Celso Masson ressalta a importância de Solano Ribeiro na invenção da MPB
Por Flávio Bittencourt Em: 22/01/2011, às 06H21
[Flávio Bittencourt]
Celso Masson ressalta a importância de Solano Ribeiro na invenção da MPB
O homem estava por trás dos célebres festivais da segunda metade dos anos 60.
Projeto Bar Cultural, direção de Flávio Guedes, "Disparada", COM O ELOGIO DO ESTADO DO PIAUÍ, no início, com os atores Jesualdo Avles, Deisiane Guedes e Flávio Guedes,
Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=18iGdnH1HTQ&feature=related
ARRASTÃO, DE EDU LOBO E VINICIUS DE MORAES,
canta: ELIS REGINA:
http://www.youtube.com/watch?v=Y1h5GHFOQeo
RODA VIVA, de Chico Buarque; cantam CHICO BUARQUE E MPB4, III FESTIVAL DE MÚSICA BRASILEIRA, TV RECORD, 1967:
http://www.youtube.com/watch?v=HRFw5u5wR4c&feature=related
GILBERTO GIL E OS MUTANTES:
DOMINGO NO PARQUE, DE G. GIL,
http://www.youtube.com/watch?v=Zbv3M-AdxC0&feature=related
DE EDU LOGO E CAPINAM,
Ponteio,
INTEPRETAM: QUARTETO NOVO, CONJUNTO MOMENTO 4, MARÍLIA MEDALHA E EDU LOBO
http://www.youtube.com/watch?v=GWPmnVjIC5E&feature=related
ROBERTO CARLOS CANTA
Maria, Carnaval e Cinzas (autor: LUIZ CARLOS PARANÁ)
http://www.youtube.com/watch?v=h-Y_ZjWpFEQ&feature=related
ALEGRIA, ALEGRIA
(Caetano Veloso),
Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=hmK9GylXRh0&feature=related
JAIR RODRIGUES CANTA Disparada
NO FESTIVAL DE 66 (II FESTIVAL DE MÚSICA BRASILEIRA,
videotape do Festival, branco-e-preto),
Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=AkghEx3g6wI
(http://pccn.wordpress.com/2010/12/01/sao-jose-dos-ramos-realiza-festival-do-aboio/)
ELBA RAMALHO, ZÉ RAMALHO E GERALDINHO cantam DISPARADA:
http://www.youtube.com/watch?v=datA5JD5mTg&feature=related
(http://www.oswaldogalotti.com.br/materias/read.asp?Id=972&Secao=107)
MENINAS CANTORAS DE PETRÓPOLIS CANTAM
Disparada,
Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=_c0hYgYdlmQ
[COLABORE NA AJUDA ÀS VÍTIMAS DAS
ENCHENTES DA REGIÃO SERRANA DO
ESTADO DO RIO, BRASIL:
HERMETO PASCOAL E SIVUCA
(http://sommutante.blogspot.com/2010/11/hermeto-pascoal-e-sivuca-2001-ao-vivo.html)
"Disparada instrumental" EM ENCONTRO HISTÓRICO DE
Hermeto Pascoal (piano) e Sivuca (acordeon), que
tocam DISPARADA:
http://www.youtube.com/watch?v=LdLy2HIc0iU&feature=related
GERALDO VANDRÉ E QUINTETO VIOLADO,
Disparada,
Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=92Po_WlLcNE&feature=related
JAIR RODRIGUES CANTA Disparada
(vídeo a cores, performance de décadas
depois do festival de 1966),
Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=neiPFc2RW7I
DANIEL CANTA DISPARADA.
Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=h15tvGnURFM
ZÉ RAMALHO CANTA DISPARADA:
http://www.youtube.com/watch?v=O1g44vVwIrY&feature=related
ZÉ CAMILO E JUVENAL INTERPRETAM DISPARADA,
Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=KIhebD7EBv0&feature=related
ZIZI POSSI canta DISPARADA,
Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=jQKqpCVmVrE
Ney Matogrosso canta DISPARADA, em 1985
http://www.youtube.com/watch?v=ZypeAMu8TuI&feature=related
Ricky Vallen canta Disparada,
Youtube:
http://www.youtube.com/watch?v=qJU-lb3yA68&feature=related
Frejat canta DISPARADA, 6.10.2007,
Youtube:
DISPARADA instrumental, Yamandu Costa (violão),
Youtube
http://www.youtube.com/watch?v=XVYzEWjveF4
http://www.youtube.com/watch?v=0-CCSOAkvXI Mayck e Lyan cantam Disparada no programa de Raul Gil, homenageando JAIR RODRIGUES, que estava presente
11.3.2007
JAIR RODRIGUES: "- Que voz gravíssima! (...) O que que você achou, Jair? (...) Esse (CD) é de presente pra você! JAIR RODRIGUES: - Depois vocês escrevem aqui (A DEDICATÓRIA) Olha, muito obrigado! Duas vozes assim casando magnificamente bem.
http://www.youtube.com/watch?v=aWshVbqMxWs&feature=related
Pe. Fábio de Melo (18.11.2006)
http://www.youtube.com/watch?v=ZleiQjp-A9s Israel Lucero (Programa Ídolos) canta DISPARADA, Youtube:
JAIR RODRIGUES CANTA A MÚSICA Disparada, QUE COMEÇA COM O VERSO
Prepare o seu coração [AUTORES DE DISPARADA: Geraldo Vandré e Théo de Barros]
(SÓ A FOTO DA HISTÓRICA IMAGEM DE TELEVISÃO, SEM A LEGENDA ACIMA EXARADA:
http://www.tvsinopse.kinghost.net/out/festival4.htm)
"Disparada
Geraldo Vandré
Composição: Geraldo Vandré e Theo de BarrosPrepare o seu coração
Prás coisas
Que eu vou contar
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
Eu venho lá do sertão
E posso não lhe agradar...
Aprendi a dizer não
Ver a morte sem chorar
E a morte, o destino, tudo
A morte e o destino, tudo
Estava fora do lugar
Eu vivo prá consertar...
Na boiada já fui boi
Mas um dia me montei
Não por um motivo meu
Ou de quem comigo houvesse
Que qualquer querer tivesse
Porém por necessidade
Do dono de uma boiada
Cujo vaqueiro morreu...
Boiadeiro muito tempo
Laço firme e braço forte
Muito gado, muita gente
Pela vida segurei
Seguia como num sonho
E boiadeiro era um rei...
Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E nos sonhos
Que fui sonhando
As visões se clareando
As visões se clareando
Até que um dia acordei...
Então não pude seguir
Valente em lugar tenente
E dono de gado e gente
Porque gado a gente marca
Tange, ferra, engorda e mata
Mas com gente é diferente...
Se você não concordar
Não posso me desculpar
Não canto prá enganar
Vou pegar minha viola
Vou deixar você de lado
Vou cantar noutro lugar
Na boiada já fui boi
Boiadeiro já fui rei
Não por mim nem por ninguém
Que junto comigo houvesse
Que quisesse ou que pudesse
Por qualquer coisa de seu
Por qualquer coisa de seu
Querer ir mais longe
Do que eu...
Mas o mundo foi rodando
Nas patas do meu cavalo
E já que um dia montei
Agora sou cavaleiro
Laço firme e braço forte
Num reino que não tem rei"
(http://letras.terra.com.br/geraldo-vandre/46166/)
"Houve um momento em que o Brasil inteiro cantava. Nas escolas, nas ruas, campos e construções. Geraldo Vandré ainda não havia sequer rascunhado os versos em que falaria de flores, mas o país caminhava, dançando conforme a música. Eram sambas, marchinhas, bossas, modas de viola. Até iê-iê-iê se assoviava. Nem o golpe militar de 1964, que mal havia mostrado todos os dentes, parecia capaz de estancar o ânimo dos brasileiros para a cantoria. As melodias ocupavam bares, teatros, o rádio e a televisão. Nas grandes cidades, onde a força da TV já se impunha, o povo se dividia entre “disparados” e “bandidos”, os fiéis torcedores daquilo que realmente importava: “A Banda” ou “Disparada”. Qual canção merecia vencer? Era outubro de 1966, e o júri convocado pela TV Record, temendo uma tragédia, decidiu pelo empate.
