Ansel Adams, Aaron Copland e a arte
Em: 16/01/2013, às 22H30
[Fernando Campanella]
Appalachian Spring, obra do compositor norte-americano Aaron Copland, apareceu em minha vida em uma fase de grande inquietação da sensibilidade, de busca de alguma vazão pela arte, além da poesia, porém ainda sem os meios definidos para tal.
Algum tempo depois comecei a me dedicar à fotografia, a princípio como diversão ou passatempo, vindo a transformar-se a mesma em um canal para a expressão artística que sempre esteve latente em mim.
Há alguns meses pesquisei sobre Copland e, para minha surpresa, encontrei um trecho da Appalachian Spring no youtube como fundo musical para a apresentação de imagens de Ansel Adams, renomado fotógrafo norte-americano (1902-1984).
Impressionado com a beleza das fotos de Adams, em preto e branco, feitas com câmera analógica, senti uma grande identificação com o artista, surpreso por certa semelhança de seus temas com meu trabalho, respeitada, obviamente, a distância técnica entre as criações do grande mestre e as minhas.
Considerado grande fotógrafo do século XX, Ansel Adams fez história com as imagens deslumbrantes de paisagens que nos legou, particularmente as do Parque Nacional de Yosemite, localizado nas montanhas da Serra Nevada, na Califórnia, local que visitou todo ano, de 1916 até o final de sua vida.
Foge ao objetivo desta postagem discorrer minuciosamente sobre os processos e técnicas tão especiais de fotografia criados e desenvolvidos pelo artista. Os mesmos são descritos nos livros que escreveu, dentre os quais a série de três obras: A Câmera, O Negativo, A Cópia.
Mas, em resumo, podemos dizer que o fotógrafo demonstrou extremo rigor técnico em seu trabalho, começando pela escolha da máquina apropriada, "com seus ajustes precisos em função daquilo que o fotógrafo visualizou", passando pela reprodução no negativo daquilo que "o fotógrafo apreendeu na visualização, não necessariamente uma reprodução fiel da realidade. A técnica entra, assim, como um instrumento que flexibiliza o olhar e permite que o artista veja mais além, produza as imagens que sua mente visualiza a partir de uma cena".
Uma das citações de Adams sobre sobre a fotografia: existe gente demais fazendo somente o que lhe disseram para fazer. A maior satisfação que podemos obter da fotografia está na realização de nosso potencial individual, na percepção única de algo e em sua expressão por meio da compreensão dos instrumentos. Tire proveito de tudo: não se deixe dominar por nada, a não ser por suas próprias convicções. Qualquer esforço humano que valha a pena depende de muita concentração e grande domínio dos instrumentos básicos.
Levanta-se a questão de o fotógrafo ter se escravizado a esse rigor técnico que sempre perseguiu e postulou em seus livros, porém isso não obscurece seu mérito de fotógrafo genial, mundialmente consagrado.
Minhas experiências, o que fui vivendo e conhecendo, a Appalachian Spring, de Copland, a fotografia de Ansel Adams, Minas, e tanto mais, refletiram-se e irão se refletir na arte da fotografia que tento criar. E nas palavras de Adams:
"Não fazemos uma foto apenas com uma câmera; ao ato de fotografar trazemos todos os livros que lemos, os filmes que vimos, a música que ouvimos, as pessoas que amamos."
(Fernando Campanella)
(Fontes de pesquisa: Wikipédia e Pensador.info)
Aqui, os links de um site onde postei as três fotos minhas em que percebi uma identificação temática com o trabalho de Adams, nas três fotos dele que abrem este post:
1) http://www.flickr.com/photos/campanula/7739250216/in/set-72157621907249679
2) http://www.flickr.com/photos/campanula/8180085098/in/set-72157622573151732
3) http://www.flickr.com/photos/campanula/7354811286/in/set-72157626781448806
Abaixo, o vídeo com as imagens de Adams e um trecho de Appalachian Spring de Aaron Copland: