A contracultura foi um grande movimento que floresceu na década de 1960. Marcou o mundo, introduziu-se na história e influenciou gerações. Não foi mero capricho de uma juventude rebelde. Foi mais que isso. Ela nasceu do desejo de mudar o mundo. A diferença é que esses jovens partiram para a ação. E lutaram de forma pacífica por seus objetivos. Não conseguiram modificar a realidade. Porém, transformaram mentalidades...
É sem dúvida, um movimento sociológico. Sociológico, porque trata de sociedade. Porque é um movimento revolucionário. Porque envolve valores e ideais. Porque é realizado por indivíduos sociais. Porque é um fenômeno social, uma revolução social.
Procuramos não somente definir o que é contracultura. Embarcamos nos movimentos que a compuseram. Convidamos você, caro internauta, a navegar conosco nestas páginas. Avisamos de antemão, que a paciência é bem-vinda nesta viagem. Afinal, as particularidades merecem destaque, por isso a extensão do trabalho.
Vale a pena uma leitura atenta. Rock, hippies, tropicalismo, o “ano que nunca acabou”, os beatniks, punks, cultura underground, Woodstock e Altamont são atrativos desta turnê pela história.
Para embarcar, deixe valores próprios e sua concepção de mundo. Liberte-se de preconceitos e não seja etnocêntrico. Vá de mente aberta e não leve bagagem. Estamos à sua espera. Podemos começar?
“Num mundo mecânico e despersonalizado, o homem tem uma sensação indefinível de perda; uma sensação de que a vida se tornou empobrecida, de que os homens estão de certa forma ‘desenraizados e deserdados’, de que a sociedade e a natureza humana foram igualmente atomizadas, e assim mutiladas, e, sobretudo de que os homens foram separados do que quer que possa dar sentido a seus trabalhos e suas vidas.”
(TAYLOR, Charles; JOSEPHSON, Eric; JOSEPHSON, Mary. Man Alone. Dell Publishing, 1962. p. 11.)
INAUGURA-SE UMA NOVA VISÃO DE MUNDO
A forma diferente de manifestar e a temática nada comum – paz e amor, em vez de luta contra a fome e a miséria – davam à contracultura um ar de alienação. Não se restringia ao local; o movimento tinha proporções continentais, dizia respeito a toda uma aldeia global. O que se contestava eram os tabus morais e culturais, os costumes e padrões vigentes, enfim, as instituições sociais. Propunha-se novas maneiras de pensar, sentir e agir, criava-se outro universo com regras e valores próprios.
Uma característica notável é que este movimento não se baseia na luta de classes. A contracultura encontra no jovem o seu intérprete e o seu motivo mais forte. Foram grupos de jovens brancos das camadas médias urbanas que iniciaram os protestos. Justamente eles, que tinham acesso aos privilégios da cultura dominante. Nesta luta, o jovem negro tornou-se importante aliado, porque historicamente, já era símbolo de rebeldia contra o sistema americano. O conflito de gerações foi intenso e começava na família, bem como era marcante a consciência etária (oposição jovens/ não-jovens). Mesmo assim, alguns teóricos e gurus possuíam idade avançada. Herbert Marcuse e Norman Brown confrontavam suas obras com Marx e Freud ao analisar as sociedades industriais e as possibilidades de transformação revolucionária.
Tudo começou na década de 1960. Os EUA vivenciava um período de pós-guerra, com a corrida armamentista e o acirramento das lutas raciais. As transformações socioeconômicas advindas com a criação do Estado do Bem Estar Social provocaram mudanças nos hábitos e comportamentos juvenis. Eles tiveram que se adaptar radicalmente à tecnocracia (sociedade gerenciada por especialistas técnicos e modelos científicos), que resultava numa realidade mecânica e desprovida de qualquer impulso criativo. Diante deste contexto, os jovens procuraram “cair fora” (drop-out) e criar sua própria cultura.
Além da ampliação dos cursos superiores que favoreceu a concentração de estudantes em espaços de discussão, as manifestações contraculturais descobriram na mídia uma potente arma para propagar os seus ideais. Os meios de comunicação em plena expansão aproximavam os jovens e universalizavam os novos valores. Aliás, foi a imprensa norte-americana quem deu nome ao movimento que nascia nos EUA, florescia na Europa e chegava, com menor intensidade, na América Latina.
Por ser uma resposta à cultura massificante do Ocidente, era de se esperar que a contracultura tivesse características bastante incomuns para a época. Com caráter fortemente libertário e questionador, repreendia as políticas de esquerda tradicional e discordava dos princípios capitalistas e sua economia de mercado, daí o anticonsumismo. Os meios de comunicação em massa, especialmente a televisão, foram amplamente criticados: um ponto contraditório, se considerada a relevância destes meios enquanto difusores do movimento. Além disto, qualquer tipo de violência ou conflito era repudiado, por isso, a busca pela paz. Plantou-se uma nova concepção de família, casamento e relação sexual, a qual admitia liberdade nestes relacionamentos. Pregava-se a vida comunitária e a valorização da natureza, sendo o vegetarianismo, opção à alimentação natural. A religiosidade ocidental foi posta em xeque com a aproximação das práticas religiosas orientais, principalmente o budismo. Colocou-se em voga o respeito às minorias raciais e culturais. Para completar, a experiência frequente com drogas psicodélicas.
