Carlos Castelo Branco na Academia Brasileira

Rogel samuel


Leio em "Os dias esquecidos" de Ascendino Leite que num dia quentíssimo do Rio de Janeiro
- fazia 43 graus, disse Ascendino - Carlos Castelo Branco foi eleito para a ABL.

Era o dia 4 de novembro de 1983.

Carlos Castelo Branco teve 21 votos, Mário Quintana derrotado 17 votos.

Quintana concorreu três vezes, sempre derrotado.

Carlos Castelo Branco sucedeu a R. Magalhães Júnior.

Entrevistado, Quintana disse:

- Não fui eleito, mas estou em boa companhia, como a de Monteiro Lobato, que tentou duas
vezes.

Ascendino, sempre ácido, chamou o poeta Quintana de "desmunhecado", o que não sei o que
quis dizer. E "meio amargo".

Ascendino lembra que a Academia recusou Jorge de Lima 3 ou 4 vezes. "Vergonha irreparável",
diz.

Acontece que Jorge de Lima era meio "louco". Louco de genialidade. Contam que ela entrava em delírio, subia na mesa. Dizem que seu psiquiatra foi quem o aconselhou a escrever "Invenção de Orfeu", como terapia. Aquele psiquiatra merecia uma homenagem nacional.

Carlos Castelo Branco declarou que tinha sido eleito por seu jornalismo.

- "Minha obra literária é escassa e remota".

Mas Carlos Castelo Branco era um extraordinário escritor.