BOURNEMOUTH

Como eu disse ontem, a conexão com a Internet vai cobrir o Brasil. A banda larga mais rápida, tem a cidade de Bournemouth, no Reino Unido. Do tipo sem fio. Gratuita. Logo ao chegar fui tirando o laptop da mochila e perguntando a senha. E conectando-me com o Brasil. Agüentei as piores chuvas dos último 60 anos, em Bournemouth. Mas sobrevivi. Para chegar ao Arts Institute, todas as manhãs, era uma odisséia sem Homero. Estava sem carro, só havia um ônibus, de hora em hora, chovia, fazia frio. Para pegar o tal ônibus eu tinha de atravessar um bosque, um bosque selvagem, onde bem cedo alguns ingleses iam passear com seus enormes cães caçadores e pouco amistosos com um caboclo amazonense como eu. “São pacíficos”, disse-me alguém. Mas, durante a minha estada lá, uma jovem foi atacada por um “dócil” akita e perdeu parte do rosto. Fiquei ali de 17 de julho a 21 de agosto do ano passado. Tenho saudades do supermercado. Alguns produtos cá não tenho. Como o iogurte. E a paisagem, nos poucos dias de sol, que ali vivi. Tenho saudades da casa de sanduíches da estrada. Do enorme silêncio. Da solidão pesada e confortante. Os dias eram de ir e vir da Universidade, naqueles ônibus de dois andares ou de táxi. Ou passava o tempo todo trancado no quarto, trabalhando, escrevendo. Sou péssimo turista. Os primeiros momentos foram para entender como ir e vir. E onde comer. Na universidade não tinha problema. Mas eu não estava na cidade propriamente dita, mas quase no campo, em Northbourne, e onde eu morava não havia nada aberto à noite, a não ser um pub. Aonde nunca fui. Preferi beber meu uísque em casa, diante da tela do computador, sonhando com o calor de Manaus. Nos poucos momentos livres fui ao Square, no Pier, fiz algumas compras, caminhei no deck da praia, tomei um péssimo café. Mas não pense que não gostei de Bournemouth. Até escrevi um poema! (Foto de R. Samuel).

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