Venceu Chico Buarque de Holanda com “A Banda”, cantada por Nara Leão. Venceram também Geraldo Vandré e Théo de Barros com “Disparada”, interpretada por Jair Rodrigues. Mais que uma disputa, foi uma festa – e com trilha sonora da melhor qualidade. A cultura dos festivais da canção se consolidava naquela final, tão eletrizante quanto justa. Começava ali um novo ciclo da música brasileira, cujo apogeu criativo se daria no ano seguinte.
Em 1967 entrou em vigor a Lei de Segurança Nacional, em que a ditadura militar apertava o cerco sobre o país – entre os crimes previstos estava o de “guerra psicológica”, no qual poderiam ser enquadrados aqueles que discordassem publicamente do governo. Mesmo assim, uma safra raríssima de compositores e intérpretes não se intimidou. Foi à TV em outubro defender com sangue, suor e lágrimas um repertório capaz de mudar o país. “Ponteio”, “Domingo no Parque”, “Roda Viva” e “Alegria, Alegria” foram as quatro primeiras colocadas em um festival que chegou ao fim com Roberto Carlos na quinta posição. Ainda hoje, a força daquele momento reverbera nas canções que o tempo não cala. Mas, se parece inimaginável que Caetano Veloso, Chico Buarque, GilbertoGil e Edu Lobo possam competir entre si, o fato é que 40 anos atrás isso aconteceu. Foi exatamente assim que nasceu a MPB. (...)"
(CELSO MASSON, TRÊS PRIMEIRO PARÁGRAFOS DO ARTIGO ADIANTE REPRODUZIDO NA ÍNTEGRA)
VERBETE 'SOLANO RIBEIRO', WIKIPÉDIA
"Solano Ribeiro
Solano Ribeiro é um produtor musical.
Na década de 60 foi Solano Ribeiro que idealizou e executou os festivais de Música Popular Brasileira, lançando dezenas de novos talentos e impulsionando a indústria fonográfica no país. Do primeiro festival na TV Excelsior, quando revelou Elis Regina, até os da TV Record, Globo e Tupi, teve a oportunidade de lançar:
- Edu Lobo, Francis Hyme, Maria Odete, Chico Buarque, Nara Leão, Geraldo Vandré, Jair Rodrigues, Martinho da Vila, Maria Creusa, Antonio Carlos, (o do Jocafi), Dori Caymi, Paulinho da Viola, Originais do Samba, Marília Medalha, Caetano Veloso, Mutantes, Gilberto Gil, Sidney Muller, Gal Costa, Maria Alcina, Ednardo, Tom Zé, Raul Seixas, Sérgio Sampaio, Alceu Valença, Fagner, Belchior, Walter Franco, Kleiton e Kledir, Itamar Assumpção, Oswaldo Montenegro, Leila Pinheiro, Tetê Espindola e outros.
Teve como colaboradores: Rogério Duprat, Décio Pignatari, Júlio Medaglia, Sérgio Cabral, Silvio Lancellotti, Chico Anísio, Cesar Camargo Mariano, Carlos Manga, Amilton e Amilson Godoy, Augusto de Campos, Haroldo de Campos, Damiano Cozzella, Roberto Talma, Walter Clark e Flavio Porto (irmão de Sergio Porto) e o produtor musical Marcos Antonio Riso (que foi trazido do Rio Grande do Sul por Solano e Paulo Machado de Carvalho diretor da Tv Record). A partir de 1969 a Tv Record entra em grave crise e Solano Ribeiro se afasta da emissora. A famosa equipe "A" composta por Antonio Augusto Amaral de Carvalho (irmao de Paulo Machado de Carvalho dono da TV RECORD), Nilton Travesso, Manoel Carlos (hoje autor de novelas) e Raul Duarte - que recriaram totalmente o FESTIVAL DA RECORD atendendo as exigencias e orientacao da DITADURA MILITAR - se desfaz. A coordenacao musical passou a ficar a cargo de Marcos Antonio Riso, seguidor de SOLANO RIBEIRO. O último festival de música da Record, em 1969, lancou os Novos Baianos e teve como grande vencedor Paulinho da Viola. Luiz Gonzaga Junior,o GONZAGUINHA, foi premiado com a melhor letra para a musica MOLEQUE.