Não era difícil identificar a “tribo”. Os “rebeldes sem causa” ou a “juventude transviada” apresentava sinais evidentes: cabelos compridos, roupas coloridas, misticismo, rock, viagens de mochila, drogas, orientalismo. A aparência, o modo como se vestiam ou não (eram adeptos da nudez) e o penteado caracterizavam o novo “personagem”.
Como não encontraram respostas na luta política, canalizaram o protesto para outras áreas. Buscaram nas artes o espaço que desejavam e foram bem-sucedidos nisto. Os primeiros passos da contracultura surgiram com a Geração Beat: poesia anti-intelectualista com tradição boêmia. Mas foi a música, a via de maior alcance. Folk, blue e rock’n-roll expressavam, através de suas letras, a rebeldia e o descontentamento. A tentativa de ingresso na política se deu com a criação do Youth International Party (Partido Internacional da Juventude). Já o Maio de 68 representou o ápice dos movimentos estudantis. Também são desta época os grandes concertos musicais de Woodstock e Altamont. No Brasil, a Tropicália de Gilberto Gil, Caetano Veloso e Gal Costa é um bom exemplo.
Alguns dizem que a contracultura assumiu duas vertentes. Uma delas é a atitude hippie, onde o confronto é o distanciamento da sociedade comum. Na outra, assume-se um caráter militante, clandestino e até terrorista, é o estereótipo do guerrilheiro.
Em síntese, a contracultura é uma anticultura. Surgiu como antídoto para a cultura tradicional. Para alguns, a afirmação e a sobrevivência de uma significava a negação e a morte da outra. Pensamento radical, pois não há contracultura sem uma cultura a ser contestada. O movimento pregava menos discurso formal e mais prática informal. Queria provar que, mesmo as lutas ideológicas e pacíficas podem obter sucesso.
Em meados dos anos 70, a contracultura começou a perder seu vigor. De fato, o desejo revolucionário foi mais marcante do que o acontecimento revolucionário em si. Na realidade, a mobilização contestou mais do que venceu, imaginou mais do que transformou, expressou mais do que organizou. As mudanças que se queria não ocorreram. Mesmo assim, suas heranças são perceptíveis. A luta pela igualdade de direitos para as minorias (mulheres, homossexuais, etc), as passeatas contra as guerras e em favor do meio ambiente, assim como movimentos anti-racistas e pela legalização das drogas são resultado destas mobilizações.
Parece inseparável da contracultura o clichê “sexo, drogas e rock’n-roll”. Falar deste assunto sem vinculá-lo às palavras de ordem: “Paz e Amor”, “É Proibido Proibir”, “Aqui e Agora”, “Gozem sem Entraves”, “Paradise Now” é impossível. É necessário abandonar valores próprios para entender aqueles “cabeludos”, “psicodélicos”, “motoqueiros”, “andarilhos”, “malucos”. Porque como cantou Caetano Veloso em sua música Vaca Profana (nome bem sugestivo, não?), de perto, ninguém é normal.
CONTRACULTURA REGADA A DOSES DE POESIA
Para Jean-Paul Sartre, esta seria a “Geração Perdida”, que buscava demonstrar todo o descaso, desilusão e desprezo que tinha por aquela sociedade mesquinha e consumista. Os beats mais famosos definiam o movimento de maneiras diversas. Jack Kerouac usava vários significados para, assim, manter um aspecto indefinível. Allen Ginsberg – autor do poema Howl, a representação literária mais importante daquela geração – se esforçava para aliar o beat à literatura, mostrando toda a sua insatisfação através dela. Já a escritora Hettie Cohen Jones dizia que uma Geração não pode ser assim chamada, caso os integrantes caibam em sua sala de estar.
Críticas à parte, o certo é que existiram dois grupos beat: o primeiro surgiu na década de 1940, em Nova York e, o segundo nasceu em São Francisco, na década de 1950. Em ambos os grupos, a arte foi usada – sendo que no segundo, além da literatura também abusaram da pintura e da escrita, transcendendo-se o ambiente urbano, chegando-se ao campo e até mesmo ao meio espiritual – de forma distinta como megafone para alertar sobre todo o industrialismo, consumismo e o crescimento da indústria de massa que tanto massacrava o expressar do homem.
