[Flávio Bittencourt]

Alex Solnik entrevista Boris Schnaiderman

A agência soviética de espionagem KGB levantou dados sobre o professor de literatura russa da USP B. Schnaiderman, na época de L. Brejnev.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

"Yury Tynyanov (Ю́рий Никола́евич Тыня́нов) (18 de Outubro, 1894 - 20 de Dezembro, 1943) foi um famoso escritor soviético/russo, crítico literário e tradutor nascido em Rezhitsa, atualmente Letónia. Foi importante membro do Formalismo Russo (...)".

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Yuri_Tynianov)

 

 

 

 

 

Yury Tynyanov

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Yuri_Tynianov)

 

 

 

 

 

UM MAGNO POEMA DE V. KHLÉBNIKOV,

TRANSCRIADO EM PORTUGUÊS

POR HAROLDO DE CAMPOS:

 

"A ENCANTAÇÃO PELO RISO

Ride, ridentes!
Derride, derridentes!
Risonhai aos risos, rimente risandai!
Derride sorrimente!
Risos sobrerrisos - risadas de sorrideiros risores!
Hílare esrir, risos de sobrerridores riseiros!
Sorrisonhos, risonhos,
Sorride, ridiculai, risando, risantes,
Hilariando, riando,
Ride, ridentes!
Derride, derridentes!

1910

[Tradução: Haroldo de Campos]

 (http://www.culturapara.art.br/opoema/velimirkhlebnikov/velimirkhlebnikov.htm)

 

 

 

 

 

Velimir Khlébnikov

."A obra anunciadora de Velimir Khlébnikov, não se parecia com nada do que se fizera anteriormente. Anulavam-se não só os clichês introduzidos pelo simbolismo, mas toda a linguagem convencional se desarticulava. Sua poesia parecia às vezes não ter sentido, mas, na realidade, o que ele trazia, na feliz expressão de Iúri Tinianov, era "um novo sistema semântico". Ela só não tinha sentido para quem não conseguia apreendê-lo, nem perceber nele o verdadeiro significado dos novos tempos. 

saber mais            

(Comentário retirado do prefácio, escrito por Boris Schnaiderman, publicado no livro Poesia Russa Moderna - Nova Antologia - Editora Brasiliense, 1985)"

 

(http://www.culturapara.art.br/opoema/velimirkhlebnikov/velimirkhlebnikov.htm)

 

 

 

 

 

13-08-2009 - Simpsons ou Dostoiévski

 

 

 

 

 

 

 

 

 

FIÓDOR MIKHAILOVICH DOSTOIÉVSKI

(1821 - 1881)

(http://www.cadesofia.com.br/2009/08/simpsons-ou-dostoievski/)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

(http://www.livrosdificeis.com.br/index.php?meio=biblioteca_eletronica&pg=49)

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

  

 

(http://www.russiablog.org/2008/04/)

 

 

  

 

 

"Quinta-feira, 21 de agosto de 2008"

 ANTONIO CANDIDO E BORIS SCHNAIDERMAN

 O crítico Antonio Candido recebe os cumprimentos do amigo Boris Schnaiderman após a entrega do Troféu Juca Pato

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
   
 
 
 
 
 
"O crítico Antonio Candido recebe os cumprimentos do amigo Boris Schnaiderman após a entrega do Troféu Juca Pato

Claudio Leal 

O crítico literário Antonio Candido de Mello e Souza, 90 anos, recebeu ontem à noite [POSSIVELMENTE EM 20.8.2008] o prêmio Juca Pato de Intelectual do Ano de 2007, conferido pela União Brasileira de Escritores (UBE). Na entrega do troféu, no Salão Nobre da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, o crítico repassou sua trajetória intelectual e política. Afirmou-se fiel à "tradição do humanismo ocidental definida a partir do século XVIII".

­- O que importa não é que os alvos ideais sejam ou não atingíveis concretamente na sua sonhada integridade. O essencial é que nos disponhamos a agir como se pudéssemos alcançá-los, porque isso pode impedir ou ao menos atenuar o afloramento do que há de pior em nós e em nossa sociedade. (...)".

