(Miguel Carqueija)

 

Mais veloz que uma tartaruga. Mais forte que um rato. Mais inteligente que um jumento. Ele é o...

CHAPOLIN COLORADO, O SUPER-HERÓI MEXICANO




    Criado nos anos 70 pelo genial Roberto Gomes Bolaños (o mesmo criador do Chaves e do Chespirito), Chapolin tornou-se popularíssimo, inclusive no Brasil, e seu seriado de televisão até hoje é exibido. Incursionou também pelos quadrinhos e apareceu num filme de longa-metragem.
    Com seu aspecto de inseto — o uniforme vermelho com uma capa que faz lembrar asas de besouro, além das anteninhas — Chapolin completa o seu visual com a famosa “marreta biônica”, que a gente está vendo ser de borracha.
    É, com certeza, uma sátira aos super-heróis norte-americanos da DC e da Marvel. Chapolin, que o próprio Bolaños interpreta, é um herói hilário: confuso, medroso, desastrado. Apesar disso ele conta vantagens e é cheio de bordões: “Não contavam com a minha astúcia!”, “Todos os meus movimentos são friamente calculados”, “Sigam-me os bons!”, “Palma, palma, não priemos cânico” (querendo dizer: “Calma, calma, não criemos pânico”), “Se aproveitam da minha nobreza” e “Suspeitei desde o início”.
    Ninguém jamais explicou onde o Chapolin mora ou como ele surgiu. Ele aparece onde é necessário, por materialização instantânea, bastando que alguém fale em tom patético: “Oh! E agora? Quem poderá me ajudar?” (ou “nos ajudar”, ou “me defender”, ou “nos defender”). Aí ele aparece gritando “Eu!” e a pessoa replica entusiasmada: “O Chapolin Colorado!” (como se fosse grande coisa). Invariavelmente o Chapolin acrescenta: “Não contavam com a minha astúcia!”
    Outro poder que o Chapolin tem é o das anteninhas captadoras. E ainda dispõe das pílulas encolhedoras, com as quais reduz por alguns minutos o seu próprio tamanho, o que lhe facilita as investigações.
    Aparecem outros personagens na série. Um aliado ocasional é o presumido “Super Sam” (paródia do Tio Sam). Entre os inimigos, o Racha-Cuca e o Tripa Seca (bandidos do faroeste) e o pirata Alma Negra. Desconfio que o Racha Cuca e o Tripa Seca sejam o mesmo personagem, por conta de diferenças de tradução, já que ambos são interpretados pelo magérrimo Ramón Valdez (o mesmo que faz o Seu Madruga em “Chaves”).
    Chapolin é, também, intemporal: materializa-se em diversas épocas, como no Velho Oeste, no tempo dos piratas e na II Guerra Mundial.
    Como humorismo, é uma série genial. Bolaños conseguiu criar o mais desajeitado super-herói da História — e, não obstante, geralmente ele se sai bem.
    Um exemplo é um episodio em que um sujeito e sua filha estão desesperados, numa casa caindo aos pedaços. O Chapolin aparece — foi a moça quem falou a frase invocatória — e se oferece para ajudar no conserto da residência. Como se pode imaginar, cada coisa que ele tentava consertar, arruinava outra. A situação acabou ficando tão calamitosa que o homem, perdendo a paciência, falou: — Minha filha, em vez de pedir ao Chapolin para nos ajudar, por que você não chamou o Super-Homem, o Batman, ou até o Pato Donald?
    O episodio da múmia também é engraçadíssimo. Chamado por um arqueólogo e sua filha (os mesmos atores) que haviam sido espantados de um sarcófago por uma múmia viva, Chapolin tem aí uma excelente oportunidade de demonstrar... o seu medo. O professor lhe diz: — Chapolin, vai lá dentro e pega a múmia! — E o Vermelhinho (como às vezes é chamado) responde escandindo: EEEEUUUU????
    Na verdade a “múmia” era um bandido disfarçado, que queria assustar todo mundo para se apossar do tesouro. Só que o Chapolin não sabe disso e quando, a contragosto, entra na cripta e esbarra com a coisa, simplesmente sai correndo, com a múmia atrás. Eles ficam dando voltas em torno do sarcófago e, passando perto do arqueólogo, o “herói” ainda tem a coragem de gritar: — Mais algumas voltas e eu pego ela!
    Tomara que apareça o desenho animado do Chapolin, como já apareceu o do Chaves.
    Tenho conhecimento de outro super-herói mexicano, mas de estilo bem diferente: “El Santo”, o “mascarado de prata”.