Apocalipse em Hogwarts
Por Miguel Carqueija Em: 10/08/2011, às 11H56
(Miguel Carqueija)
Harry Potter, Hermione Granger e Ronny Weasley enfrentam, juntos, o filho do demônio na batalha final.
APOCALIPSE EM HOGWARTS
O apoteótico final da franquia cinematográfica “Harry Potter” encerra com chave de ouro o ciclo iniciado pela escritora britânica J.K. Rowling há quatorze anos. Sete volumosos e oito filmes densos e envolventes, configuram a mais exemplar série midiatica já vista. Uma geração cresceu com Harry Potter e acompanhou passo a passo o desenvolvimento do bruxinho e a pontuação emocional de seu combate com o Lord das Trevas.
O derradeiro filme é todo perpassado por um clima de quase insuportáveis terror e suspense, contrastando com o aspecto mais infantil e cômico dos dois primeiros. A trama foi se adensando ao longo dos episódios, preparando-se assim, de modo orgãnico e gradual, a atmosfera para o desfecho, a batalha final contra o filho do demônio.
Deve-se destacar as interpretações exemplares desses atores do cinema inglês, que aí demonstra a sua pujança e superioridade sobre o cinema norte-americano de um modo geral.
É o caso, por exemplo, de Alan Rickman, que interpreta o sombrio e assustador Severo Snape, cuja ambiguidade perpassa a série. Ralph Fiennes, como o abominável Lord Voldemort, consagra-se como ator terrorífico. Helena Bonham Carter foi ótima como a carismática vilã Belatrix Lestrange. Maggie Smith foi muito valorizada no último filme como a Professora Minerva Mc Gonagall, que em sua secura austera defende Hogwarts — último reduto dos bruxos bons contra a horda das trevas — até o último tijolo. A destruição de Hogwarts durante a titânica batalha entre o bem e o mal é um dos maiores achados da série. Pode-se dizer que “Harry Potter e as relíquias da morte, Parte 2” consegue ser também um grande filme de batalha, com sequências realmente excepcionais.
Como supervisora da franquia e co-produtora dos dois últimos filmes, Joanne Kathleen Rowling consagra-se não só como escritora, mas inclusive como cineasta. Ela é, de resto, uma pessoa sensacional.
Pode-se concluir que ela conseguiu formar o trio ideal, com o sério e íntegro Harry Potter (Daniel Radcliffe), a decidida e leal Hermione Granger (Emma Watson) e o ingênuo e confiável Ronny Weasley (Rupert Grint), unidos desde os onze anos e dispostos a derrotar o filho das trevas, custe o que custar. O clima torna-se cada vez mais opressivo de episódio em episódio à proporção em que segredos são revelados e aliados são mortos, como Alvo Dumbledore, Doby e Sirius Black, e quando a segurança deixa de existir na terra dos bruxos e Potter com seus amigos passam a ser fugitivos, com a vitória sobre Voldemort na dependência de serem localizadas as “horcruxes” onde o Anticristo depositou frações de sua alma para não poder ser morto.
Foi uma grande idéia dividir o último livro em duas filmagens. Os produtores David Heyman, David Barron e J.K. Rowling e o diretor David Yates estão de parabéns, e também o excelente roteirista Steve Kloves, e todos os que trabalharam na franquia. A série “Harry Potter” é a prova pujante de como o cinema de arte pode, sim, atrair grandes bilheterias.