Aos 90 anos, morre Ângelo Gaiarsa

O psiquiatra José Angelo Gaiarsa, 90 anos, morreu neste sábado de causa desconhecida. Ele teria falecido enquanto dormia, por volta de 5h da manhã. Irreverente, era um dos mais respeitados profissionais do país. Em 54 anos de carreira, publicou mais de 30 livros, a maioria deles pela Editora Ágora.

Em 2006, quando completou 50 anos de atividade profissional, lançou a obra comemorativa Meio século de psicoterapia verbal e corporal. Gaiarsa estava concluindo a revisão do livro Respiração, angústia e renascimento, uma reedição da obra programada para novembro.

Paulista de Santo André, Gaiarsa nasceu no dia 19 de agosto de 1920. Vindo de uma família de seis irmãos e irmãs, entrou na Faculdade de Medicina da USP em primeiro lugar, em 1946, posição que manteve por toda a graduação.

Casou-se com Maria Luiza Martins Gaiarsa, cirurgiã e colega de turma, com quem teve quatro filhos homens: Flávio, Marcos (já morto), Paulo e Dácio. Separou-se em uma época em que o rompimento do casamento era controverso.

Sempre polêmico, Zeca, como era conhecido pelos amigos, condenou veementemente a estrutura familiar clássica e apoiou abertamente, em redes de rádio e TV, a liberdade feminina já na década de 1960. Ele também defendia o relacionamento aberto e questionava a ideia de a maternidade ser uma maravilha absoluta.

Palestrante de sucesso, durante dez anos, de 1983 a 1993, ele apresentou um quadro do programa Dia Dia, transmitido pela TV Bandeirantes, em que respondia, ao vivo, dúvidas dos telespectadores sobre temas como família, sexualidade e relacionamentos amorosos.

Em 2009, Gaiarsa recebeu o prêmio "Estatueta com Pedestal" pela publicação do livro Educação familiar e escolar para o terceiro milênio. Trata-se da mais alta homenagem da Academia Internacional para o Desenvolvimento do Cérebro Infantil, com sede na Filadélfia (EUA), oferecida a uma personalidade de destaque mundial. No livro, ele trata do desenvolvimento físico, cerebral e emocional das crianças. DIÁRIO CATARINENSE