Bigodinhos e gps
Em: 03/02/2013, às 17H50
Esses pássaros migratórios chegam em novembro e ficam até março, abril, ocasião em que fogem de nossa estação mais fria, rumo ao norte e nordeste do país.
O que me encanta em relação a eles, e às aves migratórias em geral, é o sofisticado GPS que possuem, sem o esforço de cálculos milenares ou da tecnologia. Em outras palavras, em novembro, após longa viagem, vindos de regiões mais próximas ao equador, meus bigodinhos conseguem chegar à mesma cidade, à mesma rua, por sorte a minha. E, surpreendentemente, constroem o ninho na mesma árvore, a jabuticabeira do meu bom vizinho.
Seria o mesmo casal do ano anterior, ou um dos filhotes daquela ninhada, já adulto, pai ou mãe, delimitando ali seu território? A fêmea poderia ser submetida a um procedimento de anilhagem, pensei, colocando-se um pequeno anel com dados de identificação em seu tarso, para solucionar minha curiosidade e até mesmo contribuir com as pesquisas de padrões migratórios desses pássaros, mas eu teria que recorrer a um biólogo credenciado para tal. Melhor deixar a mãe zelosa cuidando de seus afazeres, sem maior perturbação para a família além de minha fotografia.
Ah, que espetáculo o do sistema de todo instinto, do mundo natural, a tão complexa ciência humana sempre aprendendo com ele. E que vontade de trazer comigo um dispostivo semelhante, um GPS anímico, orientador dos meus labirintos em direção ao calor de um aconchego pleno, absoluto, como o da morada daqueles infantes bigodinhos.
As três fotos acima foram tiradas no ano passado.Na primeira imagem postada, vemos a mãe, de cor parda, próxima aos rebentos. Na segunda, aparecem os filhotes abrindo os bicos à espera do alimento. E na imagem mais abaixo, o macho, de melhor identificação, com áreas brancas, em contraste com negras, no corpo, vigia o ninho. Um detalhe interessante: essas fotos com os bigodinhos adultos e recém-natos foram tiradas no início de fevereiro de 2012. Neste meado de janeiro de 2013, passando pela jabuticabeira, vejo a mãe, tão parecida com a do ano anterior, com a mesma carinha brava, ainda chocando seus ovos.