Apóstrofe

APÓSTROFE

L. Ruas


em vão hás de voar pássaro triste
buscando o fruto verde não sepulto
nas praias naufragadas onde existe
a concha nacarada — peixe inculto

além de tuas patas espalmadas
o mar é brisa calma e mata bruta
as asas que se abrem limitadas
mergulham sem tocar na doce fruta

em curvas linhas retas canto e arte
te vejo entre o céu e o barro forte
comendo espaço e tempo sul e norte

buscando em vão o fruto que te farte.
quem sabe? pode ser que noutros mares
sacies teu desejo. é bom tentares.

(Aparição do Clown)