Alguns mosaicos globais, não equecendo o Brasil
Por Cunha e Silva Filho Em: 03/11/2012, às 13H42
Cunha e Silva Filho
No Paquistão a tentativa de calar o direito à educação para a mulher da adolescente Malala. Na Síria, o acordo de cessar-fogo desrespeitado pelos dois lados e inclusive desrespeitando o representante oficial da ONU. Nos Estados Unidos, a violência das águas e do ventos sob o nome geral de Furacão Sandy.
Em Veneza, as águas subiram e o que já era uma cidade nas águas, virou uma cidade-água. Oxalá que os homens contenham as inundações da bela cidade das gôndolas e que as lembranças do glamuroso Casanova (1725-1798) não se apaguem para sempre!
Em outros países da Europa, o miserê da população, com salários cortados e, paradoxalmente, com o governo decretando aumentos de impostos! Na Argentina, o Estado tomando ares de censor da imprensa livre, dando péssimo exemplo de democracia às Américas.
Novamente, nos Estados Unidos, constamos que cidades importantes não estão preparadas para cataclismos mais potentes, digamos, um tsunami daquele que atingiu o Japão. Os americanos perderam vidas, estão com racionamento de gasolina, falta de energia, de alimentos. Quem já imaginou a poderosa Nova Iorque sofrendo as mazelas de cidadezinhas pobres de várias partes do planeta? Quem já imaginou os nova-iorquinos com fome, com sede, sem transportes, andando a pé ou de bicicletas? Não há país poderoso econômica ou belicamente falando diante da fúria da Natureza. Somos nanicos metidos a besta, que pensam apenas na ilusão de que estamos protegidos, temos dinheiro, temos exércitos e influência sobre os outros, os menores, os desprotegidos, os miseráveis.
Nenhum país está ileso de toda espécie de desgraça, de injustiças contra as populações, de corrupção espalhada pelos quatro cantos do mundo. Todos nós humanos devemos repensar em mil e um coisas a fim de tornar mais respirável este mundo pós-tudo vivendo da indiferença entre o Bem e o Mal, ou seja, resultando numa mistura de práticas de vida coletiva e individual com valores éticos de ponta cabeça.
O nosso Brasil não é exceção nem bom exemplo em vários prismas, o primeiro sendo o da impunidade contra malversações do Erário Público.Os homens de bem estamos aguardando o gran finale do julgamento do Mensalão. Estamos aguardando a dosimetria - jargão jurídico com sonoridade médica - e sua aplicação real no que tange aos considerados ladrões dos cofres públicos. Em outras palavras, estamos esperando, ansiosos, por resultados concretos, quer dizer, por cadeia para larápios dos contribuintes, tanto no sentido ativo da corrupção quanto no passivo.
O brasileiro quer ver com os próprios olhos que figuras consideradas réus estarão por detrás das grades como os presos brasileiros que infestam nossas presídios. Na fala de alguns ministros ouvi a palavra “benefícios da lei”. Que diabo é isso? Como falar em abrandamentos de sentenças quando se trata de réus reconhecidamente venais? O Supremo Tribunal Federal deve evitar o pior i.e., a desmoralização da Corte se não mandar para a cadeia alguns indivíduos-chave que cometeram crimes de lesa-pátria. Leniência contra criminosos de colarinho branco é uma palavra que não pode ser utilizada pelos magistrados da Corte Suprema, que rege a Justiça brasileira. O país exige a imparcialidade dos Ministros da Corte. Nada mais do que a aplicação do princípio da dura lex sed lex. Só assim agindo o país dará exemplo de plena maioridade democrática. A era do “Acabou em pizza” deve ser sepultada de vez dos anais da vida política brasileira. Confio na palavra e ação dos Supremo. Data venia.