[Flávio Bittencourt]

Cinco dias de Vasconcelos

Escolhidos a dedo, dos diários inéditos do escritor Francisco Vasconcelos.

 

 

 

 

  

 

 

 

onde se pode ler:

Foto: Rita de Cássia Trzaskos [JOAQUIM TÁVORA, ESTADO DO PARANÁ, BRASIL]
Vacas após ordenha. Vacas holandesas e mestiças em pastagem de estrela adubada após a ordenha da tarde. Fazenda da Capela. Norte Pioneiro do Paraná".

 

 

 

 

"He [O SENHOR MAX YASGUR (1919 - 1973), o maior produtor de leite-de-vaca do Condado de Sullivan, Nordeste dos Estados Unidos, Costa Leste] became the father image for Woodstock and its patron saint

 

(http://www.woodstockpreservation.org/PastPresent/MaxTribute.html)

 

 

 

 

 

Woodstock-poster-sml.jpg

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"(...) [DE] 15 a 18 de agosto de 1969

[ACONTECEU, NA FAZENDA DE GADO DO

SR. MAX YASGUR, O FABULOSO FESTIVAL

DE WOODSTOCK] (...)

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Festival_de_Woodstock)

 

 

 

 

 

"O NOME DO CÉLEBRE  FESTIVAL DE WOODSTOCK DEVERIA SER

FESTIVAL DE  BETHEL"

(COLUNA "Recontando estórias do domínio público")

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O "FESTIVAL DE WOODSTOCK" FOI, NA VERDADE, O FESTIVAL DE BETHEL:

VISÃO AÉREA DO WOODSTOCK MUSIC & ART FAIR ou, simplesmente, FESTIVAL DE WOODSTOCK, que aconteceu, entre 15 e 18.8.1969, na fazenda de 600 acres de Max Yasgur, na cidade rural de Bethel - que fica a uma hora e meia da pequena cidade de Woodstock -, Estado de Nova Iorque, EUA

(SÓ A FOTO, SEM A LEGENDA ACIMA REDIGIDA:

http://madnesspop.blogspot.com/2010/04/confirmado-woodstock-acontece-no-brasil.html;

fonte da "dica" sobre Bethel: http://pt.wikipedia.org/wiki/Festival_de_Woodstock)

  

  

 

 

 

[painatal_com_08032006nos_de_gravata.jpg] 

(http://dropsazulaniss.blogspot.com/2008_06_01_archive.html)

 

 

 

 

(http://rapidshare.tretas.eu/category/f/)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

(http://www.notasdecine.es/597/criticas/critica-3-dias/)

 

 

 

 

 

"Woodstock - 3 Dias de Paz, Amor e Música (1970)
Woodstock (original title)

184 min  -  Documentary | History | Music   -  26 March 1970 (USA) (...)

 

The film chronicle of the legendary 1969 music festival.

Director:

Michael Wadleigh

(http://www.imdb.com/title/tt0066580/)

 

 

 

 

 

Soundtracks - Woodstock Soundtrack
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

VÁRIOS ARTISTAS:

WOODSTOCK: TRÊS DIAS DE PAZ E MÚSICA OST ('OST' = ORIGINAL SOUNDTRACK AND MORE -

TRILHA SONORA ORIGINAL E MAIS)

(DISCO DO TIPO LP [LONG PLAY ALBUM], hoje chamado de DISCO DE VINYL, GRANDE)

GRAVAÇÃO: WOODSTOCK, ESTADO DE NOVA IORQUE, EUA, 1969

EDIÇÃO MUSICAL: 1970

 

 

"Various Artists: Woodstock : Three Days Of Peace And  Music OST

Original Release Date: 1970

John Sebastian - i had a dream
Canned Heat - going up the country
Stage Announcements
Richie Havens - freedom
Country Joe & The Fish - rock & soul music
Arlo Guthrie - coming into los angeles
Sha-Na-Na - at the hop

Country Joe McDonald & The Fish - cheer & i-feel-like-i'm-fixin'-to-die rag
Joan Baez - drug store truck drivin' man
Joan Baez - joe hill
Stage Announcements
Crosby, Stills & Nash - suite: judy blue eyes
Crosby, Stills, Nash & Young - sea of madness

Crosby, Stills, Nash & Young - wooden ships
The Who - we're not gonna take it (from "tommy")
Stage Announcements
Joe Cocker - with a little help from my friends
Rainstorm, crows sounds, announcements, general hysteria

Crowd Rain Chant
Santana - soul sacrifice
Stage Announcements
Ten Years After - i'm going home

Jeffersen Airplane - volunteers
Max Yasgur - sly & the family stone - Medley: Dance to the Music, Music Lover & I Want to Take You Higher
John B Sebastian - rainbows all over your blues

Butterfield Blues Band - love march
Jimi Hendrix - star spangled banner
Jimi Hendrix -Purple Haze & Instrumental Solo

(REPRODUÇÃO DA IMAGEM DA CAPA: http://www.coverbrowser.com/covers/soundtracks/17)

 

 

 

 

 MAESTRO TOM JOBIM

 

 

 

 

 

 

 

"Se Francisco Vasconcelos escolhe o Entre-textos para divulgar, pela primeira vez, escritos de seu baú de preciosas anotações diárias é porque, possivelmente, valoriza esse autor, nascido na cidade de Coari, no Estado do Amazonas, as práticas de crítica, pensamento - parcialmente visual, como exercício semiótico-sistemático, pelos menos em cada "abertura de matéria", no caso desta "Recontando..." - e literatura (em várias colunas), por aqui também diariamente exercidas"

Coluna "Recontando estórias do domínio público"

 

 

 

 

 

"A disseminação do uso de álcool e drogas é, certamente, o maior flagelo sofrido pela humanidade nos últimos 50 anos. O número de mortos que estas práticas produziram supera as estatísticas de qualquer conflito bélico que a história tenha registrado, sobretudo porque os males não se limitam aos usuários, mas atingem vítimas inocentes. (...)"

(RAUL DE MELLO FRANCO JÚNIOR, TRECHO INICIAL DE ARTIGO ADIANTE TRANSCRITO NA ÍNTEGRA, estando a razão da presente citação vinculada ao fato de F. Vasconcelos referir-se, nomeadamente, à substância tabagística cujo comércio, no Brasil, é ilegal, denominada MACONHA [cannabis sativa], acrescentando-se que, evidentemente, esse autor - Francisco Vasconcelos - mostra-se, em seu texto literário, francamente CONTRA O USO DA MESMA por "maconhadictos" (o neologismo é nosso), ou seja, por viciados em diamba) 

 

 

 

 

 

JOBIM, A AREIA DO ARPOADOR (IPANEMA, RIO, BRASIL), A PRAIA DO LEBLON, O MORRO DOIS IRMÃOS, O HOTEL SHERATON (VIDIGAL, PRÉDIO BRANCO), O MORRO DO VIDIGAL (COMUNIDADE, QUE ANTIGAMENTE SE CHAMAVA FAVELA) E, AO FUNDO, A PEDRA DA GÁVEA


 

 

 

 





 

 

 

 

 

john sebastian woodstock photo
 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"John Sebastian On Stage at Woodstock 1969. Credit Henry Diltz/Michael Lang

The Woodstock-era environmentalists set the stage for the green movement today. These green visionaries have kept up a vocal attack, approaching heavy-hitting topics like global warming, population growth, renewable energy and nature conservation. (...)

