APRESENTAÇÃO PARA A SEGUNDA EDIÇÃO DO ROMANCE "AS PEDRAS DOENTES DA RUA DO FIO!, DE jOÃO pINTO, FICCIONSITA AUIENSE RADICADO EM MANAS
Por Cunha e Silva Filho Em: 12/10/2024, às 11H59
APRESENTAÇÃO PARA A SEGUNDA EDIÇÃO DO ROMANCE AS PEDRAS DOENTES DA RUA DO FIO(1)
João Pinto é escritor, nascido em Luzilândia, Piauí. Com apenas três livros de contos era considerado um dos bons autores pela crítica especializada piauiense e amazonense. Amazonense porque saíra do interior piauiense para se estabelecer na capital Manaus.
Tornou-se professor de português e literatura em escolas públicas, encerrando a sua atividade docente depois de “quase quarenta anos” dando aulas. Sua produção ficcional é pequena, porém só se considerada pelo número de livros publicados até agora, mas nunca pela qualidade literária,que é , no domínio estético, o que mais importa.
Sua estreia se deu com o livro de contos. Luzes esvaídas,(1991) com um auspicioso prefácio do poeta Francisco Miguel de Moura, edição lançada pelo projeto Petrônio Portella. Seu segundo livro, "O ditador da terra do sol," de maior extensão de páginas, veio a lume em 2012, publicação da Editora Valer /Prefeitura de Manaus. Seu terceiro volume de contos leva o título Contos de uma aula no vermelho, publicado, em 2014, igualmente pela Editora Valer, já está na segunda edição. Finalmente, seu quarto livro editado, o fez enveredar pelo romance, de título bem sugestivo, As pedras doentes da Rua do Fio. edição Caravana Grupo Editorial, Belo Horizonte, 2019.
Como se vê, os lapsos de tempo da publicação de uma obra para a outra são, quase sempre longos. Porém, isso não é culpa do autor e, sim, das dificuldades que um escritor do país tem para editar um livro ainda que seja um ficcionista de inegável valor estético, segundo afirmei linhas atrás. Com sua narrativa curta, reveladora de virtualidades técnico-formais ousadas, sobretudo do ponto de vista do narrador ou narradores, Joao Pinto é um criador de personagens convincentes assim como um manipulador de enredos que não se enquadram, desde a sua estreia no figurino linear da tradição literária.
Ele mesmo se definiu como um escritor que se vale de uma forma de escrita de “laboratório.” Disso se infere que tem predisposição a escrever fundado em novas técnicas narrativas ainda que sejam também empregadas por outros escritores modernos que já as utilizaram com sucesso, ou seja, a maneira de livrar-se de antigas formas consagradas por escritores brasileiros que remontam ao Romantismo e alcançam até a fase de Pré-Modernismo.
Por exemplo, o uso do espaço literário e do tempo, os deslocamentos espaciais e temporais e a inserção do diálogo sem as notações tradicionais do travessão ou o discurso indireto. Por conseguinte, seu romance se comporta dessa forma nova de desenvolver a história e o enredo subvertendo a forma da narrativa canônica já aludidas acima.
É claro que essa técnica reflete um modus operandi advindo provavelmente do cinema. Em princípio, causa estranheza ao leitor que é obrigado a desautomatizar seu enraizado hábito de ler histórias de forma linear e pelos já mencionados padrões e diálogos facilmente identificados como narrador de terceira pessoa ou mesmo de primeira, mantendo os travessões ou aspas a fim de sinalizarem quem é quem nas interlocução dos diálogos.
A história do romance aborda a momentosa questão da doença do Alzheimer que acomete a mãe de João Vinvim, protagonista da narrativa. Ela se torna o “pavor desse personagem, o qual. por sinal. reaparece em outros textos inéditos de João Pinto. O maior receio desse personagem é, por hereditariedade, ser vítima da mesma insidiosa doença.
Contudo, o enredo, não o tema, que não é, em geral, assim me parece, tão importante na obra do autor, possui os já conhecidos ingredientes da natureza do gênero romanesco, assim como o faz no gênero conto, i.e., dando primazia ao relacionamento amoroso ou apenas lidando com o amor estimulado pela libido, de sorte que os trechos narrativos que exibem cenas de sexo são bem delineados artisticamente pelo narrador, não provocando, assim -, e isso é que os torna diferentes -, as cenas grotescas, lúbricas e de brutalidade encontradiças de um romance naturalista como A carne(1888) de Júlio Ribeiro (1845-1890), que, tempos passados, foi pejorativamente chamada de A carniça pelo velho crítico Agripino Grieco (188-1973)
A narrativa de João Pinto dá igualmente relevo ao humor, ao sobrenatural, ao tragicômico e, last but not least, à linguagem experimentalista em alguns aspectos da formalização do discurso narrativo conforme já ressaltei. Por todos esses componentes positivos dessa estreia, , penso, sem medo de incorrer no meu julgamento, que o leitor desta história só terá a ganhar lendo prazerosamente as aventuras, os percalços de um protagonista que decerto permanecerá, por muito tempo, na memória dos leitores, dado que o autor, por seu esforço e por sua seriedade de ficcionista, aprendeu a dominar a difícil arte de narrar artisticamente.
Cunha e Silva Filho
Ex-Professor da Universidade Castelo Branco (UCB, Rio de Janeiro); Professor Titular aposentado de língua inglesa do Colégio Militar do Rio de Janeiro (CMRJ); Pós-Doutor em Literatura Comparada pela UFRJ; Mestre e Doutor em Literatura Brasileira pela UFRJ; Bacharel e Licenciado em Letras (Português-Inglês) pela UFRJ.
NOTA AOS LEITORES; ESSA SEGUNDA EDIÇÃO SAIRÁ EM BREVE. AGUARDEM-NA E E NÃO DEIXEM DE LER ESSE ROMANCE.