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Foi o capitão Antônio Pereira da Silva um importante criador, comerciante, militar e político piauiense que viveu no período colonial. Nasceu na fazenda das Mutucas, depois denominada Malhada, no médio curso do rio Piauí, então termo de Oeiras, depois de Canto do Buriti. Era filho de Antônio Pereira da Silva(1.º), cavaleiro da Ordem de Cristo, natural de Lisboa, e de sua esposa Maria da Purificação, também lisboeta, grandes criadores de gado no vale do rio Piauí.

Desde cedo iniciou na labuta da pecuária ao lado do pai e dos irmãos, comercializando seus rebanhos nas feiras de Pernambuco e da Bahia.

Entre outras atividades, de 1782 a 1784 foi juntamente com o irmão Francisco Pereira da Silva, arrematante dos dízimos da freguesia de Oeiras. Dono de muitas boiadas, em 20 de maio de 1789, arrematou o contrato de carnes verdes da mesma freguesia, pelo prazo de três anos e preço de quatrocentos mil réis. Em 1792, recebeu o imóvel e instalações do aldeamento indígena de São João de Sende.  Em sua atividade exportou muitas boiadas para as capitanias vizinhas, a exemplo do ano de 1800, quando vendeu junto com o referido irmão somente de suas fazendas estabelecidas na freguesia de Jerumenha, inclusive a Rio Grande, hoje cidade de mesmo nome, 380 cabeças de gado vacum para a cidade de São Luís do Maranhão; e 360 cabeças para o mesmo destino, de suas fazendas Malhada e Buritizinho, no termo de Valença. Na administração de seus negócios esteve pelo menos uma vez de viagem a Lisboa, terra de seus ancestrais.

Desde cedo ingressou no serviço militar, tendo galgado o posto de tenente do Regimento de Cavalaria Auxiliar em 1º de março de 1787. Neste  posto foi encarregado de fazer um levantamento do rebanho piauiense no ano de 1802, quando concluiu que o sertão do Piauí podia exportar anualmente trinta mil bois. Depois, alcançou o posto de capitão do mesmo regimento. Por esse tempo, residia ora na cidade de Oeiras, ora em suas fazendas.

Na atividade política, foi eleito para os cargos de vereador e juiz ordinário de Oeiras, por diversas vezes, inclusive em 1790. Em 1796, era o juiz mais velho e, por consequência, passou a exercer o cargo de ouvidor-geral da capitania. E por força do cargo presidiu por todo o indicado ano a presidência da Junta Trina de Governo do Piauí.

Nesse aspecto é importante ressaltar que além de Antônio Pereira da Silva, foram vereadores, ouvidores e fizeram parte da Junta Trina de Governo do Piauí, em formações diversas, seus irmãos José Pereira da Silva e Francisco Pereira da Silva, assim como o parente e cunhado Ignácio Rodrigues de Miranda, casado que fora com sua irmã Leandra Maria da Conceição; também, o sogro João do Rego Castelo Branco e o cunhado Antônio do Rego Castelo Branco, irmão de sua segunda consorte. Estavam, pois, bem situados na estrutura administrativa do Piauí.

Em 7 de janeiro de 1775, na fazenda Buriti, de seu cunhado Ignácio Rodrigues de Miranda, casou-se com Ignez Maria do Nascimento, filha de Manoel Ribeiro Soares e de sua esposa Maria Josefa de Jesus, portugueses, senhores da fazenda da Onça, nas cabeceiras do rio Piauí. Desse consórcio teve pelo menos uma filha, com o mesmo nome da mãe, que foi casada com seu sobrinho José Pereira da Silva(filho de Francisco).

Depois de viúvo, em 10 de setembro de 1787, convola novas núpcias com Ana Pulcheria do Monte Serrate Castelo Branco(2º casamento desta), filha do tenente-coronel João do Rego Castello Branco e de sua esposa Perpétua Luiza de Barros Taveira, passando a residir na fazenda das Flores; foram filhos desse casal: Antônio Pereira da Silva(3º), Cel. Raimundo Pereira da Silva e Félix Pereira da Silva.

Faleceu o capitão Antônio Pereira da Silva em 1812, tendo sido dado baixa em seus assentamentos pelo provedor da real fazenda, em 13.5.1812. Ficam essas notas como contribuição à reconstituição de sua memória.

(Diário do Povo, 27.11.2016)