Foi em 7 de outubro de 1955 que a Poesia Beat deu seu primeiro grito, quando um grupo de poetas anônimos fez um recital gratuito numa galeria velha de um bairro negro em São Francisco... E não houve lugar melhor. Kerouac, que estava ali como espectador, arrecadou dinheiro, comprou vinho barato e junto com a plateia, formada por negros e latinos, ouviu poemas que falavam de uma sociedade que a maioria dos presentes ali conhecia muito bem. Tudo isso fluiu de uma forma pura, ao som do bom jazz, sem a engenhosa máquina promocional corrompendo pensamentos. Nesta data, o poema Howl for Carl Solomon, símbolo do movimento, foi recitado pela primeira vez:
"Eu vi as melhores mentes da minha geração destruídas pela loucura,
Aquela data marcou o nascimento de uma nova poesia norte-americana. Para Gary Snyder, "aquele momento representou uma sensação de liberdade expressiva, uma libertação do ambiente universitário que sufocava os poetas e esvaziava a imaginação, por tratar de discussões tediosas como o capitalismo".
A popularização do beat ocorreu por meio da imprensa, que fez questão de divulgar todos os julgamentos sobre as várias publicações literárias da Beat Generation. De certa forma, foi um modo de ascensão meio incomum para um movimento de contracultura, porque ocorreu em plena década de 1950, onde a Guerra Fria, a luta contra o socialismo e o governo de Joseph McCarthy estabelecia cruzadas constantes entre si. Ainda assim, o livro Howl and Other Poems, de Alen Ginsberg, saiu do julgamento reconhecido como “de valioso conteúdo social”, tendo-se uma das primeiras vitórias da arte sobre a censura norte-americana.
O movimento literário Beat abordava assuntos como homossexualismo, sexo dentro e fora do casamento com múltiplos parceiros, uso de entorpecentes e outros temas polêmicos para a época. Com a disseminação do movimento, surgiu o termo beatniks, cujo sufixo nik deriva do satélite russo Sputnik, evidenciando seu caráter subversivo baseado na oposição entre capitalismo e socialismo.
A indústria de massa apoderou-se da popularidade da Geração Beat e começou a vender discos de Jazz que carregavam o emblema dos beats. Os locais frequentados pelos primeiros beatniks se transformaram em ponto turístico, onde jovens com costeletas largas, boinas, óculos escuros e barbichas se reuniam para ouvir jazz, porém mal sabiam o que o movimento realmente queria.
Segundo Ginsberg, a Generation Beat desejava uma percepção abrangente da realidade, fugindo da visão convencional de uma América rica e próspera. Era receptiva a novas visões de mundo, fossem estas provenientes da arte ou da espiritualidade e não das drogas ou vandalismo.
Em suma, há quem diga que o beat era um tipo boêmio que se expressava através de sua literatura singular – sem regras gramaticais, ortográficas ou algo parecido –, ou um anarquista romântico que, além de escrever, enchia a cara com álcool e entorpecentes e saia dirigindo pela Rota 666 sem destino, ou ainda, há quem o considere um grupo que ignorava o intelectualismo e se deixava levar por sua ludicidade, desprezando a necessidade de trabalhar, enriquecer e morrer, imposta pelo capitalismo. Entre tantas adjetivações e tentativas de definição, algo é certo: a Beat Generation foi a geração responsável por dar o pontapé inicial naquilo que explodiria, literalmente, nos anos de 1960: o power flower, que, com seu rock e vontade de mudança, protagonizaria diversos movimentos importantes mundo afora.
Diferente do que muitos pensam o Rock não é apenas um estilo musical, mas um importante movimento social que teve seu início na década de 1950, nos Estados Unidos. Essa agitação predominantemente jovem obteve grande impacto na sociedade da época e se manifestou especialmente na música, no estilo das roupas, cinema e comportamento. O fato social de protesto e indignação trouxe muitas mudanças principalmente na mentalidade da juventude.
O contexto de nascimento do Rock foi o pós-segunda guerra mundial nos EUA, tempos de extremo consumismo da sociedade, uma vez que, grande parte das invenções para uso militar se tornaram produtos para o consumo da população. Também foi o período da Guerra Fria, que “dividia” os jovens em: socialistas, anarquistas, capitalistas e os que não eram nada. Neste cenário, começaram a surgir filmes baseados na sociedade alienada, que mostravam motoqueiros invadindo cidades e rapazes delinquentes homicidas, evidenciando em forma de violência, a indignação da juventude marginalizada para com o sistema. Até que em 1955, o filme de maior sucesso dentro desse “gênero”, Sementes da Violência surgiu com a música tema de Bill Haley, Rock Around The Clock: o primeiro sucesso do movimento que, tornou-se o hino dos jovens, “um lugar onde se apoiavam”.
No ano seguinte, surge o famoso rei do Rock: Elvis Presley. Um símbolo sexual que cantava com um negro teve o poder de transformar o Rock de modismo em revolução, mesmo que ainda não fosse nada engajado. Com voz rouca e um jeito inigualável de dançar, o cantor atingiu vendas extraordinárias durante toda a sua carreira, permitindo-o manter o título de rei mesmo depois de sua morte, em 16 de agosto de 1977.
Em 1962 são apresentados ao mundo os Beatles e sua grande composição: Love Me Do. Com a imagem de bons rapazes e a música dançante, o êxito dos garotos de Liverpool aumentava a cada ano, tornando-os a banda mais conhecida durante os anos 60 – mais conhecidos do que Jesus Cristo, como disse um dos integrantes da banda –, algo que ajudou a difundir o Rock como fenômeno mundial.
