Ana Ahkmatova (1899-1966)‏

Para que me servem exércitos de canções
e o fascínio da poética sentimental ?
Para mim na poesia nada tem importância
a não ser os homens.

Quando souberes de que lixeira
saem os versos, sem vergonha,
como uma flor amarela na cerca,
como um cacto ou como um cogumelo.

Um grito de fúria, alcatrão com cheiro fresco,
bolor escondido na parede...
E a poesia já soa fervente, terna,
para a minha e a vossa alegria.

Anna Akhmátova
Poetas Russos
Tradução e Prólogo de
Manuel de Seabra
Relógio d´Água
1995

retrato por Kuzma Sergeevich Petrov-Votokin
Faria hoje anos Ana Ahkmatova (1899-1966)‏
AMELIA PAIS