(Miguel Carqueija)

Para quem gosta de cinema de arte, é um prato cheio.

“BABES IN TOYLAND”, OBRA-PRIMA DE WALT DISNEY, COMPLETA 50 ANOS


     No ano de 1961, entre diversos filmes que Walt Disney produziu, “Babes in Toyland” (Crianças na Brinquedolândia) destaca-se por sua vivacidade, pela originalidade, pelo cenário e pelos truques espetaculares. Por sua verve, sua graça, pelo caráter perfeito da concepção, é um dos melhores filmes de todos os tempos.
     Aquele ano, aliás, foi especialmente fecundo para Walt Disney. Seu grande personagem, o Pato Donald, retorna à tela grande (e Mickey, Pluto e Pateta com ele) no desenho longo “The hunting instinct” (O instinto da caça), com o próprio Walt Disney surgindo em cena, cumprimentando o Professor Ludovico. Uma comédia arrasadora, “The absent-minded professor” (O professor distraído) mostrava Fred Mac Murray em seu maior momento.
     Babes in Toyland é uma opereta filmada; os autores são Victor Herbert e Glen Mc Donough. A história se passa na Terra da Mamãe Gansa (Mary Mc Carty), onde a alegre população local canta e dança para festejar o noivado de Mary (a graciosa Annette Funicello, figura fácil nos filmes de Papai Disney) e Tom (Tommy Sands). Eles não sabem, porém, que um sinistro vilão, Barnaby (Ray Bolger, o Espantalho de “O Mágico de Oz”), que vive retirado numa horrenda mansão sobre o precipício, cobiça a jovem, já que descobriu ser Mary — que de nada desconfia — a futura herdeira de uma fortuna. Assim, Barnaby decide afastar Tom do caminho, e para isso contrata dois bandidos atrapalhados, Gonzorgo (Henri Calvin) e Rodrigo (Gene Sheldon), respectivamente o Sargento Garcia e o mordomo Bernardo no célebre seriado de Walt Disney, “A marca do Zorro”.
     O que então sucede é extremamente engraçado sem deixar de ter a sua tensão emocional, além da inventividade nos cenários, figurinos e efeitos (a cargo de Eustace Lycett e Robert A. Mattey, com animações de Joshua Meador). A cena em que Gonzorgo e Rodrigo, encharcados, contam a Mary a sua versão do desaparecimento de Tom, num naufrágio (e cada vez que eles se mexem mais água cai no chão, e no fim estão ambos sobre uma enorme poça) é simplesmente hilariante.
     Afinal, a trama vai se encaminhando para a Toyland, a Terra dos Brinquedos, primeiro com as crianças lideradas pela simpática Little Bopep (Ann Jillian), depois pelos adultos, e enfim conhecemos os domínios do Mestre dos Brinquedos (Ed Wynn) e seu assistente atrapalhado Grumio (Tommy Kirk).
     Há muitas cenas memoráveis na película. O cerco das crianças pelas árvores falantes, andantes e carrancudas; a conspiração de Barnaby com os dois capangas; a batalha dos soldados de brinquedo. É um filme rico, esfuziante, repleto da alegria de viver e que, uma vez assistido, não sairá facilmente da memória.
     O diretor Jack Donohue aparece como personagem no conto “A caça ao tesouro”, de Leslie Charteris, como amigo de Simon Templar, “O Santo”.