As canções de rock’n-roll representavam a realidade da época: ruas cheias de carros, pessoas se amando, se odiando, sapatos pisando no asfalto, hotéis, lanchonetes, bombas de gasolina. As letras tratavam de problemas cotidianos dos jovens, desde as complexas relações humanas até o prazer de ouvir rock’n-roll bem alto dirigindo um carrão. Inicialmente, esse estilo tinha como temas principais: convites à dança e ao amor, descrição de carros e garotas, histórias de colégio e dramas da adolescência.
Mais tarde, no princípio dos anos 1960, apareceram artistas como Bob Dylan que revolucionaram o cenário do Rock, trazendo músicas engajadas para um público menos alienado – tal revolução musical, juntamente aos movimentos pacifistas e manifestações contra a Guerra do Vietnã, deu à década de 60 o apelido de “Anos Rebeldes”. Canções como Masters of War eram denúncias ao militarismo e à corrida nuclear que assombrava todos. Dessa forma, os grupos de Rock passaram a buscar novas dimensões expressivas que continuam até os tempos atuais, quando, infelizmente ele não está tão popular quanto nos velhos tempos.
Em 1969, o Festival Woodstock torna-se o símbolo desse período. Sob o lema “paz e amor”, meio milhão de jovens compareceram ao concerto que contou com a presença de Jimi Hendrix e Janis Joplin. Trinta e dois dos mais conhecidos músicos da época apresentaram-se durante aquele fim de semana chuvoso. Apesar das tentativas posteriores de emular o festival, Woodstock provou ser único e lendário, reconhecido como um dos maiores momentos na história da música.
A FILOSOFIA DO PAZ E AMOR
Os hippies formavam um mundo à parte, colorido ao gosto deles. Diferenciavam-se dos outros pela aparência: cabelos agressivamente compridos e roupas exóticas. Seus protestos eram pacíficos, as manifestações tinham slogans alegres e possuíam o hábito nada comum de distribuir flores durantes as passeatas. A conduta hippie se fundamentava numa filosofia de “Paz e Amor”.
Adeptos de um modo de vida comunitário queriam viver perto da natureza e procuravam organizar comunidades agrícolas baseadas no trabalho manual. Respeitavam as questões ambientais, a emancipação sexual e a prática do nudismo. Simpatizavam com religiões orientais como o budismo e o hinduísmo. Opunham-se à Guerra do Vietnã, ao nacionalismo, ao patriarcalismo, ao militarismo, ao poder governamental, ao capitalismo, às corporações industriais, à massificação, ao autoritarismo e aos valores que, segundo sua concepção, eram ilegítimos.
O misticismo, o psicodelismo e as drogas justificavam a oposição ao racionalismo. Tinham três eixos de movimentação: da cidade para o campo, da família para a vida em comunidade e do racionalismo cientificista para os mistérios e as descobertas das coisas místicas.
Em seu auge, bairros e avenidas tornaram-se centros de hippismo. Haight-Ashbury (em São Francisco), Sunset Boulervad (em Los Angeles), Old Town (em Chicago) ou East Village (em Nova York), além de Londres e Amsterdã e outras cidades marcadas pelo exotismo como Katmandu, Marrakesh e Cuzco são bons exemplos.
O ano de 1967 foi marcante. Em São Francisco, palavras de ordem como “os hippies morreram! Viva os homens livres!” acompanharam a cremação de um caixão, representando o enterro simbólico do movimento hippie. Também ocorreu nesta época a fundação do YIP (Partido Internacional da Juventude). Surgia assim, a figura do yippie – o hippie politizado – convergindo os projetos de revolução cultural e política.
Em 1970, parte das características hippies havia sido incorporada na cultura principal. Entretanto, a grande imprensa perdera o interesse pelo movimento, ainda que alguns tivessem intíma ligação com a mídia. Além disso, como evitassem a publicidade, chegou-se a cogitar o fim da era hippie.
No Brasil, a introdução do hippismo, bem como a contracultura num todo, coincidiu com o período ditatorial, travado por fortes rivalidades políticas e ideológicas. O governo tentou impedir a liberação dos costumes através da censura e da repressão.
De fato, a cultura (ou contracultura) hippie perdeu muitos de seus adeptos e valores originais. O movimento minguou à medida que, os ideais libertários foram transformados em mercadoria pela indústria cultural. Mesmo assim, ainda existem grupos que seguem os preceitos do hippismo. Geralmente, eles estão espalhados em praias e comunidades alternativas, a exemplo das cidades brasileiras de São Tomé das Letras em Minas Gerais, Trancoso na Bahia e Pirenópolis em Goiás. Às vezes, estes reminiscentes se encontram para celebrar a vida e o amor em festivais e reuniões da “família arco-íris”. Para dimensionar a força e a importância do rock no cenário hippie, o cantor Raul Seixas e a banda Os Mutantes são citáveis.