[O TEXTO COMPLETO E DEMAIS FOTOS ESTÃO FINAL REPRODUZIDOS]                                   

 

 

 

 

 

 

 

                                     QUANDO SÃO HOMENAGEADAS AS VÍTIMAS DA

                                     GUERRA DE GUERRILHAS, CIVIL/URBANA, QUE

                                     HOJE TOMBAM NAS ENCOSTAS DOS MORROS E

                                     NO ASFALTO DE UMA CIDADE QUE JÁ FOI ABSOLUTAMENTE

                                     MARAVILHOSA - no tempo de Tom Jobim e Vinicius de Moraes -,

                                     ONDE SE IMAGINA QUE PESSOAS PODEROSAS TALVEZ PARTICIPEM

                                     DOS LUCROS FINANCEIROS AUFERIDOS EM PRÁTICAS CRIMINOSAS

                                     COMO A DO COMÉRCIO DE ESTUPEFACIENTES (drogas) E A EXPLORAÇÃO

                                     DE "MÁQUINAS DE CAÇA-NÍQUEL" (em inglês, slot machines),

                                     ALÉM DE OUTRAS FONTES DE RENDA ILEGAL E

                                     MORTES EM SÉRIE DE SERES INOCENTES,

                                     exigindo-se intervenção federal imediata, uma vez que o Pavilhão Nacional

                                     não pode tremular em territórios ocupados pelo inimigo interno,                       

                                     constituído por

                                     comerciantes, informais e homicidas, que vendem produtos derivados das 

                                     plantas denominadas CANNABIS SATIVA (hemp) e COCA (do

                                     quichua kuka)sendo esta última a                

                                     matéria-prima vegetal plantada, colhida e em parte beneficiada

                                     fora do Brasil E PRESTANDO-SE TRIBUTO DE SAUDADE À MEMÓRIA DO

                                     FAZENDEIRO ESTADUNIDENTE 

                                     MAX YASGUR (1919 -  1973), descendente de imigrantes israelitas que

                                     foi o maior produtor de leite-de-vaca do Condado de Sullivan,

                                     Estado de Nova Iorque, Estados Unidos da América [SUA FAZENDA

                                     CHEGOU A TER 650 CABEÇAS-DE-GADO]

                                                                         

                                    

 

 

 

25.11.2010 - Por que Vasconcelos escolheu, de seu diário, os dias oito de dezembro de noventa e quatro, vinte e um de setembro desse mesmo ano, três de dezembro de noventa e sete, treze de fevereiro de noventa e oito e vinte oito de julho de noventa e nove e não, por exemplo, os dias 6, 7, 8, 9 e 10 de junho de 1996? - A escolha deve ter sido predominantemente afetiva (ainda não fiz essa pergunta ao grande escritor amazonense), pelos fatos narrados - e não pela qualidade dos pequenos-grandes textos, uma vez que a regularidade desse diário inédito, grandioso e impressionante, em termos literários, é evidente -. pois a prosa privilegiada de Vasconcelos tem pendor afetivo-conteudístico, sem prejuízo da elegância do estilo, que não se perde na vacuidade de certos formalismos que escapam de qualquer controle do autor do texto (não é o caso da escritura vasconceliana, como, de resto, a seguir se poderá, logo desde o início, facilmente constatar).  F. A. L. Bittencourt ([email protected])

 

 

 

OBSERVAÇÃO TEMPESTIVA:

A COCA ACIMA REFERIDA (ilegal)

NÃO É A FOLHA (VERDE)

A SEGUIR CITADA, ainda que a

planta-matéria-prima seja a mesma!

 

 

 

 

"Chá de Coca

Posted: Noviembre 7, 2008 by svach in Idiomas, Svach
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susy-coca
Todas as manhãs, bebo um chá de coca no escritório, e acho engraçado que alguns me olham com preconceito por bebê-lo. As pessoas ainda não entendem a diferença entre ingerir um chá e inalar cocaína. Logicamente, se eu me submetesse a um exame sanguíneo, encontrariam vestígios de coca, mas em quantidade tão mínima que não seria suficiente para modificar minha conduta.

São mundialmente conhecidos os benefícios de consumir o chá de coca: energizante, antiestresante, uma maravilha, e disso já sabiam nossos antepassados incas. Até agora em alguns lugares da serra peruana, a folha de coca é mastigada pelos camponeses (se chama chacchar) e não por isso são adictos".

(http://svach.wordpress.com/2008/11/07/cha-de-coca/)

 

 

 

 

"DROGAS: O IMPORTANTE É NÃO EXPERIMENTAR, ALÉM DE JAMAIS INGERI-LAS! "

(exceção, um exemplo: entorpecentes ministrados por médicos, em caso de enfrentamento

de situações de dores lancinantes [morfina e outras substâncias medicamentosas], no tratamento

de combate ao câncer)

COLUNA "Recontando..."

 

 

 

 

 

 

CINCO DIAS DE VASCONCELOS

(O título CINCO DIAS DE VASCONCELOS "é nosso", mas os cinco dias são do próprio Vasconcelos)      

  

 

                                                         Francisco Vasconcelos

                     

"08/12/94

Morre, nos Estados Unidos, Antônio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim. Perde, assim, o Brasil o seu maior TOM. Tom Jobim, tantas e inúmeras vezes nosso alento, na suavidade das músicas que compunha. Quantas vezes não nos deu ele o TOM certo dos encontros de amigos, todos cantarolando ou batucando os seus divinos sons? E há quanto tempo isso  vem acontecendo? Nos tempos ominosos da desdita, suas “águas de março”, na maviosa voz de Elis Regina, lavavam nossos corações e nos deixavam  mais leves do jugo do arbítrio.  Ah, Tom, se “todos fossem iguais a você”. É, meu poeta, “é o fim do caminho”. Fim? Nada disso. Talvez “o fim da ladeira”. Agora, Tom, és “uma ave no céu”, um regato, uma fonte. És muito mais, Antônio Brasileiro. És a “luz da manhã”, “promessa de vida” que se inicia gloriosa nos páramos do azul. E tua “garota de Ipanema", agora e sempre mais nossa do que tua, não deixará jamais que esqueçamos que também somos brasileiros, ou cariocas, porque ninguém mais brasileiro  que os cariocas. É, Tom, som maior de todos nós.É isso aí. Mas “chega de  saudades”...

 

                                               .........................................................................................

 

21/09/94

Há tantos anos em Brasília, não me lembro de            antes ter sentido, como sinto agora, a festiva aproximação da primavera. Talvez, é quase certo, por não haver experimentado a causticante sauna que este ano nos aflige. A umidade, segundo os comentários, esteve ao nível  de dez por cento e, para alguns, até menos. As narinas ressecam, o ar se torna rarefeito e o mal-estar predomina, levando todos a constantes queixumes.