(http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3118897-EI6581,00.html)

 

 

 

 

 

 

"Hélio Campos Mello

 Alex Solnik, jornalista   Em setembro de 1973, foi sequestrado em casa e levado ao DOI-Codi de São Paulo, na Rua Tutóia onde, por 45 dias, os seus captores tentaram provar que ele era o "Hippie" da Ação Popular Marxista Leninista (APML). Só não foi barbaramente torturado porque não tinha informações a dar e os policiais não tinham tempo a perder com ele. Solto em novembro, tentou retomar as colaborações com os fascículos  Conhecer  e  Mitologia , mas a Editora Abril fechou-lhe as portas. Voltou à imprensa a convite do jornal  Ex- , dirigido pelos ex-editores da  Realidade . Foi, no frigir dos ovos, uma boa troca. Nesta edição entrevistou Antonio Roberto Espinosa e Lygia Fagundes Telles.

"Alex Solnik, jornalista

Em setembro de 1973, foi sequestrado em casa e levado ao DOI-Codi de São Paulo, na Rua Tutóia onde, por 45 dias, os seus captores tentaram provar que ele era o "Hippie" da Ação Popular Marxista Leninista (APML). Só não foi barbaramente torturado porque não tinha informações a dar e os policiais não tinham tempo a perder com ele. Solto em novembro, tentou retomar as colaborações com os fascículos Conhecer e Mitologia, mas a Editora Abril fechou-lhe as portas. Voltou à imprensa a convite do jornal Ex-, dirigido pelos ex-editores da Realidade. Foi, no frigir dos ovos, uma boa troca. Nesta edição
[DA REVISTA BRASILEIROSentrevistou Antonio Roberto Espinosa e Lygia Fagundes Telles".

(http://www.revistabrasileiros.com.br/imagens/3279/em/textos/562/)

 

 

 

                                     Homenageando BORIS SCHNAIDERMAN

                                     e ALEX SOLNIK,

                                     a quem se deseja muita saúde e vida longa

 

 

 

 

21,1,2911 - Li eu várias vezes essa entrevista que o Prof. Boris Schnaiderman concedeu ao jornalista Alex Solnik - O depoimento é impressionante. (Acho que não completo 3 meses sem reler essa entrevista, uma vez que fico meditando sobre o mundo, as coisas e o tempo, A PARTIR DE EVENTOS VERDADEIRAMENTE ACONTECIDOS NA VIDA DO EMINENTE PROF. SCHNAIDERMAN, que foi amigo de ROMAN JAKOBSON, é um dos eruditos que mais conhecem LITERATURA RUSSA dos séculos XIX e XX, foi PRACINHA DA FEB mandado à Itália na II Guerra Mundial, tendo sido DETIDO VÁRIAS VEZES pela Ditadura Militar de 64, no Brasil [mas era logo liberado, porque não era ligado a movimentos revolucionários] e, como se não bastassem tantos elementos biográficos de alta significação histórico-político-literária, FOI INVESTIGADO ATÉ POR ESPIÕES DA KGB, pode?)  F. A. L. Bittencourt ([email protected])

 

 

 

 

Revista SEM CORTES online;

editor: ALEX SOLNIK 

 

"Mundo

Moscou em Chamas

Lilia era mulher de Ossip, que era amigo de Maiakovski, que se apaixonou por Lilia. E os três viveram juntos por muitos e muitos anos.
O elevador pára dentro do apartamento. É um duplex horizontal. Os dois apartamentos fronteiriços formam um só. Boris Shnaiderman parece estar bem forte aos 92. Não dá um sinal de cansaço, seja de que espécie for. Seus olhos melancólicos não deixam mentir: ele é uma alma russa. Me encaminha até uma mesa redonda, com muita luz. Em volta de nós, estantes com livros bem arrumados, em meio a objetos, tapetes, quadros de toda uma vida.É muito aconchegante, inesperado para o lugar onde está localizado, perto da Praça Marechal Deodoro, região degradada onde em outros tempos estava instalada a sede da Rede Globo de São Paulo. Boris é nacionalmente reconhecido há mais de 40 anos como o melhor tradutor de escritores russos para o português, principalmente Vladímir Maiakovski, de quem conhece de cor e salteado não só a obra, como a vida.

Vocè nasceu em 1917, na Rússia. Como estava a situação da sua família, como foi o impacto da revolução russa na sua casa?
Bom, meu pai se ocupava de comércio  e nos primeiros tempos após a revolução  ele estava relativamente bem de vida. Foi uma situação estranha, a minha família estava bastante bem nos anos pós- revolução.

