Imagem: Internet
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[Chagas Botelho]

Desandei agora a comer chia. A sementinha ajuda no emagrecimento. Desta forma, como chia noite e dia (perdoe-me a rima tacanha). Isso depois de ir ao médico na intenção de perder algumas arrobas. A nutricionista, com ar muito sereno, me disse: “Seu Chagas, insira chia no maior número possível de alimento''. Desde então, sigo à risca a dica nutricional. 

Insiro a substância bem miudinha na tapioca, cuscuz, ovo, sopa, abacate, banana até no sorvete (light), já inventei de mesclar. 

Apesar da dieta, não fiz absolutamente qualquer progresso com relação à redução de peso. E no formato de barril contínuo sendo esse fofinho lindo de mamãe. Ou naquele ponto de referência para alguém: “Olha lá, fica perto daquele gordinho ali”. Mas a chia continua embolada às minhas refeições fracionadas. 

O hábito de inseri-la aos pratos virou rotina. E caso me esqueça de pô-la, na porção seguinte redobro a quantidade. A chia, meus senhores, tornou-se indispensável nessa minha busca frenética em diminuir o tamanho da pança. 

Durmo pensando nela. Acordo pensando nela. Outro dia, de tão automático, e sem perceber, polvilhei de chia uma caneta em que escrevia um texto e comecei a mordiscar-lá como se fosse torrada. Por sorte despertei a tempo da tragédia. Senão teria descido goela abaixo. Tosco, não? 

Ando sempre com um saquinho de chia na mochila. Vai que resolvo comer uma salada de frutas na rua? Se sim, ela estará lá, providencial. Pronta para me nutrir. E, consequentemente, a me ajudar a secar esses meus pneuzinhos parrudos.

Olhe, não é fácil perder peso. É uma luta diária e inglória. A gente se apega a qualquer nutriente que contribua. Eu me apeguei à chia. Então, seus pontinhos negros passaram a fazer parte de mim — do meu eu. Virou produto de primeira necessidade. Está entre os itens primordiais de minha cesta básica. Pode faltar tudo na despensa, menos a chia. Engulo, inclusive a seco, sem a mistura, nem que o estômago fique enojado.

Por falar em enojado, há um detalhe que ainda não superei ao comer chia. Está complicado superar. É que todas às vezes misturada à comida, olho bem direitinho, e acho as sementinhas parecidas com pulgas. E a sensação de que estou me alimentando de pulgas é desagradável. Já viram? Não lembra pulgas? Ah, que se dane. Tasco mesmo assim, porque aí já não é um problema nutricional e sim psicológico — de cabeça doida.