Como diretor de musicais para a TV no Brasil realizou: "Disparada" com Geraldo Vandré, “Som Livre Exportação” (Rede Globo), até hoje record de público para musicais em recinto fechado, (100 mil espectadores, no Anhembi - São Paulo).“A César” co-produção com a TV Manchete que ganhou o “Tucano de Ouro”, eleito o melhor musical no FEST RIO, quando concorreu com produções de todo o mundo.
Dirigiu vários documentários para a TV Alemã, tendo sido premiado em um importante Festival Europeu de Televisão, na Áustria, pela realização do musical que tem por título: "Novos Baianos FC".
Ao voltar da Europa assumiu o cargo de diretor de programação da Rede Tupi de Televisão de onde saiu para fundar a Rede Antena 1 de Rádio.
Como diretor de comerciais, entre as dezenas de prêmios que conquistou, obteve um “Grand Prix” pela direção do comercial de lançamento do Tempra para a Fiat. No ano de 97, conquistou a “Medalha de Ouro” no Festival de New York com o filme “Mosquito”, para a Rádio Antena 1.
No disco e como produtor independente lançou: "Olho D'Água", com Marluy Miranda e Egberto Gismonti, "O Melhor do Millor", com Millor Fernandes, Fernanda Montenegro, Fernando Torres, Mielli e Ruy Afonso. Em 1997 pela Gravadora Eldorado, lançou o CD “Artigo de Luxo”, com Pat Escobar.
Participou da realização do “Festival da Música Brasileira” apresentado pela Rede Globo de Televisão no ano 2000. Em 2005 foi o diretor geral do Festival Cultura quando criou o Festival de Clips e o Festival Cultura na Internet.
Em 2003 lançou o livro,"Prepare Seu Coração", um relato da sua carreira como profissional de comunicações.Trabalha na estruturação de musical para teatro com o título de "Ipanema", no roteiro de longa metragem,"O Mercado", cujo pano de fundo é o mundo da propaganda, baseado num conto de sua autoria. Esta finalizando um livro de ficção com o título de “O Sétimo dia”. 2006 Prêmio APCA - Melhor musical do rádio"
Ligações externas
Referência Bibliográfica
- Prepare seu Coração: a História dos Grandes Festivais. Solano Ribeiro. Ed. Geração.
"Neste ano, um capítulo importante da música da televisão brasileira ganhou destaque no documentário Uma noite em 67, dos diretores Renato Terra e Ricardo Calil. Mas o sucesso e a revolução causada naquela noite de 1967 começaram dois anos antes, com a criação do primeiro festival de música brasileira na TV Excelsior, quando Elis Regina foi a grande vencedora com Arrastão, composição de Edu Lobo e Vinícius de Moraes. Na linha de frente estava o produtor musical Solano Ribeiro. Ele conta que teve como inspiração o famoso Festival de San Remo. “Quando terminava o de San Remo, as rádios brasileiras eram invadidas por canções italianas. Por isso, eu quis fazer algo parecido aqui, para impulsionar a música brasileira”, diz o produtor.
QUEM É
>> Solano Ribeiro, produtor musical O QUE FAZ >> Idealizador dos lendários Festivais de Música Brasileira nas décadas de 60 e 70. Foram nessas atrações, transmitidas pela TV, que surgiram nomes importantes da cultura nacional, como Elis Regina, Milton Nascimento, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Geraldo Vandré, entre outros. Em 2003, Solano lançou o livro Prepare seu coração, no qual conta seu trabalho como produtor musical. PROJETOS >> Apresenta o programa Solano Ribeiro e a Nova Música do Brasil na Rádio Cultura AM, todo domingo, às 14 horas |
'Eu jamais podia imaginar que aquilo iria virar um capítulo da história do Brasil', diz Solano. Ele diz que o Festival de 19 67 foi, não só uma competição entre músicas, como também uma competição entre propostas. 'Além do componente político, houve uma disputa entre o tradicional, com o Edu Lobo e Chico Buarque, e novo de Caetano Veloso e Gilberto Gil, que já traziam o embrião do Tropicalismo', diz Solano. (...)".