Pela manhã saímos a caminhar e, irresistivelmente bela, a “minha árvore” – uma  espécie do cerrado que, lamentavelmente, não consegui ainda identificar –, vestindo-se  de policrômica roupagem, me chama a atenção. Quanta beleza! Entre um verde palhas e outros tons, com predominância de um ciclâmen  quase nacarado, “minha árvore”, inteira e bela, é um irrecusável convite à reflexão. “Vê como o mundo é belo”, digo à minha companheira de longas caminhadas pela vida. E o mundo, naquele instante de sol e de estesia, parece que inteiro se concentra na minha faceira árvore. Mas logo vejo que não é só ela que está assim, transmudada e coquete. As outras árvores vizinhas também oferecem alteração na ressequida paisagem do cerrado.  Aqui bem mais perto de onde moro, ratificando o convite, um garboso guapuruvu espalha no céu e no chão seus farelos de ouro, alcatifando-nos o caminho. E que dizer do flamejante flaboyant que, explodindo em vermelho, se debruça sobe a minha janela? Quanta festa, meu Deus! E como sou feliz por ter olhos de ver tanta beleza.

                                      

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03/12/97

 

O ELEVADOR ERA PRIVATIVO

Apanho, como de costume, o elevador “privativo”, e mal o ascensorista aciona os  botões, às pressas, entra humilde cidadão, possivelmente servidor público, sem qualquer graduação na hierarquia funcional.

            — Desculpem-me —  diz ele, após olhar para mim, mais precisamente para minha gravata e para o “botton” que trago pregado na lapela, indicador de certa posição hierárquica – sei que não estou no lugar certo. Mas é que tenho muita pressa, arrematou, agora já  olhando nos meus olhos.

            Diante da constrangedora posição daquele efêmero companheiro de “viagem” que, diga-se de passagem, foi de curtíssima duração, apenas alguns segundos, disse-lhe mais ou menos o seguinte: Meu amigo, você já pensou no que é o nosso planeta terra? Nada mais que pequena nave solta no espaço. E não estamos, todos, ocupando-a? Dela, todos nós somos passageiros. Que diferença, portanto, se estamos dentro ou fora deste elevador? Assim, se alguém o criticar e disser que este não é o seu lugar, nada diga. Cale-se. É que os homens, nem sempre podendo regulamentar a ocupação da terra, regulamentam a de um  elevador como este, pouco mais de  um metro quadrado, se tanto...

                                      

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13/02/98

                                   QUEM SOPRARÁ A ZARABATANA?

            De  Manaus, por intermédio do jornalista Arlindo Porto, me chega a notícia do falecimento do grande amigo, Dr. Carlos de Araújo Lima. “Apagou-se o luzeiro”, ocorreu-me dizer na oportunidade. Na verdade, poucos homens, pelo menos dos que conheço, reúnem condições de despertar-me essa imagem (...)

            Apagou-se, sim, aquela  luz. Pelo menos para nossos olhos físicos, por certo, para os incrédulos do eterno. Para mim, particularmente, dificilmente me escaparão à sensibilidade os lampejos daquela chama viva, sempre ardente, a clarear caminhos e a indicar seguras caminhadas nas trilhas sempre incertas e perigosas da vida. Na sua aparente passividade, e tendo a seu alcance, a qualquer hora, a sempre presença de Dona Ruth, companheira de mais de seis décadas, sempre atenta e prestimosa, Doutor Carlos, como o chamávamos, agia. Agia no pensar. Agia no ter  idéias. Nesse particular, bem poucos são os que poderão imitá-lo. Assim fora, por exemplo, na campanha por ele encetada ultimamente em defesa de sua amada Amazônia. Ah! Com que entusiasmo falava do assunto. E que vibração experimentava sua alma! Guardo, com  redobrado carinho, os brilhantes artigos que escreveu e publicou sobre a matéria. Aqueles e outros, inúmeros. Neles, em todos, presente, sempre, o ideal da Justiça e o primado do Direito, vividos no seu dia-a-dia,  postulados que  foram de toda a sua vida.

            Perdemos, sim, e muito, com sua ausência. No caso de nossa Amazônia, quem, com o mesmo afã,  empunhará o   tacape? Quem soprará a zarabatana?                

        

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28/07/99

A GRAVATA

            1969. Há trinta anos, portanto. Em Nova York, na localidade denominada Woodstock, uma fazenda, se não me engano, cerca de meio milhão de jovens se reúnem para celebrar o que diziam ser a era do Flower Power (o poder da flor), vibrando, intensamente, sob os sentimentos de paz e amor. Eram os  hippies. Na mente e no coração daquela gente, a irreverência comandando não apenas os gestos, mas em tudo, o próprio modo de ser. E  tudo indicava também que era expressa a intenção de chocar, de agredir e de enfrentar a mentalidade predominante dos que, indiferentes à paz tão desejada, faziam a guerra. O Vietnã, aquele inferno, era o exemplo maior.

            No ambiente familiar, igualmente  em cada gesto e a todo instante, a revolta se fazia presente. Os pais? Quem eram os pais? Não vinha deles, de sua acomodada geração, tudo o que de mal havia? Não vinha deles a repressão, na continuada tentativa de preservar, a qualquer custo, valores há muito desgastados? Parados no tempo, sequer se apercebiam de que os tempos eram outros, bem outros. Que se danassem os pais!

            Lembro-me de velho amigo, colega de trabalho, já saído dos cinqüenta, às voltas com as irreverentes atitudes de um de seus filhos, dezoito anos, se tanto, extremamente sensível aos problemas do lar – que os havia, sem dúvida – assim como às dores do mundo, marcado, então, por sangrentas e dolorosas feridas. O Vietnã, volto a referir-me a ele, era, então, a que mais doía.

            “Não sei o que faça”, dizia-me o amigo, logo confidenciando a difícil situação por que passava, ele e a esposa, diante do estranho e indesejável comportamento do filho. E o pior é que já eram visíveis os terríveis efeitos da droga, não sabia qual, quase certo a maconha, hábito que lhe ficara desde a sua estada em São Francisco, à época, o paraíso de quantos se davam às psicodélicas “viagens” pelo mundo do inconsciente.

            “Conversa com ele”, dizia-me o amigo, admitindo que a  relativa proximidade entre nossas idades poderia ensejar algum entendimento. Quem sabe?

            Certo dia, no nosso local de trabalho, deu-se o esperado encontro. Sentados no sofá, o jovem “rebelde” e eu conversávamos, enquanto meu sofrido amigo, manuseando um processo e outro, nos ouvia atentamente, visivelmente ansioso por também participar da conversa, ou por emitir sua opinião sobre o que falávamos. E foi assim que, inesperadamente, interveio:

            –— Tudo bem, meu filho. Aceito tudo isso de que você está falando. Mas não posso admitir esse seu modo de ser...esse cabelo...sua roupa.

            Meu jovem interlocutor fez pequena pausa e, olhando fixamente o pai, disparou impiedosamente:

            — Pai, não tolero a sua gravata.. Mas nunca lhe disse que não gosto de sua gravata...

