Biografias invadem prateleiras infantis
Em: 19/03/2015, às 07H54
Diário de Pernambuco - Mais de 35 milhões de pessoas no país consomem obras de memórias e biografias, o equivalente a 40% do universo de leitores (88,2 milhões). A constatação faz parte da pesquisa Retratos da leitura no Brasil, feita a cada quatro anos pelo Ibope Inteligência para o Instituto Pró-Livro. Somado a isso, recentemente o gênero literário passou a ganhar força também junto à parcela do público com idade entre 5 a 17 anos, principalmente pela aposta do mercado editorial em livros biográficos com linguagem acessível e programação visual adaptada para crianças e jovens.
As personalidades retratadas são as mais diversas, desde líderes políticos como Martin Luther King e Nelson Mandela até pintores como Frida Kahlo e Van Gogh, que cometeu suicídio aos 37 anos. Entre os brasileiros, há obras sobre o piloto Ayrton Senna, a cantora Carmen Miranda, o ativista Chico Mendes, o inventor Santos Dumont, os cangaceiros Lampião e Maria Bonita. O grande trunfo das histórias é encontrar um meio-termo entre livro didático e o entretenimento. Assim, transmitem fatos históricos e ao mesmo tempo são interessantes para o público jovem.
Enquanto outros países têm tradição em publicações dessa espécie, só recentemente as obras passaram a chegar às prateleiras brasileiras, tanto por causa da tradução de títulos estrangeiros quanto da edição de autores nacionais. Uma grande aposta no nicho é a coleção Filosofinhos, da Tomo Editorial, cujos títulos explicam de maneira lúdica as ideias de vários filósofos e pensadores. Coordenados pela filósofa Maria de Nazareth Agra Hassen, os oito volumes publicados retratam as personalidades como se fossem crianças. Já foram retratados René Descartes, Sigmund Freud, Sócrates, Sartre e Simone de Beauvoir, Platão, Karl Marx, Immanuel Kant e Jean-Jacques Rousseau.
A mais recente biografia infantil publicada dá conta da trajetória de duas crianças paquistanesas: Malala, vencedora do Nobel da Paz 2014, e Iqbal, um menino conhecido por sua luta em protesto contra o trabalho forçado. Ele foi escravizado em uma fábrica de tapetes quando tinha apenas 4 anos, ao ponto de tecer as peças acorrentado. Já Malala se tornou popular em todo o mundo por combater os talibãs e a decisão de proibir meninas paquistanesas de frequentar escolas