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"Criador dos principais festivais da história da música popular brasileira, inclusive os lendários produzidos pela TV Record, em 1966 e 1967, Solano Ribeiro foi também o organizador do recém-concluído festival da TV Cultura, que representou uma tentativa de resgatar o espírito daqueles eventos que lançaram nomes como Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil e Milton Nascimento, dentre outros. A importância dos Festivais da MPB Festivais da MPB têm sido alavanca para o surgimento de novos artistas. A matéria nos revela influência dos festivais no destaque de novos talentos assim, como abrange as problemáticas e polêmicas que são geradas em tais eventos.
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Tito Madi, pronto para cantar Compositor de obras inspiradas como "Chove lá fora", e cantor de grandes recursos, Tito Madi está ausente das rádios e TVs há muitos anos, muito embora esteja de disco novo na praça. Primeiro disco de Lenine Conhecido principalmente a partir do clássico "Olho de peixe", que gravou com Marcos Suzano em 1993, o pernambucano Lenine, hoje um dos nomes mais importantes da MPB, já tinha gravado seu primeiro disco uma década antes, com "Baque Solto", em parceria com o conterrâneo Lula Queiroga". |
RAUL GIL
ISRAEL LUCERO
ISRAEL LUCERO
ZÉ RAMALHO
ZÉ CAMILO E JUVENAL
ZIZI POSSI
NEY MATOGROSSO
RICKY VALLEN
Frejat
Yamandu Costa
Mayck e Lyan
Padre Fábio de Melo
e para OS BOIADEIROS DO BRASIL
ARTIGO DE CELSO MASSON PUBLICADO
NA REVISTA AVENTURAS NA HISTÓRIA
(São Paulo-SP, Editora Abril {*])
[*] - Neste momento, pesquisa-se a edição
(número, mês, ano) em que o artigo foi publicado,
uma vez que, no portal História ponto abril ponto com ponto br
não estão indicados esses dados editoriais
"Festivais da canção: A coroação da MPB
Os festivais da canção exibidos por emissoras de TV entre 1966 e 1968 seduziram o público, abriram alas para o tropicalismo e mudaram o significado da expressão
por Celso Masson
Houve um momento em que o Brasil inteiro cantava. Nas escolas, nas ruas, campos e construções. Geraldo Vandré ainda não havia sequer rascunhado os versos em que falaria de flores, mas o país caminhava, dançando conforme a música. Eram sambas, marchinhas, bossas, modas de viola. Até iê-iê-iê se assoviava. Nem o golpe militar de 1964, que mal havia mostrado todos os dentes, parecia capaz de estancar o ânimo dos brasileiros para a cantoria. As melodias ocupavam bares, teatros, o rádio e a televisão. Nas grandes cidades, onde a força da TV já se impunha, o povo se dividia entre “disparados” e “bandidos”, os fiéis torcedores daquilo que realmente importava: “A Banda” ou “Disparada”. Qual canção merecia vencer? Era outubro de 1966, e o júri convocado pela TV Record, temendo uma tragédia, decidiu pelo empate.
Venceu Chico Buarque de Holanda com “A Banda”, cantada por Nara Leão. Venceram também Geraldo Vandré e Théo de Barros com “Disparada”, interpretada por Jair Rodrigues. Mais que uma disputa, foi uma festa – e com trilha sonora da melhor qualidade. A cultura dos festivais da canção se consolidava naquela final, tão eletrizante quanto justa. Começava ali um novo ciclo da música brasileira, cujo apogeu criativo se daria no ano seguinte.