            Sim, a gravata era um símbolo. Era e ainda é. Decorridos nada mais que trinta anos, quantos daqueles jovens nelas também se enforcaram, exatamente como faziam seus pais?" (FRANCISCO VASCONCELOS) 

 

 

 

 

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ESTADOS UNIDOS:

COSTA LESTE

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Nova Iorque [ESTADO DOS EUA, NÃO CONFUNDIR COM A CIDADE DE NOVA IORQUE, QUE DELE FAZ PARTE] e as outras Treze Colônias (vermelho); terras cedidas ao Reino Unido pela França em 1763 (rosa) e parte do que viria ser território estadunidense em 1783.".

http://pt.wikipedia.org/wiki/Nova_Iorque_(estado)

 

 

 

 

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"Where Are They Now: 10 Green Visionaries from the Woodstock Era

by Emma Grady, New York, NY  on 08.10.09
Culture & Celebrity
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john sebastian woodstock photo
John Sebastian On Stage at Woodstock 1969. Credit Henry Diltz/Michael Lang

The Woodstock-era environmentalists set the stage for the green movement today. These green visionaries have kept up a vocal attack, approaching heavy-hitting topics like global warming, population growth, renewable energy and nature conservation. From American Entomologist Paul R. Ehrlich, who published The Population Bomb in 1968 to James Lovelock, best known for the Gaia hypothesis, find out who is living on a tugboat in California and who is now writing for TreeHugger in Where are they now: 10 Green Visionaries from the Woodstock Era. Plus, read more of our Woodstock 40th anniversary tribute here.

 

1. James Lovelock: Gaia Theorists' year 2100 Forecast

james lovelock woodstock era image Gaia Theorist James Lovelock. Credit Bruno Comby Creative Commons

James Lovelock, the originator of the Gaia Hypothesis theory that all complex interacting systems making up the planet can be viewed as one organism, has worked on atmospheric chlorofluorocarbons and is an advocate of nuclear power. Today Lovelock lives in Cornwall, England, works out of his barn-turned-laboratory, and rallies for nuclear power, believing only it can halt global warming. He believes the situation is dire, and that 90% of the human population will be killed off by 2100 due to the effect of rising temperatures.

2. Paul R. Ehrlich: Still Too Many People

Paul Ehrlich green visionaries image Paul Ehrlich ponders population. Credit James D. Wilson/Getty Images

American entomologist Paul Ralph Ehrlich's love for the butterfly propelled him to fame in 1968 with the book The Population Bomb. Today, Ehrlich can be found at Stanford University where he is the Bing Professor of Population Studies in the department of Biological Sciences. Ehrlich still believes that overpopulation is a major environmental crisis and that technological advances will not save the planet. Yale Environment 360 takes a deeper look in Too Many People, 
Too Much Consumption.

3. Frances Moore Lappé: Diet for a Growing Planet

Francis Moore Lappé green visionaries image Francis Moore Lappé at Be the Change. Credit Be The Change

Social activist, Frances Moore Lappé published Diet for a Small Planet, which presented revolutionary ideas on the mass consumption of food and encouraged and set the groundwork for vegetarianism in 1971, and has since become a three-million-copy bestseller still relevant today. She continues to write, with her most recent book in 2007, Getting a Grip: Clarity, Creativity and Courage in a World Gone Mad, and was recently interviewed by her son Anthony Lappé, a NY-based journalist and producer, for New York Magazine. Lappé also founded The Small Planet Institute in 2001 in pursuit of living democracy.

4. Ralph Nader: The Consumer Advocate

Ralph Nader green visionaries image Ralph Nader in Waterbury, CT October 2008. Credit Sage Ross / Creative Commons Attribution-Share Alike

Political activist Ralph Nader made news as a potential presidential candidate in 1972 when he was offered the opportunity to run for the New Party. Using commerce-based climate solutions as a political lever, Nader was ahead of the curve, and dedicated to educating the public on ecology, specifically the contamination levels in the United States' rivers, lakes and waterways in these years. As a four-time candidate for the presidency, including 1996 and 2000 for the Green Party, Nader has stayed in the news with the 2008 presidential election. Today Nader, in his mid-seventies, continues to be a consumer advocate and appeared before the House Judiciary Committee on Capitol Hill May 21, 2009 to testify on the auto industry's effect on bankruptcy in the US.

5. Jane Goodall: Founded Youth Group Roots & Shoots

jane goodall green visionaries image Jane Goodall in the natural environment. Credit Animal Planet

English Conservationist and Anthropologist Dr. Jane Goodall has been known since the Woodstock days for her work with chimpanzees in Gombe Stream National Park, Tanzania. Goodall continued on to found the Jane Goodall Institute, along with the Roots & Shoots Youth Group, and became a UN Messenger of Peace. Today Jane Goodall is in her mid-seventies, and suffers from prosopagnosia, a neurological condition which impairs the recognition of human faces. She has an upcoming appearance at WILD9, the World Wilderness Congress (WWC), this year on November 6, where she will give the keynote address.


 

Discover More Green Visionaries from the Woodstock Era on Page 2


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(http://www.treehugger.com/files/2009/08/where-are-they-now-10-green-visionaries-from-the-woodstock-era.php)

 

 

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6. David Suzuki: Fights Greenwashing Politicians

David Suzuki green visionaries image David Suzuki with Rick Mercer. Credit Globe and Mail

David Suzuki, avid climate change activist, accomplished zoologist, and biologist, rose to environmental fame in the 1970s. His science show on CBC Television, "The Nature of Things," has been seen in over 40 countries. He has authored 43 books, encourages green living with his Nature Challenge, and founded the David Suzuki Foundation, which helps promote sustainable fishing and renewable energy. Today Suzuki, in his early seventies, lives in Vancouver and continues to fight greenwashing politicians and recently sat down with TreeHugger Radio.

7. E.O. Wilson: Professor at Harvard University

E. O. Wilson green visionaries treehugger image E.O. Wilson at Yale University, October 2007.Credit: Creative Commons

Two-time Pulitzer prize winner Edward Osborne (E.O.) Wilson, an American biologist, conservationist, author, and the "father of biophilia", the idea that humans have an innate love for nature, has been an active environmentalist since the 1960s. E.O. Wilson developed the idea for the Encyclopedia of Life in 2003 as a way of chronicling all of the world's species, Wikipedia-style. TreeHugger got a chance to speak with him at the Goldman Environmental Prize ceremony at the Smithsonian in Washington, D.C. this year. At the age of 80, Wilson is Pellegrino University Research Professor in Entomology for the Department of Organismic and Evolutionary Biology at Harvard University. Wilson is also a Fellow of the Committee for Skeptical Inquiry and is a Humanist Laureate of the International Academy of Humanism.

8. Stewart Brand: Speaks at TED

stewart brand ted at state image Stewart Brand Speaks at TED@State. Credit David Friedlander

Stewart Brand, author, editor, and creator of the “Whole Earth Catalog", published between 1968-1972, as well as the forthcoming, "Whole Earth Discipline" writes, "We are as gods and might as well get good at it." This statement resonated in his recent presentation at TED@State, a one-day mini-conference sponsored by the US State Department, and organized by TED. Brand outlined his plan on how to save the world from a global environmental and societal meltdown. When he's not speaking at TED, Brand can be found on his tugboat in Sausalito, California where he lives with his wife. According to The New York Times, out of his deceased Woodstock-Era pals, he wishes he could see activist Abbie Hoffman again.

9. Denis Hayes: The Earth Day Hero

denis hayes green visionaries image Denis Hayes pictured while director of the Solar Energy Research Institute. Credit: Public domain

Leading environmental activist and solar power enthusiast, Denis Hayes coordinated the first Earth Day in 1970 and has kept its tradition alive as the international chairman for Earth Day's anniversaries in 1990 and in 2000. Earth Day is a major holiday at TreeHugger and it won our Best of Green award for Best Green Event this year. Today, Earth Day is celebrated in more than 180 countries and Hayes continues to chair the board at Earth Day Network.