Em Goiânia, a Feira Hippie nasceu no ápice do movimento, com o propósito de expor as peças artesanais produzidas pelos hippies. Porém, ela se tornou um ambiente meramente comercial e, hoje, de hippie, só mesmo o nome da feira.
Apesar da desintegração dos hippies enquanto organização embasada na luta contra o sistema, é considerável o legado deixado por eles. Os protestos ambientais, a liberação dos costumes, o nudismo, o vegetarianismo, o estilo despojado, entre outros, sempre remetem ao hippismo. Aliás, o que todos procuram senão Paz e Amor?
O ANO QUE NUNCA ACABOU
O ano de 1968 foi de revoltas no mundo todo. Os jovens inspirados pela contracultura e por ideais de liberdade e igualdade foram às ruas mostrando toda a sua força. Vários acontecimentos marcaram aquele ano que se tornou determinante na história.
A guerra do Vietnã mostrou, no começo de 1968, a queda do poderio bélico dos Estados Unidos. Além disso, causou grande agitação e protesto da comunidade negra norte-americana o assassinato do pastor Martin Luther King, que defendia a igualdade racial e os direitos cívicos dos negros.
Contudo o Maio de 68 foi o movimento contracultural de maior repercussão daquele ano. Buscando o fim de uma sociedade francesa fechada e conservadora, governada pelo general Charles De Gaulle, o movimento estudantil entrou em confronto com a polícia. Essa ação culminou numa greve geral de estudantes e trabalhadores, unindo franceses de todas as idades, sexos e ideais. Tal mobilização alcançou vários países europeus, que se embeberam da igualdade social e sexual, dos direitos das minorias e da democracia.
Na Nigéria, a Guerra de Biafra desencadeou um movimento humanitário internacional para acabar com a fome na região. Inspirada pelo Maio de 68, a Primavera de Praga foi outro destaque. Na defesa de um socialismo preocupado com os cidadãos e no intuito de promover uma abertura da Tchecolosváquia, integrantes do Partido Comunista Tcheco propagaram a ideia do "socialismo com face humana". O movimento foi arrasado pela invasão soviética à Praga e, isso impediu a realização da reforma proposta pelos comunistas.
No México, o massacre de cerca de 200 estudantes pelas forças de ordem causou grande comoção. No Brasil, o “ano que nunca acabou” caracterizou-se por fortes protestos, especialmente após a morte do estudante Édison Luís de Lima Souto durante a invasão do restaurante Calabouço. As manifestações estudantis e sindicalistas continuaram até a implantação do AI 5, que censurava a música, o teatro e o cinema que abordavam política e valores imorais.
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WOODSTOCK E ALTAMONT: ENTRE O CÉU E O INFERNO
Há 40 anos o mundo via tomar corpo, voz e expressão, o espírito independente de uma geração de jovens descontentes com os padrões sociais que guiavam suas vidas. John Roberts, Joel Rosenman, Artie Kornfeld e Michael Lang não imaginavam as proporções que aquele evento, inicialmente preparado para 50.000 pessoas, alcançaria em todo o mundo. A Feira de Arte e Música de Woodstock foi, sem dúvida, a maior manifestação que a contracultura realizou ao longo dos tempos.
Enquanto quase 500.000 pessoas se reuniam em uma fazenda no Condado de Sullivan, mais precisamente na cidade de Bethel, o mundo vivenciava os horrores da Guerra do Vietnã e a chegada de Neil Armstrong à Lua, tudo isso sobre o tabuleiro da Guerra Fria. Todos esses fatos, somados ao espírito produzido pelos acontecimentos de maio de 1968 na França, inspiraram nas pessoas, sobretudo nos jovens, um acalorado sentimento anti-guerra.
Apesar dos fatores políticos terem grande importância no desenrolar dos acontecimentos que culminaram no Woodstock, a maior contestação daqueles garotos e garotas eram as regras sociais que trilhavam o “processo civilizatório” no qual eles viviam. A repressão que a sociedade exercia (e ainda exerce) em relação ao que lhe parece estranho ou foge aos padrões ditos normais, foi muito bem representada por esse festival. Lá as pessoas eram livres para cultuar o amor da forma que quisessem, usar as drogas que quisessem, enfim, agir como quisessem. Estas atitudes podem ser consideradas por muitos como libertinas e sem valor social. Porém o que aqueles jovens queriam provar era justamente que podiam fazer de seus corpos o que bem entendessem, exatamente pelo fato de serem seus. Logo as regras sociais não teriam mais voz ativa em suas vidas, porque tinham o livre arbítrio para tomar as decisões que lhes pareciam mais certas. Mesmo que estas decisões não pudessem ser aceitas pela grande maioria, como não o foram.
O festival Woodstock teve início no dia 15 de agosto de 1969, numa sexta-feira às 17h07min. A quantidade exorbitante de pessoas que compareceram ao evento surpreendeu a todos. Inicialmente os jovens idealizadores do projeto tiveram grandes problemas para encontrar um lugar que pudesse sediar a festa. As comunidades locais entendiam que os shows atrairiam baderneiros e que as pequenas cidades não tinham estrutura para abrigar tantas pessoas (mesmo a previsão de 50.000 chocava, porque ninguém havia presenciado um concerto tão grande). Após algumas tentativas e várias renúncias conseguiram uma fazenda próxima à Nova Iorque.