Em 1967 entrou em vigor a Lei de Segurança Nacional, em que a ditadura militar apertava o cerco sobre o país – entre os crimes previstos estava o de “guerra psicológica”, no qual poderiam ser enquadrados aqueles que discordassem publicamente do governo. Mesmo assim, uma safra raríssima de compositores e intérpretes não se intimidou. Foi à TV em outubro defender com sangue, suor e lágrimas um repertório capaz de mudar o país. “Ponteio”, “Domingo no Parque”, “Roda Viva” e “Alegria, Alegria” foram as quatro primeiras colocadas em um festival que chegou ao fim com Roberto Carlos na quinta posição. Ainda hoje, a força daquele momento reverbera nas canções que o tempo não cala. Mas, se parece inimaginável que Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil e Edu Lobo possam competir entre si, o fato é que 40 anos atrás isso aconteceu. Foi exatamente assim que nasceu a MPB.
Da TV para o disco
É verdade que a sigla para “música popular brasileira” já existia àquela altura. Ela batizava inclusive o grupo que acompanhou Chico Buarque em “Roda Viva” e outras canções, o MPB-4. Só que as três letrinhas serviam para abreviar um baita nomão, que soma dez sílabas e que era usado indistintamente para todo tipo de música cantada no país, da chula dos pampas ao baião nordestino. Tudo o que não fosse erudito era música popular brasileira. A chegada da geração de compositores da qual hoje faz parte o atual ministro da Cultura, Gilberto Gil, deu outro significado àquela sigla. Produto de seu tempo, a MPB se depurou intuitivamente a partir da convergência dos vários elementos sonoros que perpassavam todo o cancioneiro nacional. Até que virou um gênero autônomo.
Ao contrário de significar qualquer coisa, a MPB tornou-se, na segunda metade dos anos 60, um estilo bem definido em termos de música e letra. Uma sonoridade tão identificada com a cultura popular que pôde tomar esse nome emprestado. Tão além do regional que fez sucesso em todo o país. Era música. Era popular. Era brasileira. E foi legitimada junto ao público graças ao sucesso das canções apresentadas nos festivais de 1966 e 1967. Com eles, em vez de chegar ao público pelo rádio, a música entrava na casa das pessoas pela TV, e só depois pelo disco. Junto com cada nova canção vinha a imagem de uma época: Elis Regina com seus braços ensandecidos subindo e descendo enquanto ela cantava “Arrastão”; os Mutantes em figurino psicodélico; Sérgio Ricardo e sua famosa “violada” no auditório. Aquilo era excitante, transgressor.
Mesmo que o termo tenha ficado datado, a forma da MPB urdida naqueles festivais dura até hoje. Que outra nomenclatura poderia servir à obra de Djavan, à de Lenine ou à de Chico César? O que eles fazem, ainda que a partir de influências distintas, é MPB, e deriva em grande parte daquele som que se cristalizou nos bastidores da TV Record em fins dos anos 60. Disso não há dúvida.
O que pouca gente sabe, contudo, é que quem nos presenteou com a invenção da MPB foi Solano Ribeiro, o homem por trás dos festivais e que com eles se confunde. Sua vida está contada na autobiografia Prepare seu Coração. O livro explica, entre outras coisas, como a TV foi fundamental para que o Brasil conhecesse o melhor de sua música. Mais ou menos o oposto do que ocorre hoje.
O maior Ibope
A televisão abriu espaço para a música porque ela dava audiência, como já havia ficado claro em programas como Brasil 60, apresentado por Bibi Ferreira na Excelsior, e O Fino da Bossa, com Elis Regina, na Record – o maior sucesso da TV naquela época. Mas o casamento, mesmo por interesse, foi feliz. A música, da velha à jovem guarda, conseguiu ocupar seu espaço na telinha. Isso ficaria ainda mais evidente quando o produtor Solano Ribeiro, que trabalhava na Excelsior, teve a idéia de reproduzir a fórmula já consagrada na Itália pelo Festival de San Remo, do qual Roberto Carlos havia sido vencedor, em 1968, com “Canzone per Te”. Ao contrário do italiano, o festival de Solano não teria qualquer participação das gravadoras ou editoras de música. “Minha estratégia era colocar no mercado uma porção de músicas, cantores, cantoras e conjuntos musicais, e as gravadoras que se servissem, de acordo com a sua agilidade e competência”, recorda Solano. Bastou essa sacada para renovar radicalmente a música brasileira.