 

10. Lester R. Brown: President of Earth Policy Institute, TreeHugger Writer

lester brown green visionaries image Earth Policy Institute Lester R. Brown. Credit Rebecca Harms

American environmentalist Lester R. Brown founded the Worldwatch Institute in 1974 and for 26 years held the position of president. Now Brown is the founder and president of Earth Policy Institute, an organization "dedicated to building a sustainable future," and has been described by The Washington Post as "one of the world's most influential thinkers." His most recent book Plan B 3.0: Mobilizing to Save Civilization, addresses his vision for an environmentally sustainable economy. Today Brown is in his mid-seventies, resides in Washington, D.C., and when not penning a book (he has authored/co-authored over 50) he can be found writing for TreeHugger on topics from The Oil Intensity Of Food to A Warming World Means More Destructive Storms.

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(http://www.treehugger.com/files/2009/08/where-are-they-now-10-green-visionaries-from-the-woodstock-era.php?page=2)

 

 

 

 

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PORTAL BOL - Notícias

(COM NOTÍCIAS DA

FOLHA DE SÃO PAULO)

 

"Brasil

Em 5º dia de ataques, Rio soma 27 mortos e 45 veículos queimados

25/11/2010 - 07h00 - da Folha.com

DO RIO

O quinto dia de ataques criminosos no Estado do Rio de Janeiro inicia com um balanço geral de 27 mortos e 45 veículos incendiados, nove deles apenas entre as 20h da noite de quarta-feira (24) e o início da madrugada de hoje.

Das 19 mortes registradas somente nesta quarta-feira, quatro ocorreram durante ação do Bope na Vila Cruzeiro (zona norte do Rio), considerada o principal reduto de traficantes na cidade. Entre essas vítimas está Rosângela Barbosa Alves, 14, morta por um tiro nas costas durante a incursão da tropa de elite da PM.

O hospital Getúlio Vargas, na Penha, recebeu vários moradores feridos, como Valdete Carvalho, 33, que levou um tiro na barriga.

O tiroteio deixou presas em uma escola da favela duas diretoras e sete alunos --os pais não conseguiam subir para buscar as crianças. Só após as 18h os responsáveis chegaram até o local e todos saíram.

Nas 13 operações realizadas na quarta, que abrangeram 28 favelas, 15 pessoas morreram no confronto com a polícia.

Ataques a veículos

Os ataques de criminosos a veículos se intensificaram na noite de quarta e madrugada de quinta-feira. Dois carros queimados no início da madrugada de hoje elevaram para 45 o número de automóveis incendiados desde o domingo (21).

Um deles foi incendiado na rua Farani, em Botafogo (zona sul), onde três suspeitos foram detidos e levados para averiguação no 5º Distrito Policial (Centro).

O outro automóvel foi queimado na avenida Ayrton Senna, na Barra da Tijuca (zona oeste).

No fim da noite de quarta, por volta das 23h40, criminosos balearam o motorista de um ônibus e atearam fogo no veículo que passava pela avenida Brasil, na altura de Cordovil, zona norte do Rio. O homem foi levado para o hospital estadual Getúlio Vargas, na Penha. Ninguém foi preso.

Em Mesquita, na Baixada Fluminense, outro ônibus foi incendiado na avenida Presidente Costa e Silva, no bairro de Edson Passos.

Por volta das 2h desta quinta-feira outro grupo de bandidos tentou parar mais um ônibus para incendiá-lo na avenida Brasil, na altura do Complexo da Maré (zona norte). Policiais Militares flagraram a ação e conseguiram evitar o novo ataque. Houve troca de tiros e os criminosos conseguiram fugir. Não há informação de feridos.

No Fonseca, em Niterói (Região Metropolitana), os bandidos queimaram um modelo Citroen. Ninguém se feriu. Bombeiros controlaram as chamas.

Na zona norte do Rio, bandidos atearam fogo a uma van na avenida Martin Luther King, próximo ao shopping Nova América, em Del Castilho. O local é perto da cabine da PM atacada na segunda-feira (24).

Na avenida Dom Hélder Câmara, um caminhão foi incendiado na altura do número 1.790, em frente à favela do Jacarezinho. Os bombeiros só conseguiram chegar ao local para apagar as chamas depois que cessou um tiroteio que ocorria, na mesma hora, entre traficantes e policiais militares.

Perto dali, no Sampaio, um Honda Civic foi incendiado na saída do túnel Noel Rosa, que liga o bairro à Vila Isabel. Segundo a PM, os bandidos emparelharam, mandaram que os ocupantes do carro descessem e depois atearam fogo.

De acordo com a polícia, os bandidos do Jacarezinho tentaram fechar o viaduto que liga o túnel Noel Rosa ao Jacaré. Na maior parte da zona norte e da Baixada Fluminense, muitas lojas fecharam as portas mais cedo com medo de ataques de bandidos.

Na Tijuca, um Corsa prateado foi queimado na rua Félix da Cunha, embaixo do morro da Chacrinha. Segundo testemunhas, o veículo foi incendiado por cerca de dez menores que saíram do morro, quebraram a janela do motorista, jogaram gasolina e atearam fogo no carro, que estava vazio. O dono do automóvel, um professor de caratê, dava aula em uma academia e foi avisado, mas quando chegou já o encontrou em chamas.

Também na Tijuca, policiais prenderam Hugo Leonardo de Souza Oliveira, 23, que havia tentado atear fogo em um Fox preto, no Largo da Segunda-Feira.

Em um caso durante a tarde, uma van que transportava 14 pessoas foi incendiada por dois homens antes que os passageiros deixassem o veículo. Quatro pessoas tiveram queimaduras leves.

Em outro, um ônibus incendiado em Vicente de Carvalho (zona Norte), foi achado um bilhete: "Se continuarem as UPPs, não vai ter Copa e nem Olimpíada".

Onze suspeitos são detidos

Até as 2h, onze suspeitos foram detidos no início da madrugada desta quinta-feira no Rio de Janeiro com gasolina que, segundo a Polícia Militar, seria usada para incendiar mais veículos.

Na rua Visconde de Santa Isabel, em Vila Isabel (zona norte), quatro suspeitos --três deles adolescentes-- foram detidos por policiais militares do Batalhão de Choque, que apreenderam uma pistola e gasolina.

Segundo a PM, os presos, moradores do morro dos Macacos já se preparavam para incendiar um veículo, atendendo a uma ordem do traficante Leandro Nunes Botelho, conhecido como Scooby.

Leandro teria fugido do Macacos para a Rocinha (zona sul), após uma ocupação recente, visando à instalação de uma UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) --cuja inauguração está marcada para a próxima terça-feira.

Macacos e Rocinha são dominadas pela mesma facção, ADA (Amigos dos Amigos), o que reforça a hipótese de aliança com os rivais do CV (Comando Vermelho), pois ambas têm realizados os mesmos tipos de ataque, sempre contra policiais ou pessoas comuns, não se atacando.

O combustível e os suspeitos foram levados para a 20ªDP (Vila Isabel), onde o carro foi registrado.

Mais cedo, outros quatro suspeitos foram presos com garrafas pet e isqueiros perto da Linha Amarela, na altura da Cidade de Deus (zona oeste) foram detidos por policiais militares do 18º Batalhão (Jacarepaguá). O caso foi registrado na 32ª DP (Taquara), para onde os quatro foram levados. Segundo a polícia, um deles seria menor de idade".

