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         BREVE   PERFIL DO  ESCRITOR  E AMIGO   ROGEL  SAMUEL (REPUBLICADO,   MODIFICADO  E  REVISADO)

                                       

CUNHA E SILVA  FILHO

 

           Sinto muito saber sobre o falecimento, hoje (2/07/2023) do eminente mestre e   Doutor em Letras pela UFRJ, professor respeitado. e estimado pelos seus alunos e pelo seus orientandos. Um dos melhores   exemplos  deste caso foi o seu relacionamento  intelectual e  de forte amizade com  a saudosa  ficcionista,  crítica e ensaísta e professora  de teoria literária  Neuza Machado,  que,  por sinal. foi minha colega  quando  lecionamos, no Curso de Letras, na Universidade Castelo Branco (UCB).Neuza foi também  ex-colaboradora ilustre do site  Entretextos.

Ela mesma me contou muitos   momentos de  prazer e alegria que  tiveram  juntos   num  Encontro  de  Escritores em Paris no  tempo em que fazia mestrado  tendo  Rogel como seu   orientador,   sendo ele,  depois,  igualmente  orientador  dela  no doutorado,  ambos  os cursos  realizados na UFRJ. Neuza já   o havia tido  como  professor  na graduação   da Faculdade de Letras  da UFRJ, quando,  por  um  tempo,    se localizava na Avenida Chile, Centro do Rio de Janeiro.

        Rogel  Samuel( não explicar, porém sempre  troquei  os dois nomes desse prolífico  escritor.   Rogel  lecionou na UFRJ tanto na graduação quanto na pós-graduação. Quando estava  quase concluindo o meu Doutorado,  ele deu à  minha turma   um  período  de uma disciplina chamada  “Pesquisa Tese Doutorado. Era um disciplina que   lecionada  por mais de um  professor.

     Era um  docente sério, um  pouco distante.  Porém,  nunca lhe falei que   tínhamos,  muitos anos  antes,  conversado  no restaurante  da  Faculdade Nacional  de Filosofia da Universidade do Brasil (hoje UFRJ),  que ficava ao lado  da  entrada da Casa d’Italia,  na qual funcionavam alguns cursos   não só de Letras  mas de outras áreas. Culto, versado em línguas, sobretudo francês (seu pai era  francês), teórico literário, superprodutivo em várias gêneros ( poesia, ensaio, crítica literária, crônica, romance, tradução e o que mais possa. Todavia, na ficção, que eu saiba, só deixou  dois  romances,  O amante das  amazonas e o  Teatro Amazonas (2012).É curiosos  notar quem em muitos casos,  professores de literatura,  com  raras exceções,  só na maturidade, publicam   um obra  de ficção. E ficam  só  numa obra, boa, média   ou  de má qualidade. Essa é uma questão  de história literária que envolve  a teoria literária,  o ato criativo.  

         Rogel profundamente mergulhado na literatura e nas incansáveis leituras que fazia ao longo da vida. Nunca passava um dia sem escrever um texto ainda que fosse breve. Exemplo ímpar de um scholar inteiramente sintonizado com tudo que dizia respeito aos estudos literários. Não fui um amigo bem próximo dele, mas nos dávamos  bem e acredito que gostava de mim, pois, por diversas vezes, me confessara que era leitor meu. Sempre que possível, o citei em estudos meus, no país e no exterior. Tinha uma educação esmerada e, ainda que  notasse que tínhamos  ideias  político-ideológicas divergentes, não  deixava    que a ideologia se sobrepusesse  à dimensão   intelectual.

          Conheci-o bem jovem no restaurante dos estudantes da Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil (depois, chamada UFRJ) no ano de 1966. Por coincidência do destino, uma vez sentou-se na mesma mesa em que eu estava. Era o ano  de 1966; Conversamos sobre literatura e sobre professores. Ele admirava o professor Alceu Amoroso Lima, que lecionou  Literatura Brasileira,   disciplina da qual era o então Titular o polígrafo  e   grande pensador católico,   um dos maiores críticos e conhecedores do Modernismo brasileiro, mais conhecido pelo famoso pseudônimo de Tristão de Athayde.

        No site Entretexto as crônicas,  poemas,  traduções,  artigos,  artigos teóricos,  políticos,   crônicas eram em número incomensurável. Tinha o dom da síntese e isso é sentido claramente no seu livro mais conhecido, Novo manual de teoria literária publicado pela Vozes que teve várias edições. Obra didática para o curso superior fundamental para os iniciantes aos cursos de Letras. Seu romance O amante das Amazonas (Belo Horionte: Editora Itatiaia, 2005)) teve boa repercussão crítica e foi traduzido para o espanhol e o inglês.

      Ficção inusitada, me lembra uma ourivesaria, uma multiplicidade de quadros humanos e um painel alucinante do que seja a Amazônia, suas histórias, suas lutas, seus mistérios, sua paisagem típica, suas lendas, mitos, seus personagens lendários, seu traço barroco. Para mim, é obra rara no seu gênero e um dia será mais compreendida pela crítica.

    Deixo aqui consignada a minha admiração por este grande estudioso, produtivo a não mais poder e amante incansável do fenômeno literário compreendido este no seu mais alto valor e seriedade por este escritor que dignifica a literatura brasileira em todos os seus aspectos mais significativos e altaneiros. Seu passamento me deixa mais triste e abre um vazio nos estudos literários entre nós. Consigno aqui também os meus sentimentos mais profundos de pesar aos familiares e amigos do ilustre escritor Rogel Samuel.