O festival era a grande oportunidade para que novos talentos pudessem “se vender”. Mas sua contribuição para a música foi bem maior. A TV, querendo ou não, virou a plataforma de lançamento da tropicália, que jamais teria feito o barulho que fez se ficasse longe das câmeras. Por mais que Caetano e Gil tenham entrado para a história como criadores daquele movimento, o tropicalismo não existiria sem algumas das cabeças que trabalhavam nos bastidores dos festivais, entre elas o próprio Solano Ribeiro, além dos maestros Júlio Medaglia e Rogério Duprat.
Foi Solano quem deu um empurrãozinho para que Caetano compusesse “Alegria, Alegria”, como ele mesmo recorda: “Eu tinha uma visão clara da música no Brasil e no mundo. O rock dos Beatles e dos Rolling Stones estava aí. Por outro lado, vi que a música brasileira precisava sair do binômio mar/campo. A juventude estava ligada no mundo urbano, até nas cidades do interior do Brasil, onde havia vida universitária. Percebi que a música precisava de temática urbana”, diz. “Em um encontro com Caetano, falei para ele que era preciso inventar uma nova estética. Dias depois o Guilherme Araújo, que o empresariava, apareceu e disse: ‘Meu querido, você não acredita. O Caetano fez uma música sensacional, coerente com tudo o que você disse. O nome é Alegria, Alegria’”. O refrão, que indaga “Por que não? Por que não?” foi o ponto de partida para o que viria depois. Mas o choque que a canção representou começava logo nos primeiros acordes, escritos pelo maestro Júlio Medaglia.
“A grande surpresa no arranjo de ‘Alegria, Alegria’ era o fato de ser uma marcha-rancho bem convencional tocada por instrumentos eletrônicos”, explica o maestro. “Quando o Caetano entrou com aquelas guitarras elétricas, o público vaiou imediatamente. Só que no decorrer da música ele convenceu – e acabou aplaudido.” O mesmo não aconteceu no festival do ano seguinte, quando Caetano apresentou “É Proibido Proibir” e foi vaiado do começo ao fim. “O Caetano foi vanguarda”, afirma Júlio Medaglia. “Sua postura no festival de 1968 representou uma tomada de posição importantíssima. O tropicalismo significava uma abertura para todos os tipos de linguagens, de idéias e de componentes não-musicais que integrariam a música brasileira a partir dali. E a ala mais reacionária, inclusive dos estudantes, estranhou aquilo tudo. Esse reacionarismo fora do comum deu ainda mais força para o movimento, a ponto de o Caetano encerrar sua apresentação com aquele discurso tão contundente, resumido na frase ‘Se vocês forem para política como são para estética nós estamos feitos!’”
Ainda que as grandes controvérsias, inclusive no palco, tenham eclodido no festival de 1968, que durou dois meses, entre novembro e dezembro, o de 1967 permanece cotado como o mais importante do ponto de vista musical. As canções nele apresentadas continuam no gosto popular, e a audiência da Record ainda é a maior de todos os tempos: com 97 pontos no Ibope, a final entrou para o Guiness Book e nunca mais foi superada.
A participação de Solano Ribeiro e Júlio Medaglia na definição do que viria a ser a MPB não se limitou a encorajar Caetano Veloso para que hasteasse a bandeira tropicalista. Junto com os demais jurados dos festivais, coube a eles fazer a triagem do que merecia espaço na TV e o que deveria ficar de fora. A pré-seleção das canções inscritas foi feita na edícula da casa em que Júlio Medaglia morava com os pais, num pequeno espaço transformado em estúdio. “Naquele quartinho é que nós fazíamos as análises. Ninguém sabia que a gente estava lá. O assédio em relação ao júri do festival era tão grande que só dessa forma nós podíamos trabalhar sossegados”, afirma Júlio, recordando que seu pai costumava servir caipirinhas para animar os trabalhor. Os jurados eram, entre outros, Décio Pignatari, Augusto de Campos, Roberto Corte Real, César Camargo Mariano e Amílton Godoy, “gente de primeiríssima qualidade”, como diz o maestro.