O primeiro dia foi marcado por uma forte chuva, que atrapalhou bastante os shows e castigou o público com suas barracas. Somado a isso, houve um engarrafamento de proporções jamais vistas nos Estados Unidos, que impedia o público e as bandas de chegarem ao local. Devido à falta de bilheteria, todas as pessoas que deixaram para comprar o ingresso na hora, entraram gratuitamente. Isso levou a organização do festival a derrubar a cerca da fazenda. Os outros dias seguiram acompanhados de chuva, falta de comida e muito rock’n-rool.
Infelizmente o Woodstock também foi marcado por algumas tragédias. Raymond Mizark, de apenas 17 anos, adormecia sob um saco de dormir próximo a uma pilha de lixo que era arada por um trator. O trator passou em cima do garoto. Outros dois rapazes morreram em decorrência de uma overdose. Segundo um relatório do Departamento de Saúde do Estado, lançado em outubro de 1969 foram registrados 5.162 casos médicos, 797 casos de abuso de drogas e 8 abortos. Nenhuma criança nasceu dentro da fazenda, embora 3 bebês tenham vindo ao mundo em um hospital improvisado, montado há apenas alguns quilômetros do local.
Apesar das condições de calamidade pública em que ocorreu o festival, ele conseguiu alcançar seu objetivo, que era chocar a sociedade com um movimento pacífico, mais na linha da desobediência civil. As roupas, os cabelos e a nudez comunicaram tanto quanto as músicas que continuam tocando em nossos ouvidos, imortalizadas nas vozes de Janis Joplin, Jimi Hendrix e The Jefferson Airplane, entre tantos outros participantes do Woodstock. De certa forma a magia desses três dias de liberação continua viva entre nós e é reforçada pelos inúmeros festivais contemporâneos em sua homenagem.
Porém, Woodstock logo seria esquecido devido ao episódio sangrento de Altamont. No final de 1969, os Rollings Stones resolveram promover um concerto gratuito aos seus fãs californianos para comemorar uma turnê bem-sucedida. Contrataram grupos famosos como Santana, Gratteful Dead e Jefferson Airplane e deram um caminhão de cerveja à gangue de motociclistas Hell’s Angels, como pagamento pela segurança do evento.
Superando as expectativas, cerca de 300 mil pessoas compareceram, causando congestionamento nas vias de acesso. O “inferno” em que Altamont se transformou foi reforçado pelo exagerado consumo de ácido, maconha, bebidas alcoólicas e bolinhas de anfetamina. No festival, presenciou-se muita violência, brigas e discussões. Saldo: quatro mortes. Duas pessoas morreram atropeladas, uma morreu afogada e um negro foi esfaqueado por um dos Angels quando apontou uma arma na direção do palco.
Altamont foi a antítese de Woodstock. O primeiro foi marcado pelo fim da Era Aquarius e por sentimentos de frustração, perplexidade e fracasso. Já o segundo foi, nas palavras de Abbie Hoffman, a “primeira tentativa de aterrissar um homem na terra”. Respectivamente, resultaram nos filmes Gimme Shelter e Woodstock, tamanha a repercussão. Na memória das pessoas, Woodstock foi o bem e Altamont é o mal. Enquanto um foi a síntese do ideário propagado, o outro caracterizou a contra-utopia dentro da própria contracultura. Woodstock foi o sonho colorido, Altamont representou as nuvens negras do movimento. Desta forma, marcaram a história e, é assim que são lembrados: companheiros inseparáveis.
TROPICALISMO: CONTRACULTURA À MODA BRASILEIRA
Apesar de naquela época o país estar mergulhado em plena ditadura militar, a geração dos Centros Populares de Cultura, da Arena e dos movimentos estudantis continuava a pleno vapor, exercendo de uma energia criativa que parecia inesgotável.
Foi neste ambiente que nasceu a Tropicália. Liderado pelos músicos Caetano Veloso e Gilberto Gil, o Tropicalismo usa as ideias do Manifesto Antropofágico de Oswald de Andrade para aproveitar elementos estrangeiros que entram no país e, por meio de sua fusão com a cultura brasileira, criar um novo produto artístico. A relação do Tropicalismo com a Contracultura está nos valores utilizados pelos integrantes do movimento, que eram diferentes dos aceitos pela cultura dominante, com referências consideradas cafonas, ultrapassadas e subdesenvolvidas. Os tropicalistas pretendiam subverter as convenções, transgredir as regras vigentes, tanto nos aspectos sócio-políticos, quanto nas dimensões da cultura e do comportamento.
O manifesto do movimento foi o disco Tropicália ou Panis et circencis (1968), uma mistura do refinamento da Bossa Nova com influências dos Beatles. As guitarras elétricas, inseridas no cenário musical brasileiro pelos tropicalistas, causaram polêmica em uma classe média universitária nacionalista, contrária às influências estrangeiras nas artes.
