Aurélio Porto (Portugal,n. 1945)‏

O preço da beleza, nestas ruínas amorosamente
reerguidas, é sem preço. O calcário em pedra solta
e firmes angulares, a talha rasando rente
e os volumes que como harmónio em volta

um só concerto tangem. E a rocha em frente
à pedra impõem a pequenez, enorme nessa rota
que faz a baía tecer de azul fremente
o belo impoluto na mais pura nota.

Até os pássaros no vinhedo prestam o tributo
debicando os bagos, e o majestoso pinheiro
no silêncio ergue seu hino. Lazareto outrora,

hoje este canto do passado ao presente faz o luto,
a ele trazendo a exacta medida do dinheiro,
do que vale e não vale, e do que vale a Hora.

Hotel Lazareto, Castro de Monemvassiá, 16.05.05

 

Integra o livro Flor de um dia

ed. Sempre-em-Pé

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Obs.: Monemvassiá, na Grécia-Peloponeso - é a pátria de Yannos Ritsos