesmo para o pelotão de fuzilamento, esquadrões da morte, ou outras práticas hediondas de ceifar sem julgamentos e conformidades legais, vidas e esperanças de felicidade.

                   Estes são, entre outros a que aqui não desejo me estender, os motivos mais candentes para que eu abomine tanto o Fascismo quanto o Comunismo.