Sérgio Rodrigues

Devo à conjunção de um espelho e uma enciclopédia o descobrimento de Uqbar.

A primeira frase de “Tlön, Uqbar, Orbis Tertius”, o primeiro conto da coletânea “O jardim de caminhos que se bifurcam”, lançada em 1941, resume Jorge Luis Borges. Ou pelo menos o Borges dos labirintos, da erudição absurda, lúdica e ardilosa, dos tempos paralelos – tudo aquilo que daria origem ao borgianismo. O livro ganhou três anos depois o acréscimo de outros contos fundamentais, entre eles “Funes, o memorioso”, e o nome de “Ficções”. O melhor título do escritor argentino, na minha opinião. (Cito aqui a tradução que consta das “Obras completas”, editora Globo, 1998, mas com uma liberdade: no título do livro, prefiro “caminhos” a “veredas”, que pode até ser uma tradução mais precisa do original senderos, mas soa meio pesado.)