(http://noticias.bol.uol.com.br/brasil/2010/11/25/em-5-dia-de-ataques-rio-soma-27-mortos-e-45-veiculos-queimados.jhtm)

 

 

 

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AGORA São Paulo online

Brasil
 
 
 
 
 
24/11/2010

"Rio investiga união de facções para ataques

Folha de S.Paulo

RIO - Os serviços de inteligência da polícia do Rio capturaram conversas entre traficantes de duas facções criminosas articulando uma eventual mega-ação de confronto para o próximo sábado, dia 27, segundo a reportagem apurou.

O policiamento nas ruas foi reforçado, com os agentes colocados em estado de alerta, e operações foram deflagradas ontem em 18 favelas para impedir que o confronto ocorra.

Durante a madrugada, dois homens foram presos e dois adolescentes apreendidos com bombas caseiras em Copacabana, na zona sul.

Nas conversas entre traficantes interceptadas pela polícia aparecem sugestões de atirar contra as sedes dos governos estadual e municipal e lançar explosivos em áreas de grande aglomeração como shopping centers na zona sul e pontos de ônibus.

Foram cogitadas por integrantes das facções criminosas o planejamento de ações para atingir diretamente familiares do governador Sérgio Cabral Filho (PMDB).

No último fim de semana, segundo informações obtidas pelo serviço de inteligência, um grupo de traficantes da Rocinha, do círculo próximo a Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, chefe do tráfico no morro da zona sul e maior liderança da facção criminosa ADA (Amigo dos Amigos), pernoitou no Complexo do Alemão, na zona norte do Rio, principal área de atuação do Comando Vermelho.

Esses traficantes acertaram com Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, e Fabiano Atanazio da Silva, o FB, lideranças do Complexo do Alemão e da Vila Cruzeiro, respectivamente, uma ação conjunta que visa confrontar o governo.

"Temos percebido que pode haver a ligação entre o CV e a ADA", admitiu ontem José Mariano Beltrame, secretário de Segurança. O governo do Rio rastreia conversas sobre reações do tráfico às chamadas UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) com mais intensidade desde agosto".

(http://www.agora.uol.com.br/brasil/ult10102u835200.shtml)

 

 

 

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ROMA NEGÓCIOS online

(COM INFORMAÇÕES DIVULGADAS

PELO PORTAL G1 PONTO GLOBO)

 

Notícias do Brasil - Edição por Rosa Araújo - Sáb. 28 de agosto de 2010 11:05

Quem é Nem, o chefe do tráfico na Rocinha

Como vive o chefe do tráfico de drogas cuja captura seria a maior vitória na luta para pacificar o Rio de Janeiro

Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem da Rocinha, deixou de ser só mais um personagem da crônica policial carioca na manhã do sábado (21), quando o bairro de São Conrado despertou ao som dos tiros de fuzil disparados por bandidos vestidos de preto e ostentando colares de ouro no peito. Às 8h30 da manhã, cerca de 60 homens armados, entre eles Nem, enfrentaram a polícia. Na confusão, dez deles invadiram o Hotel Intercontinental e fizeram 35 reféns por três horas. As imagens do tiroteio, captadas por moradores dos prédios vizinhos, foram mostradas em vários países. Em poucas horas Nem passaria a ser visto como o inimigo número um da imagem de paz que o Rio vem lapidando nos últimos anos. Para uma cidade que tem celebrado o sucesso da política de pacificação das favelas, e que sediará as Olimpíadas, não foi uma boa propaganda.

A operação acabou com “apenas” uma morte: a de uma suposta tesoureira do tráfico, cujo corpo foi deixado no asfalto para a polícia recolher. Por alguns minutos, Nem chegou a ser enquadrado pela arma de um policial, mas fugiu por dentro de um condomínio em direção ao morro. Na véspera, ele havia saído com um grupo de amigos e amigas para uma festa no morro vizinho, o Vidigal. Poucas horas depois, Nem se tornaria o símbolo daquilo que pode haver de pior no Rio de Janeiro: a sensação de insegurança.

Há cinco anos Nem é o líder do tráfico na Rocinha, a maior favela brasileira, com mais de 120 mil habitantes. Incrustada num dos metros quadrados mais caros do Rio de Janeiro, com vista para o mar e montanhas, a Rocinha é um desafio para a estratégia do governo fluminense de reocupar os morros dominados pelo tráfico na cidade. Contra o sucesso das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), a Rocinha oferece duas armas. Uma é seu gigantismo. Seriam necessários quase 2 mil policiais para controlá-la. A segunda arma é o próprio Nem e o sucesso de sua “gestão” do crime no morro.

O inimigo número um do Rio entrou para o tráfico por acaso. No início da década, uma das filhas de Nem teve um grave problema de saúde e precisou de tratamento. Sem dinheiro, ele, que não era traficante, recorreu ao então dono das bocas de fumo, Lulu, e pediu R$ 50 mil. Mesmo assustado com a quantia, Lulu ficou sensibilizado com o drama da menina, que tinha 10 anos. Estendeu a mão a Nem, que prometeu quitar a dívida fazendo favores para o tráfico. “O Lulu morreu, o Bem-te-vi assumiu o tráfico e o Nem nunca conseguiu pagar o que devia”, diz a deputada federal Marina Magessi, que fez escutas com autorização judicial no telefone de Nem por dois anos, quando era detetive no Rio.

Nem gosta de ostentar e já alugou um helicóptero para uma de suas três mulheres conhecer a cidade do alto

Com a morte de Bem-te-vi, em 2005, Nem assumiu o tráfico e seguiu a mesma estratégia assistencialista de Lulu: ajudar os moradores para conseguir aliados. Desde então, se tornou o principal distribuidor de drogas da Zona Sul da cidade. Cadernos de sua contabilidade apreendidos pela polícia mostram que ele fatura R$ 680 mil mensais com a venda de drogas só na Rocinha. Ele também controla o comércio no Morro de São Carlos e na Cruzada São Sebastião, conjunto habitacional popular encravado no sofisticado bairro do Leblon. De acordo com o delegado e chefe da Polícia Civil, Allan Turnowski, a venda de cocaína na Rocinha e no São Carlos gerou R$ 96 milhões em dois anos. O faturamento é quatro vezes o de dez anos atrás.

Para continuar crescendo, Nem profissionalizou o tráfico. Confiou suas finanças a um estudante de graduação em matemática, Saulo de Sá Silva, de 32 anos, já preso. Ele ainda cooptou ex-policiais para treinar seus 17 seguranças e garantir informantes. Um deles, Carlos Henrique Pereira Januário, foi preso no ano passado por repassar informações ao traficante. E, para lavar o dinheiro do tráfico, Nem criou pelo menos quatro empresas em nome de laranjas.

