Brincadeiras do Tempo da Vovozinha
Por Flávio Bittencourt Em: 06/12/2010, às 21H55
[Flávio Bittencourt]
Brincadeiras do Tempo da Vovozinha
A historiadora Maria das Graças Brandão Soares transportou para esse livro narrativas, cantigas e brincadeiras de gerações e tempos distantes.
"O elenco [D'O SÍTIO DO PICAPAU AMARELO, TV Globo, Rio] reunido em 1978 na festa de chegada do Papai Noel que acontecia todo final de ano no Maracanã.
Meu pai me levava todo ano."
(http://incriveisanos80.zip.net/arch2006-02-26_2006-03-04.html)
"A Avó
por Olavo Bilac
Poema publicado em Poesias Infantis
A avó, que tem oitenta anos,
Está tão fraca e velhinha!...
Teve tantos desenganos !
Ficou branquinha, branquinha,
Com os desgostos humanos.
Hoje, na sua cadeira,
Repousa, pálida e fria,
Depois de tanta canseira:
E cochila todo o dia,
E cochila a noite inteira.
Às vezes, porém, o bando
Dos netos invade a sala ...
Entram rindo e papagueiando :
Este briga, aquele fala,
Aquele dança, pulando ...
A velha acorda sorrindo.
E a alegria a transfigura;
Seu rosto fica mais lindo,
Vendo tanta travessura,
E tanto barulho ouvindo.
Chama os netos adorados,
Beija-os, e, tremulamente,
Passa os dedos engelhados,
Lentamente, lentamente,
Por seus cabelos doirados.
Fica mais moça, e palpita,
E recupera a memória,
Quando um dos netinhos grita :
“Ó vovó ! conte uma história!
Conte uma história bonita!"
Então, com frases pausadas,
Conta histórias de quimeras,
Em que há palácios de fadas,
E feiticeiras, e feras,
E princesas encantadas ...
E os netinhos estremecem,
Os contos acompanhando,
E as travessuras esquecem,
- Até que, a fronte inclinando
Sobre o seu colo, adormecem ..."
(http://stephsoares.blogspot.com/2010/10/dica-de-leitura-brincadeiras-do-tempo.html)
A SAUDOSA ATRIZ ZILKA SALABERRY
(http://expirados.blogspot.com/2008/08/dvd-stio-do-pica-pau-amarelo.html)
"(...) E era doce, nessas horas, depois que o sono vinha, ver chegar toda branquinha, toda curva, a sua eterna velhinha que se deixava estar um pouco junto ao umbral, queimando a sua cera antiga numa chama de amor quase apagando. E depois de mirá-lo algum tempo, ela ia, minha santa avozinha, e se ajoelhava ao pé do oratório, onde ficava a tatalar preces ausentes, os olhos postos com infinita devoção no Menino Deus, em sua manjedoura, ou em Nossa Senhora da Conceição, sua xará celeste, perdida na visão de beatitudes que não conheceu em vida - pois, segundo consta, em matéria de mulher, meu avô não deixou passar ninguém. Mas ela o amava, o velho sacripanta, de um amor tão puro de esposa, que eu posso vê-la neste instante, mesmo mergulhada na visão do Ser Egrégio, a cuja mão direita deve sentar-se agora, linda e modesta como sempre, tendo ao lado seu velhinho todo elegante em seu paletó de alpaca - e cuja entrada no Céu só obteve pelo muito que rezou e por todo o bem que fez em vida. Pois o velho não era de brincadeira".
(VINICIUS DE MORAES,
http://www.viniciusdemoraes.com.br/site/article.php3?id_article=1202
COMO HOMENAGEM À MEMÓRIA DA VENERANDA E SAUDOSA SENHORA
MARIA ADÉLIA PIRES LAGES (1923 - 2010)
7.12.2010 - Maria das Graças Brandão Soares produziu o livro Brincadeiras do Tempo da Vovozinha com conhecimento de causa - Afinal, ela já é avó. E a jornalista Maria Betânia Monteiro escreve, em resenha desse livro recentemente publicado: "(...) O que ela [M. G. B. Soares] pretende é mostrar a sua preocupação com a inércia e o isolamento social, além do possível desaparecimento do folclore infantil, do hábito da leitura e a formação do jovem leitor (...)". F. A. L. Bittencourt ([email protected])
RESENHA DA OBRA DE
MARIA DAS GRAÇAS BRANDÃO SOARES,
POR MARIA BETÂNIA MONTEIRO
"Histórias da vovozinha
13.10.2010
Maria Betânia Monteiro - repórter
A historiadora aposentada Maria das Graças Brandão não tem cabelos brancos, não mora na zona rural, mas adora dedicar seu tempo aos netos, assim como fazia a personagem de Monteiro Lobato, Dona Benta. No mundo encantado da Vovó Gracinha ela oferece viagens, comidas, carinho às crianças e agora o livro “Brincadeiras do Tempo da Vozinha”, de sua autoria. “Decidi fazer o livro quando o meu neto de nove anos perguntou: vó, no seu tempo já existia bicicleta?”, lembrou Maria das Graças. O livro será lançado nesta quinta (14), no Centro de Educação Integrada (CEI), da Romualdo Galvão, às 17h.