Com milhares de canções para ouvir, essa turma teve o mérito de fazer uma seleção inquestionável. Claro que muita gente chiou por ter sido descartada – e a Record, considerando o apelo dos que se diziam injustiçados, fez um festival só com os desclassificados. Um dia após as canções dos “sem festival” terem sido apresentadas, o Jornal da Tarde estampou na capa a manchete definitiva: “O júri tinha razão”. Quase 40 anos depois, o veredicto continua valendo". (CELSO MASSON)
[E SEGUEM-SE, APÓS O ARTIGO DE CELSO MASSON,
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Das flores aos aviões
Um dos grandes heróis dos festivais, Geraldo Vandré abandonou a carreira e vive no anonimato
Nunca uma vice-campeã fez tanto barulho num festival. “Pra Não Dizer que Não Falei das Flores”, ou “Caminhando”, de Geraldo Vandré, ficou apenas em segundo lugar na fase nacional do 3o Festival Internacional da Canção, promovido pela TV Globo em 1968 – perdeu para “Sabiá”, de Chico Buarque e Tom Jobim. Mas até hoje é cantada em toda manifestação de rua. Tornou-se a “Marselhesa” brasileira, em definição de Millôr Fernandes. Ou a “anti-Marselhesa”, segundo Nelson Rodrigues. E marcou a despedida involuntária de Vandré, que nunca mais tocaria profissionalmente no Brasil. De todos os artistas famosos que deixaram o país no período do regime militar, foi o único a não retomar a carreira. Só ameaçou voltar em 1982, quando cantou no Paraguai.Para alguns, “Caminhando” foi uma resposta a setores da esquerda que criticaram Vandré após o 1º de Maio de 1968, quando manifestantes de esquerda apedrejaram o governador paulista Abreu Sodré – o compositor foi “acusado” de ter se solidarizado com o político. O ano era conturbad e a música, como era de se esperar, repercutiu mal nos meios militares. Maquiado e de passaporte falso, Vandré deixou o país durante o Carnaval de 1969. Voltou ao Brasil em meados de 1973. Em novembro de 1970, gravou na França o seu quinto e último LP, Das Terras de Benvirá. O sobrenome artístico veio do segundo nome do pai, o médico José Vandregísilo. Geraldo Pedrosa de Araújo Dias nasceu em João Pessoa (PB), em 12 de setembro de 1935. Começou a cursar o ginásio no colégio São José, em Nazaré da Mata (PE), entre 1949 e 1950. Nos dois anos seguintes, estudou no colégio Granbery, em Juiz de Fora (MG), onde também estudou o ex-presidente Itamar Franco. De 1957 a 1961, estudou Direito na Universidade do Distrito Federal, atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Aos 71 anos, Vandré optou pelo anonimato. Mora sozinho no centro de São Paulo, mas viaja constantemente. No início de novembro de 2006, esteve no Rio e ficou hospedado, como de outras vezes, no hotel do Clube da Aeronáutica. Tem paixão por aviões – desde criança, segundo ele. Em 23 de outubro de 1985, compôs “Fabiana”, em homenagem à Força Aérea Brasileira. Segundo pessoas próximas, ainda faz música, inclusive erudita. Em raríssimas entrevistas, negou ter sido preso ou torturado.
Saiba mais
Prepare seu Coração, Solano Ribeiro, Geração Editorial, 2003
O autor conta a experiência de ter organizado os festivais (e a obra traz um CD com músicas marcantes do período)".
(http://historia.abril.com.br/cultura/festivais-cancao-coroacao-mpb-435138.shtml)
http://www.youtube.com/watch?v=eZR2x0EyJDw&feature=related
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JAIR RODRIGUES E PELÉ TRABALHANDO, mas não num campo de futebol, em fevereiro de 2009
(SEM A LEGENDA ACIMA APRESENTADA, A FOTO DOS DOIS GÊNIOS DO POVO BRASILEIRO
ESTÃO, NA WEB, EM:
sendo a legenda original a seguinte:
"Jair Rodrigues e Pelé ensaiam para o show desta noite no Ibirapuera"
, Globo Esporte SP, TV Globo, 6.2.2009)