Como fatura alto, Nem ostenta. Em 21 de dezembro de 2007, ele alugou um helicóptero para que uma de suas três mulheres desse uma volta sobre o Rio de Janeiro. Numa cena extravagante, o helicóptero pousou numa garagem de ônibus perto da favela, onde Danúbia de Souza Rangel, então com 25 anos, subiu a bordo exibindo um cordão de ouro com um pingente com a letra “N”. As fotos do passeio foram postadas na conta dela no Orkut. Para a polícia, o próprio Nem estaria também no helicóptero. Em março deste ano, policiais invadiram uma das casas do bandido na Rocinha. Encontraram uma TV de LCD de 42 polegadas e outros eletrônicos caros, como um videogame PlayStation 3, além de piscina, churrasqueiras, uma geladeira de porta dupla e aço inox avaliada em R$ 6 mil e até ternos da grife italiana Armani. Segundo moradores, Nem se orgulha de dizer que, na Rocinha, “até olheiro ganha R$ 150 por noite”. Uma de suas frases favoritas é “Não tem mendigo aqui”.

Segundo escutas feitas pela polícia, Nem já teria dito mais de uma vez que quer sair do tráfico. Nas gravações, ele afirmaria ser atormentado por sonhos de que está sendo esquartejado. Também reclama da falta de liberdade. “Eu vivo igual a um macaco, pulando de laje em laje”, disse a um comparsa em conversa gravada pela polícia. Apesar disso, sua rotina é conhecida no morro. Nem faz musculação todos os dias na academia instalada numa área da Rocinha conhecida como Portão 2. Chega e sai de lá acompanhado por 17 seguranças. Quando ensaiou sair do tráfico, Nem ousou, tentando simular a própria morte. Em janeiro, a polícia descobriu que ele comprara um atestado de óbito por R$ 150. O documento trazia seu nome, mas tinha a data de nascimento alterada em um dia, de 25 para 24 de maio de 1976. Como causa mortis, foram apontadas “insuficiência renal e diabetes”. Nem marcou até a data de seu enterro. Um detalhe, porém, chamou a atenção dos policiais. O endereço do atestado era a Rua Major Rubens Vaz, 170 – o mesmo da delegacia que o investiga. O senso de humor custou o fim do plano.

Vivo, ele continuou dominando a Rocinha. A favela fica em São Conrado, bairro de classe média alta. Tem passagem pela mata para o Morro do Vidigal, no Leblon, controlado pela mesma facção de Nem. Nos últimos dois anos, segundo a polícia, o traficante importou da Bolívia e da Colômbia 6.000 quilos de pasta de cocaína. Os componentes químicos usados no refino têm venda controlada no Brasil e cada cliente só pode comprar 2 litros por mês. Nem conseguiu que 216 moradores comprassem o material para ele. Todos foram indiciados por tráfico e formação de quadrilha. Nas últimas eleições, Nem deu uma nova demonstração de seu poder sobre a comunidade. Apoiou o vereador Claudinho da Academia e, num documento para os moradores, escreveu: “Não admito derrota”. Claudinho foi eleito com 11 mil votos, quase 10% da população da favela.

A Rocinha tem sido garota-propaganda do governador Sérgio Cabral, candidato à reeleição, e de Dilma Rousseff, que gravou imagens ali para a campanha falando sobre o PAC. A obra tem um custo estimado em R$ 231 milhões. A entrada da favela ganhou uma passarela projetada por Oscar Niemeyer. Um complexo esportivo foi inaugurado e barracos foram pintados. Apesar dos esforços do governo, é Nem quem continua mandando ali. Ele tem o apoio de muitos moradores na favela. É popular entre jogadores de futebol. Vagner Love, ex-Flamengo, já teve de depor na polícia depois que apareceu numa foto entre supostos bandidos na Rocinha. Nem organiza um famoso campeonato de futebol na favela, a Copa Zidane, que tem esse nome não em homenagem ao craque francês, e sim a Dani da Rocinha, comparsa já morto, que também tinha o apelido de Zidane. Quando jogadores vão até lá participar das peladas, comer churrasco e sabe-se lá mais o quê, o chefão espalha cartazes proibindo tirar fotos.

Sua facção criminosa é pragmática. Não costuma trocar tiros com a polícia e não permite roubos nas imediações dos morros. Em pelo menos três ocasiões, Nem entregou ladrões das imediações à polícia, espancados. Recebe aliados de outros morros que queiram se converter a sua organização. O grande número de bandidos de outras favelas circulando na Rocinha deixa os moradores com medo. Não raro o tráfico obriga motoristas a abrir as malas nas vielas da favela. Estima-se que a quadrilha tenha cerca de 300 homens. O secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, acha que Nem é superestimado. “Ele não é tudo isso que dizem. De certa forma, é até um bandido tranquilo. A Rocinha não costuma ser problemática”, afirmou ele, em entrevista a ÉPOCA (leia trechos abaixo e íntegra da entrevista em epoca.com.br).

A história do pai pobre que recorreu ao tráfico para salvar a filha doente pode despertar em alguns certa compaixão. O sentimento, porém, não é demonstrado por Nem em relação a suas vítimas. Nem é acusado de mandar matar pelo menos dez pessoas em 2008 numa demonstração de força logo depois que seu braço direito foi preso. Em 2007, um morador chamado Célio ficou três meses se alimentando exclusivamente de líquidos porque teve a arcada dentária destroçada pelos bandidos.

Célio tentou intervir quando Nem, furioso, batia num rapaz que comia pizza com sua namorada. Ninguém comanda um morro durante anos somente na base da simpatia. O episódio de sábado mostra que, quando acuados, bandidos atiram em quem estiver pela frente. E, como o próprio secretário de Segurança afirma, até que o Rio novo seja possível, a cidade terá de conviver com o velho.

Fonte:G1".

(http://www.romanegocios.com/noticias-do-brasil/12350-quem-e-nem-o-chefe-do-trafico-na-rocinha)

 

 

 

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ARTIGO DO DR. RAUL DE MELLO FRANCO JÚNIOR, DA UNIARA (Araraquara-SP)

(Promotor de Justiça no Estado de São Paulo, professor de Direito Constitucional do Centro Universitário de Araraquara (UNIARA) e Mestre em Direito pela UNESP)

 

 

 

"INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA PARA TRATAMENTO DE ALCOÓLATRAS E DEPENDENTES QUÍMICOS
 
Raul de Mello Franco Júnior[1]
 
