Apelidos literários

 [Gabriel Perissé]

Há dicionários para tudo, mas sempre se pode inventar um novo. Acabei de adquirir oDicionário de apelidos dos escritores da literatura brasileira, de Claudio Cezar Henriques, pela Editora curitibana Appris (2012).

Apelidos elogiosos como "Pai do Romance Brasileiro" para José de Alencar; ou como "Príncipe dos Poetas Brasileiros", compartilhado por Guilherme de Almeida, Paulo Bonfim, Olavo Bilac, Alberto de Oliveira, Olegário Mariano e Menotti del Picchia! Para que tantos príncipes, meu Deus?, perguntaria Carlos Drummond de Andrade (cujo apelido era o "Poeta das Sete Faces")! Mas meus olhos não perguntam nada...

Raquel de Queiroz

E uma segunda pergunta: quem serão os reis e rainhas da poesia? "Rainha das Escritoras Brasileiras" foi o apelido de Raquel de Queiroz.

Outros apelidos são menos nobres... como "Boca do Inferno", para Gregório de Matos, "Ratazana ao Molho Pardo", que Oswald de Andrade inventou contra o poeta Cassiano Ricardo (um caso típico de bullying literário), "Sir Ney" para José Sarney, e um hilariante "Tristinho de Ataúde", para Alceu Amoroso Lima, que usou o nome literário Tristão de Athayde.



Alguns são apelidos que serviriam perfeitamente para mais de um. "Médico-poeta", para Pedro Nava, serviria também no caso de Jorge de Lima. "Grande Poeta das Coisas Pequenas", para Manoel de Barros, cairia muito bem em outro poeta, Manuel Bandeira.


O dicionário também poderia inventar uns apelidos... A título de sugestão, chamar Fabrício Carpinejar de o "Mais Belo dos Feios", e Marcelino Freire seria o "Contista de Sertânia".

Os apelidos de que mais gosto são "Vampiro de Curitiba", para Dalton Trevisan, "Poetinha" para Vinicius de Moraes (que, não me lembro quem, brincando, dizia que era de "Imoraes") e "Dante negro" para Cruz e Sousa
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