Ao pegar o livro nas mãos, o leitor vai se deparar com um volume de 175 páginas, em papel couché, com folhas em tamanho A4. A dimensão do livro já é uma mostra do conteúdo resgatado pela autora. Além disso, outro aspecto visual relevante é a escolha da fonte cursiva, que conduz o leitor à origem do livro, ou seja, aos escritos manuais de Maria das Graças. Por ser uma obra destinada às crianças e aos educadores, não poderiam faltar informações técnicas, ao longo da obra, bem como ilustrações graciosas feitas por Fendy Soares e também por seu neto Hebert Pereira.
O livro traz várias informações de um tempo onde a brincadeira era vivenciada com o corpo e em grupo. A primeira parte dele, chamada Cantigas de Roda do Tempo da Vovozinha, é dedicada às parlendas, às canções de ninar, aos jogos, aos trava-línguas, às fórmulas de escolhas e às cantigas de roda. Além das letras, a autora ainda fornece dicas e conta algumas curiosidades sobre estas formas de brincar.
Uma das curiosidades é com relação à cantiga “De Marré”, aquela que diz: “Eu sou pobre, pobre, pobre/ de marre, marré, marré/ Eu sou pobre, pobre, pobre/ de marré, de si”. Segundo a pesquisadora a origem da canção é francesa e os termos “Marré” e “Marré de si” são uma referência aos bairros parisienses, “Marrais” e “Mairie d’Issy.
A autora também disponibiliza aos grandes e pequenos leitores mais de uma versão das canções. Algumas destas versões são na língua em que surgiu, como a versão francesa para “De Marré”, ou a politicamente correta, como no caso da “Não atirei o pau no gato”.
O diferencial deste livro é que as canções mundial e nacionalmente conhecidas estão acompanhadas de outras locais, tipicamente nordestinas. Além disso, Maria das Graças teve o cuidado de não universalizar as formas de cantar, dispondo para o leitor as letras com o sotaque potiguar.
Na segunda parte do livro, “As Histórias da Carochinha do tempo da vovozinha”, destinada aos professores, a autora faz um apanhado da literatura infantil, através da apresentação de seus autores. Partindo do francês Charles Perrault, que recontou histórias como “A Gata borralheira”, “O Barba azul” e “O Gato de botas”; passando pelos Irmãos Grimm, Hans Christian Anderson, Levis Carroll, Jules Verne, Walt Disney, até chegar ao brasileiro Monteiro Lobato.
Nesta fase do livro, a autora também dedica algumas páginas ao folclorista Câmara Cascudo, apresentando sua fala sobre os contos, as fábulas e o folclore. Fala costurada por pensamento de outros autores e também pela poesia de Patativa do Assaré.
Como indica Maria das Graças já na introdução, o livro nasce da necessidade de mostrar o quanto é necessário resgatar o espaço da interação coletiva e afetiva, proporcionado pelas brincadeiras de rua. “As brincadeiras tradicionais foram substituídas pelos poderosos games, que imobilizam crianças e adultos em espaços agora isolados”, disse a autora.
Reforçando o seu argumento, ela diz que brincar faz bem a saúde, além de estimular a socialização com as outras crianças e o mais importante: exercitar seus limites, a disciplina de saber esperar a sua vez na brincadeira; o respeito ao amigo. Contribui ainda com o aprendizado do ganhar e do perder. Desenvolve, assim o cognitivo, o motor, o social, o moral e o linguístico.
Maria das Graças leva o assunto a sério e diz que através da brincadeira, a criança entra no mundo do faz-de-conta e repete, imitando a própria vida e o ambiente familiar. Quando os adultos, principalmente os pais, encontram tempo para brincar com os seus filhos estão os ajudando a crescerem com confiança, amor e muita cumplicidade na relação pai e filho.
O que não significa dizer que o livro e os seus argumentos se constituam numa condenação aos modernos brinquedos. O que ela pretende é mostrar a sua preocupação com a inércia e o isolamento social, além do possível desaparecimento do folclore infantil, do hábito da leitura e a formação do jovem leitor.
“Se faz necessário repensar com urgência em espaços físicos em áreas públicas, nos condomínios, bairros e ruas, permitindo à criança a oportunidade para brincar, sonhar e fantasiar”, pontuou a autora. As fontes de pesquisa usadas por Maria das Graças foram os livros de autores como Câmara Cascudo e Veríssimo de Melo; sites na internet e também os resultados de outras pesquisas realizadas pelo Instituto Nacional dos Estudos Pedagógicos (ONEP) e da Organização Mundial de Educação Pré-escolar (OMEP)". (MARIA BETÂNIA MONTEIRO)
(http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/historias-da-vovozinha/162304)
(http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/literatura-infantil-olavo-bilac/a-avo.php)