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 CAPITÃO BARBOSA
Miguel Carqueija



Sou o Capitão Barbosa,
herói brasileiro do espaço:
aquele que tira a prosa,
o esperto do pedaço!

A Antaprise enfim
comando com autoridade:
— Quem comeu o meu pudim?
Quem é que fez a maldade

de me caricaturar
nesse holograma horroroso?
Ainda vou estourar,
zangado sou pavoroso!

Da Força Espacial
do Brasil sou o esteio:
Capitão Barbosa, o tal,
e não me chame de feio!


Já fui em Vênus, em Marte,
em Saturno e em Plutão;
viajar no espaço é arte
e faz bem pro coração!

Com licença, seu ET,
este asteroide é da Terra!
Cheguei primeiro, não vê?
Ou vai querer uma guerra?

Alguém na porta bateu,
é o Tenente Camarista;
e a minha mão escondeu
bem depressinha a revista.

— Aqui sou eu quem comanda!
Declaro num forte tom.
Na Antaprise quem manda
sou eu! Ei, cadê meu bombom?

A navegadora diz:
— Capitão, estou afônica!
Respondo coçando o nariz:
— Tou vendo a turma da Mônica!

— Capitão, diz o imediato,
o inimigo vem com armada!
— Ora, deixa de ser chato,
estou na palavra cruzada!

Eu sou forte, competente,
destemido, valentão!
— Caramba, chama o tenente,
entrou aqui um baratão!

Pra repórter curiosa
eu vou dizendo: — Meu bem,
sou o Capitão Barbosa!
E ela arregalada: — Quem???

Senhor Superintendente,
isso pode acontecer!
Não por ser incompetente
nessa torre eu fui bater!

E no espaço sideral
mantenho a honra, altaneiro,
exaltando em alto astral
o astronauta brasileiro!

Não tenho medo de nada,
nem dos monstros de Urano:
só ordenei retirada
pra não entrar pelo cano!

Antaprise, minha nave,
vou contigo até a morte:
superando cada entrave
mas contando com a sorte!

(Rio de Janeiro, 27 de setembro de 2016)

 

 

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