AUMENTOS DE TARIFAS, PROIBIÇÃO DE AUMENTOS SALARIAIS E OUTRAS QUESTÕES
Por Cunha e Silva Filho Em: 12/09/2016, às 14H26
Cunha e Silva Filho
Durante o primeiro mandato de Dilma Rousseff, e bem assim no seu segundo mandato interrompido pelo impeachment, o funcionalismo federal de cargos médios e baixos nunca foi contemplado com um reajuste salarial no sentido restrito do termo, porquanto alguma reposição que tenha sido supostamente dada, com base na inflação, nada acrescenta ao bolso do barnabé. O governo federal atual parece estar seguindo o mesmo caminho, o de conter qualquer pretensão de reajuste dos servidores.
Ora, quem ganha bem, como os membros dos altos escalões da República, pode suportar, por muito mais tempo, um novo reajuste. No entanto, quem ganha muito menos do que eles, ou quem percebe baixos salários, sai sempre perdendo. Lembro-me do que, na administração FHC, o funcionalismo sofreu o diabo. O governo foi duro, inflexível e o servidor jamais viu a cara de um aumento. Foi arrocho pra valer. Os preços aumentam para todos, contudo nem todos pertencem ao elitismo dos altos cargos públicos, setor no qual um bom aumento redunda em milhões de gastos com salários a privilegiados nas administrações federal, estaduais e municipais. Já no setor privado, o empregado, de qualquer nível, tem seus sindicatos bem mais unidos do que no âmbito público.
Já nos governos do Lula, pelo menos para a classe do professorado, houve um plano de carreira posto em prática com aumentos escalonados que não descontentaram ninguém.A classe dos professores foi também bafejada como um bom número de novas universidades públicas e escolas técnicas espalhadas pelo país, dando oportunidades a jovens concursados do ensino médio e superior. Daí, talvez, seja este um dos motivos da adesão política ao petismo, não obstante o descalabro da corrupção administrativa dos seus dois mandatos, que levou o PT à ruína que se aproximava e culminando com o afastamento e perda de mandato de Dilma Rousseff.
Diante desta situação, se pode facilmente deduzir que o governo Temer comete uma injustiça, quer dizer, penaliza o funcionalismo duplamente: pela inflação que faz encolher cada vez mais os salários, chamado de arrocho salarial e determina, por seu turno, aumentos anuais às agências reguladoras. Isso e um contrassenso. Por que não segura os preços dos remédios, dos alimentos, das tarifas públicas ou de concessionárias.
Essa história de que tem que controlar os gastos do governo, sanear as contas públicas, arrecadar mais não é de hoje para quem acompanha durante anos a vida econômica brasileira, a situação financeira do país sempre foi, latu sensu, a mesma lengalenga, i.e., os problemas econômico-financeiros têm sido crônicos. Portanto, juros altos, elevado custo de vida, aumento de aluguel, compra da casa própria e outros itens já eram práticas empregadas pelos setores públicos
Basta ler jornais de décadas passadas para se confirmar que o mesmo o script de filme ou de novela se repte na contemporaneidade da vida nacional. O que diferencia substancialmente o hoje do ontem em nosso país é a violência praticada por adultos e jovens criminosos, o narcotráfico, o recrudescimento da corrupção política além dos graves problemas de saúde pública no setores federal, estaduais e municipais. E, diga-se,de passagem, todas essas mazelas que açoitam a cidadania brasileira convergem para um vilão número 1: a impunidade.
A cultura da impunidade é que tem dado forte combustível a fim de que, em todos os segmentos do Estado Brasileiro, ela mantenha e realimente o establisment da ausência de ética, da imoralidade, dos desmandos governamentais e da práxis política ao arrepio dos princípios constitucionais de um sistema democrático somente visível na teoria, porém flagrantemente desrespeitado na sua aplicação `na vida em sociedade, cujo resultado mais nefando e previsível é esse viver continuamente na condição indefinida, protelatória e precária de “país do futuro.”