[M. T. Piacentini]

--- Deve-se usar o ponto antes ou depois de fechar as aspas? Se acaso eu colocar uma nota de rodapé, como ficaria? Vinicius Pedrosa, Balneário Camboriú/SC


Existem os dois casos: aspas e ponto ponto e aspas. As instruções oficiais rezam que se coloca o sinal de pontuação depois das aspasquando estas “encerram apenas uma parte da proposição”, mas que o ponto vem antes das aspas quando elas “abrangem todo o período, sentença, frase ou expressão”, ou seja, quando a citação é integral. Trocando em miúdos:


Caso 1 – As aspas vêm antes do ponto quando a citação é a continuação da frase que você está escrevendo, pois o ponto fecha o período, e não apenas a citação. Exemplos:


Já antecipava McLuhan na década de 60 que “a mudança se tornou a única constante de nossa vida”.  

Já antecipava McLuhan na década de 60: “A mudança se tornou a única constante de nossa vida”. 

Enquanto não houver “uma nova, forte e legítima razão de interesse comum”, finaliza o relator, os condôminos continuarão a utilizar tais áreas, em conformidade com o “princípio ético de respeito às relações definidas por décadas de convívio”.


Um detalhe: quando se acrescentam dados entre parênteses, o ponto vai no final de tudo, depois do parêntese: 


“Eles compõem o cérebro da rede e localizam-se em todos os seus entroncamentos (Pessini, 1986, p. 14).


Caso 2 – As aspas vêm depois do ponto quando a citação é feita por inteiro e isoladamente:


“Saber é poder.”  

“Informação não é o mesmo que conhecimento.” 


E quando se faz uma citação com várias frases, portanto com vários pontos no meio,  as aspas são colocadas no final de tudo, isto é, depois do último ponto:


Assim se refere a comissão da ABL ao uso do não hifenizado: “Está claro que, para atender a especiais situações de expressividade estilística com a utilização de recursos ortográficos, se pode recorrer ao emprego do hífen neste e em todos os outros casos que o uso permitir. É recurso a que se socorrem muita línguas. [...] Não é, portanto, recurso para ser banalizado.”


MAIORES, TAMBÉM!


Alguns leitores escreveram [em 2001] para contestar ou questionar o emprego que fizemos da expressão “maiores informações”, pois leram alhures que é errado falar assim. Todos se expressaram nestes termos: “Seria correto dizer MAIORES INFORMAÇÕES? (...) pois a palavra ‘maiores’ tem o sentido de tamanho. / O correto é ‘mais informações’ porque o antônimo de maiores [menores informações] não faz sentido... / Se eu escrever para o Instituto Euclides da Cunha vou ter “maiores informações”, como está na página principal?”


Como à época manteve-se Maiores informações, transcrevo a resposta então publicada no Mural de Consultas do Língua Brasil:


“Olha, minha gente, chega de camisa de força: maior é o superlativo sintético de grande, certo? E grande significa ‘de tamanho, volume, intensidade, valor, etc. acima do normal’ [não só tamanho, portanto!], ou ‘longo, comprido, alongado, dilatado, amplo, notável, respeitável’, entre outros sentidos. Se é possível dizer ‘Vou lhe prestar uma grande informação / uma longa informação mais adiante / informações mais amplas ou detalhadas’ – assim como se diz ‘vou dar uma longa explicação/instrução’ –, então se pode fazer uso do adjetivo superlativo na mesma situação. Não bastasse isso, confirma o Dicionário Aurélio que maior significa ‘que excede outro em tamanho, espaço, intensidade, duração, grandeza, número, importância, etc.’ Vejam aí: oferecemos um maior número de informações, pelo menos!”


Certamente o uso de “mais informações” é também correto e mais econômico, prevalecendo atualmente sobre “maiores”. O que não me agrada é a discriminação por “erro”, pois neste caso não se trata disso.