Alvaro Moreyra
Em: 14/01/2011, às 21H35
Jorge Adelar Finatto
O escritor gaúcho Alvaro Moreyra (Porto Alegre, 1888 – Rio de Janeiro, 1964) faz parte de uma galeria de autores brasileiros que estão muito esquecidos. Poeta, cronista, homem de teatro, apresentador de programas culturais de rádio,*derramou-se em várias frentes do trabalho cultural. A literatura, no entanto, foi o centro de sua atividade criativa. É de justiça recordar o lugar único e luminoso que lhe pertence na nossa vida artística e literária.
Alvaro Moreyra foi um comunista devoto de São Francisco de Assis e um acadêmico que, ao ver-se no fardão de imortal da Academia Brasileira de Letras, achou-se parecido com um porteiro de edifício. Eleito em 1959 para a ABL, ocupou a cadeira 21, sucedendo a Olegário Mariano. O fardão foi doado pelo Estado do*Rio Grande do Sul, sendo então governador Leonel Brizola.
Depois que morreu formou-se sobre a sua pessoa e a sua*obra*um injusto silêncio. Os mais jovens não têm sequer a oportunidade de conhecê-lo pois não há reedição de seus livros. A crônica brasileira deve muito a Alvaro Moreyra, que influenciou autores do gênero como Rubem Braga e Fernando Sabino. *
Dirigiu revistas como Para Todos e Ilustração Brasileira através das quais lançou poetas e escritores. Com Eugênia Alvaro Moreyra, sua mulher (a primeira repórter brasileira), criou o Teatro de Brinquedo, em 1927, movimento que marcou o início da renovação da arte cênica no Brasil.
Alvaro deixou uma obra notável em qualidade e delicadeza, na qual figuram, entre outros livros, Elegia da bruma, Um sorriso para tudo, Havia uma oliveira no jardim e as Amargas, não.
Sobre ele assim manifestou-se Carlos Drummond de Andrade: “Entre os modelos nacionais que se ofereciam ao aprendiz de literatura, este marcou mais do que todos. As primeiras adorações intelectuais manifestam-se pela imitação, e parecia fácil imitar os flagrantes, as anotações mínimas, de cenas e estados de espírito, a atitude graciosa e descomprometida de Alvaro Moreyra. Não que eu o pretendesse conscientemente, mas deslizava nesse rumo como aquele frade que ouviu cantar o passarinho e se deixou levar na esteira de sua voz. Não consegui, porém, o que outros também não terão conseguido. A fórmula irônico-sentimental de Alvaro era exclusiva, as modulações alheias soavam falso. Quem sabe se não será mais cômodo copiar um estilo empavesado? De qualquer modo, devo admitir que da experiência se apurou o saldo de uma lição de simplicidade, válida para sempre”. (Cadeira de Balanço,* Livraria José Olympio Editora, 8ª ed., Rio de Janeiro, 1976).
Para quem ama a boa literatura, recomendo procurar a obra do autor em bibliotecas e sebos.* Lembro que Alvaro Moreyra foi, além de tudo, um ser humano dotado de imensa generosidade".
(http://arquipelagolivros.wordpress.com/2010/12/14/alvaro-moreyra/,
Colaborou Flávio Bittencourt
Leia postagem completa sobre o escritor gaúcho:
http://www.portalentretextos.com.br/colunas/recontando-estorias-do-dominio-publico,236.html