Este foi o filme de encerramento do IV Festival de Paulínia e a estreia na direção em cinema do consagrado ator e diretor de televisão Marcos Paulo.

CRÍTICA

   Rubens Ewald Filho

"Não há no Brasil a tradição dos filmes de assalto, com raras exceções, o mais célebre é Assalto ao Trem Pagador, de Roberto Farias, de 62, também como este inspirado em fato real e Mulheres e Milhões, de Jorge Ileli (61). Embora seja impossível assistindo ao filme não recordar filmes clássicos como O Segredo das Joias (50), de John Huston, Rififi (55), de Jules Dassin (que fez também o parecido Topkapi), O Grande Golpe, de Kubrick (56).

Todos os posteriores são decorrências desses clássicos, embora este filme nacional, pela estrutura com narrativas paralelas (além do assalto em tempo presente, há também, depois de meia hora, a história paralela daqueles que já foram presos, o que deixa a suspeita de que esse recurso surgiu na montagem e não no roteiro original). De qualquer forma, isso faz recordar outro filme que usou recurso parecido, de Spike Lee, O Plano Perfeito (Inside Man, 06, com Denzel Washington).

Sem ser um filme excepcional, Assalto ao Banco Central é um divertimento sólido, com excelente elenco (é um prazer verificar que o nível das interpretações hoje em dia no cinema brasileiro está extremamente alto e competente), que mantém a atenção e o interesse. Ainda que com pouca ação e surpresas. Deve ir bem de bilheteria, embora não seja comédia como os campeões de público mais recentes.

Ao menos eu tive muito prazer de acompanhar atores como Lima Duarte, excelente como de hábito, fazendo o chefe das investigações da polícia ajudado pela também eficiente Giulia Gam (o fato dela fazer uma lésbica é tratado como algo normal, ainda que provoque alguns risos). E outros que conhecemos da televisão, inclusive o galã Eriberto Leão (outro passo adiante em sua carreira), o líder do grupo (Milhem Cortaz, que está criando um tipo marcante) e assim por diante.

O assalto ocorreu em agosto de 2005, quando quase R$ 165 milhões foram roubados do Banco Central de Fortaleza, Ceará. Sem dar um único tiro, os ladrões cavaram um túnel de 84 metros, cavado sob o cofre, carregando três toneladas de dinheiro. Um golpe preparado durante três meses e até hoje só foi capturada uma parte pequena do dinheiro.

O filme não esconde a ação de policiais corruptos, que saem livres, mas não pretende ser uma denúncia, apenas uma história de assalto bem contada".

Por: Rubens Ewald Filho (Crítico de cinema)

Assalto ao Banco Central. Brasil, 11. Direção de Marcos Paulo.

Roteiro de René Belmonte. Com Milhem Cortaz, Eriberto Leão, Hermila Guedes, Lima Duarte, Giulia Gam, Cassio Gabus Mendes, Antonio Abujamra, Milton Gonçalves, Tonico Pereira, Gero Camilo, Vinicius de Oliveira, Heitor Martinez, Juliano Cazarré, Daniel Filho.