[Maria do Rosário Pedreira]

Há uns anos, quando estava a trabalhar numa editora que precisava mesmo de somar vendas para subsistir, pusemos num livro de literatura (mas que podia ser lido por toda a gente) uma dessas capas cheias de flores, que geralmente apelam a um público mais dado à ficção romântica e comercial. A coisa resultou, porque os clientes (livreiros) dão demasiada importância às capas e, na altura, os hipermercados apostaram em grande. Não sei, porém, se o livro chegou ao seu público-alvo, que se calhar aquela capa florida afastou… Passa-se agora a mesma coisa com um livro intitulado Villa Amalia, que comprei recentemente, do francês Pascal Quignard; sendo francamente literário, tem a capa típica daqueles livros americanos muito leves passados com ricaças com casas na Provença ou em Itália. Confesso que fiquei um bocado arrepiada quando vi aquilo, mas, como estou no ramo, comprei-o na mesma e estou a lê-lo. Quignard vale sempre a pena, mesmo florido.