O Tropicalismo também se manifestou em outras áreas, como na escultura Tropicália (1965), do artista plástico Hélio Oiticica, e na encenação da peça O Rei da Vela (1967), do diretor José Celso Martinez Corrêa (1937).
A irreverência tropicalista revolucionou o comportamento e os critérios de gosto vigentes, tanto em relação à cultura quanto à moral e à conduta, ao corpo, ao sexo e ao vestuário. A contracultura hippie foi assimilada, com a adoção da moda dos cabelos longos encaracolados e das roupas escandalosamente coloridas.
O movimento durou pouco mais de um ano e acabou reprimido pelo Governo Militar após a decretação do Ato Institucional n° 5 (AI-5), em dezembro de 1968, quando ocorreu a prisão de Gil e Caetano. A cultura do país, porém, já estava marcada para sempre.
O movimento contracultural nascido na década de 1960 perdeu adeptos e se desintegrou com o passar dos anos. Hoje, restam manifestações isoladas que pouco lembram a contracultura original.
Os jovens contemporâneos não possuem o engajamento político e ideológico daqueles de outrora. Dizem que a juventude de agora é alienada e busca freneticamente o inusitado. Parece que desejam aparecer de alguma forma, encarnam os “desencanados”, integram suas tribos, se destacam pela autenticidade.
A constante da nova contracultura parece ser a desestruturação do que existe. Um exemplo é o rock, símbolo da rebeldia nos anos 60, que se tornou um mosaico de tendências. Os líderes desta geração da contracultura não são aprovados pela mídia. Os festivais atuais como o Lollapalooza são mais liberais com relação ao sexo e às etnias.
Hoje, a contracultura não tem um objetivo comum a ser atingido. Talvez seja esta a causa de o movimento estar configurado dessa forma. E assim continuará, até que nasça uma geração de inconformados o bastante para tentar mudar o mundo.
A subcultura do rock’n-roll tem sido instável e complicada de se definir. Parece idealístico e improvável que o rock – que começou vários anos antes de Elvis Presley e continua existindo em vários formatos até hoje – tenha tido um objetivo maior do que o de entreter.
Jovens rebeldes foram atraídos por esses tipos variados ao longo de quatro décadas, mas como um todo, o rock tem sido apenas outra parte da indústria do entretenimento em constante crescimento. O rock’n-roll antigo falava vagamente das barreiras raciais e desigualdades dos anos 50, mas foi só no final dos anos 60 que a política, de uma forma distinta, foi enfocada por ele. Foi nessa época que o rock mostrou seu poder e a subcultura se tornou uma contracultura.
Uma exceção à política e às ações previsíveis do rock é o chamado movimento punk. A data e o local de seu nascimento são discutíveis. A cena de Nova York do final dos anos 60 e início dos anos 70 ou os punks ingleses de 1975/1976 podem receber as honras. Contudo, nenhum deles merece uma longa investigação, pois a política específica e a formação genuína do movimento só se deram no final dos anos 70.
O objetivo dos primeiros punks era expressar sua fúria de uma maneira áspera e original. A coisa mais odiada no mundo era alguém que fosse um conformista assumido. Muitas bandas punks montaram suas plataformas ou mensagens baseadas no não-conformismo. O conformismo é rejeitado em todas as frentes possíveis a fim de perseguir a verdade ou, às vezes, apenas para chocar as pessoas.
Os jovens são conhecidos por atravessarem uma fase de rebeldia que se manifesta contra os pais, a escola e autoridades em geral. O punk tem sido erroneamente rotulado simplesmente como uma dessas fases, na qual a pessoa rebelde tenta mostrar que é diferente de seus pares. É verdade que os estilos tradicionais de vestimenta e da música punk-rock são muitas vezes ofensivos e chocantes para o público comum, mas não é muito eficaz ou útil. Os punks evoluíram bastante para preferir a substância em vez de estilo, um fato sempre ignorado ou distorcido pelas representações da mídia. Não basta parecer diferente do normal, é importante tornar-se, conscientemente, senhor de si.
A rebeldia é uma das poucas características inegáveis do punk. Ela está implícita no significado do movimento e de sua música e suas letras. Quer a pessoa alcance o discernimento necessário para reconhecer realizações pessoais importantes ou não.
Nem todos os punks concordam em como apoiar os outros ou realizar mudanças fora de seus próprios círculos, mas existem necessidades em que a maioria adere. Como agora, o punk é composto nitidamente de uma maioria branca da classe média trabalhadora, em vez de operários brancos pobres ou de minorias, uma ação importante foi rejeitar seus lugares privilegiados na sociedade. Na opinião de um colunista da revista punk Profane Existence, “os punks são herdeiros da ordem mundial branca, racista, patriarcal e capitalista. Mas tiveram a iniciativa moral de rejeitar sua raça e posição social herdadas, porque sabem que elas não valem nada”.
