Ares e lares de amores tantos

[Dílson Lages Monteiro]

Para José Carvalho de Almeida (1770-1869) 
Patrono de Barras do Marataoã


Nesta terra fecunda 
Fertiliza-se a tez 
de minha memória
outros ares e lares
de amores tantos.
 
Ares e lares das mãos distantes
dos olhos tão próximos
que o coração comporta.

Outros trajetos em forma
(dê)formam e suspendem 
O piso, o teto toda a estrutura
de minha altura agora
e satura o sentir
sem ti aqui.

O pisar nos paralelos chãos
vá(rios) de teu ovário de virtudes
Onde papai imortalizou o amor
onde a paz de um nome resta
e o sangue de meu DNA.
 
Gritam no adro da igreja
os sonhos de nossos antepassados:
o gado nos campos de capim mimoso
o a fé dos Carvalho de Almeida.
 
Nesta terra fecunda de faces
fertiliza-se a tez de minha memória:
o rastejar do rio
o aconchego das casas geminadas
o cochicho das calçadas
 
E os olhos abertos da saudade
de outros ares e lares

de amores tantos.