A disseminação do uso de álcool e drogas é, certamente, o maior flagelo sofrido pela humanidade nos últimos 50 anos. O número de mortos que estas práticas produziram supera as estatísticas de qualquer conflito bélico que a história tenha registrado, sobretudo porque os males não se limitam aos usuários, mas atingem vítimas inocentes.
A mudança de hábitos, a flexibilização dos padrões de conduta moral, a instantaneidade das informações e as facilidades da sociedade de consumo, a aparente normalidade do uso corriqueiro de bebidas alcoólicas e cigarros dentro de casa e nos ambientes sociais, a desagregação familiar, a falta de diálogo franco entre pais e filhos, a curiosidade, a necessidade de afirmação perante um grupo, a propagação da idéia de que existem drogas “inocentes” e, em especial, a ganância de alguns são, entre tantas, algumas das causas desta explosão irracional do uso de álcool e narcóticos.
A vida em sociedade pariu esse estado de coisas. Mas os grupos sociais conscientes não se debruçam diante deste cenário em atitude meramente contemplativa. Mobilizam-se na formação e manutenção de entidades públicas, privadas, religiosas, filantrópicas que, congregando pessoas sedentas de informação e auxílio, fornecem aconselhamento, permitem a troca de experiências e proporcionam tratamento aos dependentes.
Mães e pais desesperados batem às portas dessas instituições ou do poder público, relatando que já perderam tudo: a paz, o sono, a saúde, o patrimônio. Agora, estão prestes a perder a esperança e a vida, levadas de roldão pelo comportamento suicida de um filho ou familiar que se atirou no poço profundo do vício, de onde não tem forças para sair.
São divergentes as opiniões acerca da melhor forma de tratamento, mas todos defendem que alguma intervenção terapêutica é sempre melhor do que a omissão. A síndrome de dependência é doença crônica passível de tratamento. O sucesso desta iniciativa, como qualquer intervenção médica responsável, depende do acerto entre a medida usada e as necessidades do paciente. Qualquer atividade de atenção e reinserção social exige a observância de princípios legais, como o respeito ao dependente de drogas ou álcool, a definição de projeto terapêutico individualizado e o atendimento, ao doente e a seus familiares, por equipes multiprofissionais (cf. art. 22, da lei 11.343/06). São raríssimos os casos de adictos ativos que conseguiram se libertar sem o auxílio da família ou de terceiros, o que não significa que todos precisem de internação. Esta alternativa, de caráter extremo, deve ser sopesada por equipe profissional habilitada, de acordo com o grau de dependência do paciente, com a gravidade dos transtornos que ele apresenta, suas peculiaridades socioculturais, o nível de comprometimento familiar na busca da cura, a insuficiência de medidas anteriores menos agressivas etc. O tratamento somático e psicossocial bem ajustado, no plano doméstico ou ambulatorial, é capaz de inibir o uso das drogas lícitas ou ilícitas, manejar a fissura, orientar sobre as possíveis recaídas e recuperar pessoas. Mas a internação é, quase sempre, evocada pela família como a primeira e única porta de saída para a crise gerada pelo comportamento desregrado de um de seus membros. 
Em contrapartida, é certa a existência de casos que, no mosaico dos programas de reinserção social, exija a internação como o único ou último recurso para um tratamento eficaz. Uma pesquisa americana revelou que 50% dos dependentes químicos apresentam algum tipo de transtorno mental, sendo o mais comum deles a depressão. Muitos são inaptos para aquilatar a própria dependência e a nocividade de seu comportamento e mesmo quando alcançam esse entendimento, não aceitam qualquer tipo de ajuda. Atribuem a idéia de intervenção alheia, mormente sob a forma de internação, a desvarios de quem a sugere. A insistência nesta tecla potencializa a agressividade dos dependentes e gera episódios agudos de crise. Paralelamente, a desorientação dos familiares desemboca, quase sempre, na resposta igualmente violenta (berço de grandes tragédias familiares), na omissão (o doente recebe o anátema de “caso perdido”) ou na busca desesperada pela internação compulsória, tábua de salvação idealizada para o dependente e demais pessoas que com ele convivem.
Surge então o questionamento: é possível obrigar alguém a se submeter a um tratamento? É possível e útil a internação compulsória para tratamento de alcoolistas e toxicômanos?
O Código de Ética Médica afirma que o paciente ou seu representante legal tem o direito de escolher o local onde será tratado e os profissionais que o assistirão. O paciente pode decidir livremente sobre a sua pessoa ou seu bem-estar. Os Conselhos de Medicina enfatizam que obrigar o paciente a se submeter, contra a sua vontade, a um regime de confinamento institucional é sinônimo de ilícito penal (cárcere privado). O paternalismo ou o autoritarismo médico é, nesses casos, capaz de inibir ou contrariar direitos elementares de cidadania, próprios da condição humana.
A advertência, entretanto, não pode ser interpretada a partir de uma autonomia que o doente mental não tem. Aplica-se, por coerência, a casos de normalidade psíquica. Para os dependentes químicos, integra o próprio quadro da doença a postura refratária ao tratamento e dobrar-se a esta resistência significa afrontar a mais elementar das prerrogativas: o direito à vida. Ainda que se diga que tratamentos compulsórios são estéreis para gerar resultados proveitosos, a tentativa em obtê-los pela força é o derradeiro grito de quem não consegue cruzar os braços ante a marcha galopante e inexorável de um ente querido rumo ao abismo da morte.
No cotejo entre os direitos constitucionais do cidadão e a imperiosa necessidade de tratamento, a legislação permite que o juiz, em análise firmada na assessoria médico-pericial, possibilite ou imponha a internação. É o que alguns denominam “justiça terapêutica”.
A lei antidrogas prevê que o agente considerado inimputável (por não entender, em razão da dependência, o caráter ilícito do crime) deve ser encaminhado pelo juiz a tratamento médico (art. 45). O magistrado poderá determinar ao poder público que coloque à disposição do infrator, gratuitamente, estabelecimento de saúde, preferencialmente ambulatorial, para tratamento especializado (art. 28, § 7º, da lei 11.343/06).
O Decreto 891/38, produzido pelo Governo Vargas, continua em vigor e permite que os toxicômanos ou intoxicados habituais sejam submetidos a internação obrigatória ou facultativa, por tempo determinado ou não. A medida tem cabimento sempre que se mostre como forma de tratamento adequado ao enfermo ou conveniente à ordem pública e será efetivada em hospital oficial para psicopatas ou estabelecimento hospitalar submetido à fiscalização oficial. O pedido pode ser formulado pela autoridade policial, pelo Ministério Público ou, conforme o caso, por familiares do doente.
Paralelamente, como medida de restrição a atos da vida civil, o Código Civil também prevê a possibilidade de interdição de ébrios habituais e dos viciados em tóxicos (art. 1767, inc. III, CCB).
Na esfera da Infância e da Juventude, a internação pode ser requerida judicialmente pelo Ministério Público, como medida protetiva à criança ou ao adolescente (art. 101, inc. V e VI, ECA). Há casos em que a internação voluntária é providenciada pelo Conselho Tutelar, independentemente de ordem judicial (art. 136, I, ECA). A inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a alcoólatras e toxicômanos é também medida aplicável aos pais (art. 129, inc. II e 136, inc. II, ECA).
A implementação da medida encerra algumas dificuldades. A primeira delas diz respeito às vagas nos estabelecimentos públicos adequados ao tratamento. As redes dos serviços de saúde pública têm obrigação legal de desenvolver programas de atenção aos usuários e dependentes de drogas, seja de forma direta, seja de forma indireta, destinando recursos às entidades da sociedade civil que não tenham fins lucrativos e que atuem neste setor. Todavia, há evidente negligência no cumprimento desta obrigação, o que redunda em permanente carência de vagas para internação. Mesmo havendo determinação judicial, não são curtos os períodos de espera dos que carecem de tratamento. Em razão disso, cresce o número de decisões obrigando o poder público a custear internações em serviços da rede privada de atendimento. Algumas dessas entidades recebem recursos de órgão federal (FUNAD – Fundo Nacional Antidrogas) e se obrigam a prestar assistência gratuita a quem necessita. A questão deve ser analisada sob a ótica das prioridades constitucionais (como, por exemplo, a proteção integral às crianças e adolescentes – cf. art. 227, CF) e do estudo particular das condições familiares de cada necessitado.


[1] O autor é Promotor de Justiça no Estado de São Paulo, professor de Direito Constitucional do Centro Universitário de Araraquara (UNIARA) e Mestre em Direito pela UNESP. Contatos: [email protected]".