Se os punks vieram ao mundo para ser filhos e filhas dos EUA, ao invés disso, eles se tornaram órfãos de uma sociedade arruinada.
UNDERGROUND: EXPRESSÃO DE RESISTÊNCIA
Por definição, o movimento Underground representou, nos anos 60, e ainda representa um movimento de resistência, vanguarda cultural, contracultura. A palavra vanguarda vem do francês e era usada nos batalhões de infantaria das guerras. Com o tempo, passou a denominar tudo o que estava na frente, na moda, era notável. Assim, os beatniks, hipsters, hippies, rockers e outros se colocavam dentro da realidade sessentista como representantes de uma cultura alternativa em que o SER homem não se limitava às regras sociais impostas.
Tal movimento começou oficialmente através das poesias beats (anos 40) e seguiu se modificando – mas nunca perdendo a base revolucionária – chegando até a década de 1970 com o surgimento do punk. Essas manifestações eram muito mais do que música ou modo de se vestir, eram encaradas como ideologias, através das quais era possível fugir das linhascontroladoras do capitalismo ou do sofrimento causado por ele. Eram, principalmente, jovens que dentro de seus respectivos grupos revolucionários buscavam mudar a mentalidade social e, a partir disso, transformar a estrutura da sociedade; seria uma mudança de comportamento, mentalidade e atitudes.
Atualmente, o termo é usado para definir tudo aquilo que é restrito à cultura alternativa, se opondo ao “mainstream” (cultura de massa). São artistas que procuram produções baratas, alternativas e livres de qualquer impedimento imposto pelos grandes estúdios, produtores, editoras e grandes galerias de arte. Para algumas pessoas, como a fotógrafa Patrícia Cecatti, “esse ‘ar de revolução’ se dissipou e movimentos como o punk e o hippie desapareceram, restando apenas, roupas, atitude e influências musicais”. Como diria John Lennon: “The dream is over”! (O sonho acabou!)
Para alguns, a realidade é outra. Para Debbie, primeira mulher a ter um selo independente em toda a América Latina e dona da Ordinary Recordings, o punk não acabou e a filosofia Do it yourself ainda continua. “O punk hoje tem mais uma coisa de camisetas em branco, vegetarianismo, no religion. Vender seus discos sem usar a mídia de forma corrosiva, trabalhar com ética, se recusar a fazer parte do esquema, essa é a verdadeira rebeldia”.
Com a ascensão da Internet, as possibilidades de se popularizar um movimento ficaram maiores e, assim, as pessoas que hoje ainda tem um pouco dessas décadas de mudança podem reciclar estes movimentos sem perder alguns ideais. No entanto, é fato que não há mais aquela efervescência jovial.
Aqui no Brasil, o cenário underground é representado pela imprensa alternativa, por gêneros musicais como o punk e pelo cinema alternativo. No que diz respeito à música, surgiu no Nordeste, na década de 1970, um movimento baseado nas experiências revolucionárias dos anos anteriores. O chamado “Movimento Udigrudi” fazia uma analogia ao cenário underground que explodia mundo afora. Zé Ramalho e Alceu Valença são figuras famosas deste cenário.
Muitos nomearem o “Udigrudi” como beat-psicodelia recifense que recebia influência do Tropicalismo, Jovem Guarda, Regionalismo e “Beatlemania”. Tal ideologia levou consigo não só a música, mas também a literatura e até mesmo o artesanato. Vários foram os álbuns lançados que mostravam inovação musical – como a experiência de Zé Ramalho e Lula Côrtes no álbum duplo Paêbirú, em que são colocadas experiências psicodélicas ao estilo Jimmy Hendrix, que nem Os Mutantes chegaram a tanto. É lamentável que no Brasil isso seja pouco conhecido, mas estrangeiros pagam uma alta quantia por LP’s originais.
O movimento, que na sua significação comum indica algo subterrâneo, já não é mais assim. Os que antes encaravam o Underground como algo acessível pela minoria e pouco conhecido do grande público precisam mudar seus conceitos, porque felizmente – ou infelizmente, segundo muitos – a acessibilidade cresceu por meio da Internet e, o que antes eram gritos isolados, começa a tomar forma e força no âmbito geral.
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FONTES CONSULTADAS
- O’HARA, Craig. A filosofia do punk: nada mais do que barulho. Radical Livros, São Paulo, 2005.
- DIAS, Helen. Como o Woodstock aconteceu. Editora Record, São Paulo, 1994.
- MESSEDER PEREIRA, Carlos Alberto. O que é contracultura. 8ª ed., São Paulo, Editora Brasiliense, 1992.
- SILVA SANTOS, Gisele. Movimentos contraculturais: Mitos de uma Revolta, Poetas de uma Revolução. Periódico Akrópolis, n.1, v. 13, Paraná, jan/mar 2005, pp. 63-65.
- MACIEL, Luiz Carlos. Nova Consciência – Jornalismo contracultural 70-72. Livraria Eldorado, Rio de Janeiro, 1973.
- http://www.ufpel.tche.br/
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- http://craifer.blogspot.com"