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CAPÍTULO 3

 

A novidade foi que Carlos foi atacado por uma onça que quase o pegou.

 A partir daí eu mandei que ele viesse acompanhado do irmão, que é caçador.

- Você ficou com medo? Pergunto ao Carlos.

- Sim, respondeu ele.

E acrescentou:

- Saí correndo, e foi aí que a onça correu atrás, mas como estava perto de casa ela fugiu, com medo dos cachorros.

- Era onça parda pequena, disse o irmão caçador.

Eu guardo um Taurus 38 cano curto na gaveta.

O irmão falou:

- Já vi coisas piores por aqui. Já vi uma pintada.

- E você não reparou nada de anormal durante a noite? – pergunto ao Carlos.

- Como assim, fez Carlos com um sorriso (ele sorria por tudo).

- Olhando as estrelas...

Aí ele se assustou.

O irmão começou a rir dele.

- Eu nunca olho as estrelas, respondeu, já me olhando desconfiado. Não faço isso, não.

O irmão continuava a rir.

- Nunca?

- Não nunca, eu vou dormir...

- Pois passe a olhar, Carlos, veja se há algo diferente nelas, depois me conte.

Ele riu, mas me olha de modo estranho.

- Tá bom, apressou-se a dizer, mas agora temos que ir, estou atrasado, e montou sua bicicleta e saiu correndo.

O irmão, o caçador Fernando, estava às gargalhadas.

Ele tinha uma espingarda.

 

CAPÍTULO 4

 

Nunca mais falei sobre as estrelas.

E realmente elas deixaram de me importunar.

Agora pareciam fixas no céu, como sempre foram.

 

Mas certa noite acordei assustado.

Estrelas de estranho fogo despencavam do céu como bolas de bilhar.

Algumas caíram bem perto de mim.

Depois pararam. Houve um silêncio. O mundo parou.

 

Eram de fogo?

Não, não eram.

Aquilo se apagava logo que caía no chão.

Fossem de fogo incendiariam a floresta.

Mas faziam barulho ao cair.

Como balões dágua.

 

Depois voltei a dormir sossegado, achando que aquilo tinha sido apenas um pesadelo.

Eu já estava acostumado àquele tipo de maluquice, já estava certo de que nada ia me afetar.