Catalogação de Ficção Científica pelo Dr. Ruby

                     [Miguel Carqueija]

            O Dr. Ruby Felisbino Medeiros, médico homeopata domiciliado em Porto Alegre-RS, foi em sua época grande colecionador, pesquisador e catalogador de ficção científica e similares, talvez o maior do Brasil, e editou por longos anos o fanzine “Noticias do Fim do Nada”. Falecido em 31 de agosto de 2011, em 1999 havia publicado um livro artesanal, “Índice de contos de ficção científica e fantásticos”, com a colaboração da esposa Sra. Norma Medeiros, que assina a matéria sobre o “Mistério Magazine de Ellery Queen”. Atualmente trata-se de obra raríssima, provavelmente não encontrável em sebos por se tratar, com certeza, de edição restrita, que adquiri pelo correio, com páginas fotocopiadas de um só lado e capa dura, avermelhada.

            Do que trata este livro, na verdade um catálogo? Relaciona contos de ficção científica ou fantasia e terror, publicados no Brasil em obras profissionais ou amadoras, seja antologias, coletâneas, revistas, jornais ou fanzines; elenca os autores por ordem alfabética e menciona de cada um os diversos contos localizados, dando o nome da publicação, inclusive se saiu em mais de uma. Até meu nome lá se encontra ao lado de celebridades como Júlio Verne, Edgar Allan Poe, Clifford D. Simak, Isaac Asimov, Machado de Assis...

            Na parte final artigos específicos falando da garimpagem desses textos em revistas diversas como Seleções, Ellery Queen, Eu sei tudo e as publicações policiais da Rio Gráfica Editora (X-9, Meia-Noite).

            Um trabalho de Hércules que demandou demoradas visitas a sebos e considerável despesa do próprio bolso por parte do catalogador! Hoje é claro a obra está desatualizada e, apesar do gigantesco esforço, é claro que mesmo considerando até 1999 encontraremos trabalhos ausentes. Não seria possível descobrir tudo. O resultado, porém, é admirável pelo seu valor, por assim dizer, arqueológico.

            Quem se disporia, em nossos dias, a atualizar semelhante pesquisa?

Rio de Janeiro, 24 de janeiro de 2016.