AMOR CIGANO

 

Elmar Carvalho

 

A cigana jogou as cartas da sorte

e leu afagando as linhas tortuosas

que sulcam a palma de minha mão.

Falou sussurrando

de ascensões e naufrágios

entrevistos nos presságios.

Prometeu um grande amor

que breve encheria meu vazio coração.

Enfeitiçou-me e se evadiu

por ondulosas colinas

cheias de margaridas e rosas,

eritrinas e neblinas.

E me deixou repleto o coração

apenas de urtigas e saudade

a cigana leviana que leu

e releu a palma de minha mão.