Aurélio Porto (Portugal,n. 1945)‏
Em: 13/10/2009, às 13H09
O preço da beleza, nestas ruínas amorosamente
reerguidas, é sem preço. O calcário em pedra solta
e firmes angulares, a talha rasando rente
e os volumes que como harmónio em volta
um só concerto tangem. E a rocha em frente
à pedra impõem a pequenez, enorme nessa rota
que faz a baía tecer de azul fremente
o belo impoluto na mais pura nota.
Até os pássaros no vinhedo prestam o tributo
debicando os bagos, e o majestoso pinheiro
no silêncio ergue seu hino. Lazareto outrora,
hoje este canto do passado ao presente faz o luto,
a ele trazendo a exacta medida do dinheiro,
do que vale e não vale, e do que vale a Hora.
Hotel Lazareto, Castro de Monemvassiá, 16.05.05
Integra o livro Flor de um dia
ed. Sempre-em-Pé
Obs.: Monemvassiá, na Grécia-Peloponeso - é a pátria de Yannos Ritsos