A blogar uma carta satírica de Vila Rica a tristes Brasílias

 

Ó Cláudio, Tomás, Doroteu, Critilo,

minhas saudações, ainda que tardias!

Cumpre a mim refletir o mal vivido

nesta missiva, que ao povo analisa,

novamente, as cenas, se digo pôr

tal pena moderna-pós, o teclado,

no mal que não vem de Chile, de fato;

a glosar este mote, teclo à Rede e

“sei que o que les-escrevo são verdades

e que vêm muito bem ao nosso caso”.

 

As peripécias, as mesmas, caríssimos,

e o Poeta, com seu vício, tecla, às páginas,

dos grandes do país e dos pequenos

os casos do mal vivido, na intriga:

a putinha ainda dá a justo soldo e,

nua, ela continua bem vestida;

os religiosos (gozosos) devoram

homens, mulheres, meninos, meninas;

os governantes, públicos agentes,

comerciantes, policiam incestos,

que mantêm com a enxerga da justiça!

 

Também não poderiam ser diferentes

as consequências que disso provêm:

o avesso é, sim, excelente exemplo!

Por que não apresentá-lo, pois tão caro?

É certo que nem todos têm os olhos

que um Tomé teve para ver de perto:

o poder de milícia à Vila Rica

hoje é política, Critilo – sério! –,

já que a pizza dos deputados é

prato cheio prouto golpe, Senado!

 

Tudo caminha prum mesmo lugar;

se o dinheiro vem do cofre, bem sujo –  

“Tá branco, lavadas verdinhas banco:

governo é injustiça; um homem, dinheiro!” – e,

se a milícia corrupta hoje no país

coage o povo como antes, isso

faz parte desses negócios com os ternos.

De fato: a força força a porta, o muro!

Sempre foram aptos ao optar os corruptos

pelas finíssimas mãos fidindignas!

 

E mais: quais religiosos conseguem –

quem sabe a punhetas ou outras técnicas –

ficar sem fazer delícias com o sexo

pelo tempo que dizem amar seus deuses?

Aqui, padres, pastores, pais de santo

comem seu rebanho até em seus templos,

o que hoje é fácil de provar, exemplos

há tantos,  prova gravada: movimento!

Ah! mulheres, o de sempre: conventres

cobertos em catre santo, fazendo...

 

Que esses agentes, públicos, privados,

sagrados, laicos, reais, literários,

sejam oque devem ser neste espetáculo;

visto que este texto está a gravá-los

vestidos de improviso fora do ato.

Sabem os grandes, meus Cláudio e Tomás,

que o público da informática máquina,

não rechaça a chance de gravar,

seja de Paços, gabinetes, pastas,

tantas cenas de ilícitos cortadas.

 

Apois, não apostem se uma postagem

não pode escrevinhar a imagem sua,

ou se uma dessas câmeras não grava

seus truques por vídeos ou fotográficas

imagens vivas em voz telefônica,

“que dessas insolências que les-conto

não só pode ver quem mora no Chile”:

a rede toda assiste, lê, responde.

Salve esses parentes da carta anônima,

que ora incitam tristes Brasílias de hoje!

 

 

(LUIZ FILHO DE OLIVEIRA. Das Bocadas Infernéticas. WEB: 2013.)