Você se lembra daquela época?
Eu me lembro desde os três anos. Eu me lembro desde os três anos, três anos e pouco e eu me lembro…

Onde você estava?
Quando eu tinha um ano mais ou menos me levaram pra cidade de Odessa, então a minha primeira infância decorreu em Odessa.

É uma cidade que não é pequena.
Não, Odessa não é cidade pequena, atualmente tem um pouco mais de um milhão de habitantes, era principalmente um grande porto, um grande porto do Mar Negro…

E estância balneária na época…
Sim, sim, estância balneária, aliás, continua sendo  uma estância balneária.

E o comércio do seu pai era o que, tecidos, armarinho, o que era?
Não, não. Meu pai viajava e comprava coisas no Cáucaso pra vender em Odessa. Com a nova política econômica houve assim uma certa margem para atividades  dos comerciantes particulares e ele até chegou a ter uma indústria na época, uma fábrica de conservas.

Sardinhas?
De conservas, não é de sardinhas. Ocorre bastante em Odessa a Cungriá que corresponde mais ou menos à nossa cavalinha e ele fazia então conservas de Cungriá. Mas isso foi só nos primeiros tempos, logo depois teve que fechar a fábrica, as coisas foram apertando lá e ele viu que a situação não estava cem por cento boa pra ele, que as coisas iam piorar pro comércio particular e ai nós viemos para o Brasil.

A sua infância em Odessa foi até quantos anos?
Até os oito anos.

Ah, então você fez o primeiro ano escolar lá?
Fiz, fiz.

Como era a escola, como  era o primeiro ano?
Eu me lembro que eu cheguei a freqüentar o jardim de infância, mas eu só fui uma vez  porque as crianças ficavam brincando de roda e cantando A Internacional e eu não conhecia a letra da Internacional. Em casa, o ambiente era todo não comunista, pelo menos.

E de que cenas você tem lembranças?
De que cenas? Ihhh, eu tenho lembrança de muitas coisas, eu me lembro muito porque eram anos marcantes né, muito marcantes. A primeira coisa de que eu me lembro é das pessoas caídas na rua por causa da fome, a fome de 1921.

As pessoas caídas mortas?
Caídas morrendo. Eu me lembro de um homem morrendo e a minha governanta - em casa nós tínhamos empregada que meus pais chamavam de governanta pra não dizer empregada -eu estava na rua  com minha governanta, um homem estava caído no chão e ela apanhando um pedaço de pão e dando pra ele de comer, mas ele mal conseguia mexer os lábios. Estava caído de fome.

Na sua infância o líder era o Lênin né?
Sim, eu me lembro da morte de Lênin que foi assim um transtorno em toda a vida do país. Eu me lembro que os carros ficaram andando durante cinco minutos…, os carros andando, buzinando e os ônibus assim tocando assim a sineta e outros cinco minutos tudo parado. Eu me lembro que foi assim uma comoção nacional, mesmo os que não eram muito adeptos do sistema, no fundo tinham uma admiração pela pessoa, pela figura dele.

O Lênin era uma figura querida da população?
Era sim…, tinha conseguido consolidar o regime. Quando ele morreu estava em desenvolvimento a política que ele tinha instaurado que soltava um pouco as rédeas, um pouco de iniciativa privada ele permitiu isso era a nova política econômica, a nova economia política. E as coisas estavam começando a entrar nos eixos, começando entrar nos eixos.

Você chegou a ver o Lênin alguma vez?
Não. O Lênin eu nunca vi.

E o Einsenstein, você viu?
Eu assisti a filmagem do Encouraçado Potemkin. Mas não vi Eisenstein. É que eu brincava na escadaria de Odessa e via aquele movimento, eu não sabia o que era, não tinha a menor idéia do que fosse e vi, assisti a filmagem.

O que estava acontecendo, qual cena que era, você se lembra?
Eu me lembro, me lembro muito bem da cena dos chapéus, me lembro que apareceram umas senhoras elegantes com trajes do começo do século que eu não conhecia, não entendia o que era aquilo, porque estavam com aqueles trajes esquisitos, trajes chiques da burguesia da época e depois os homens assim todos de chapéu e ai de repente eles começavam a atirar o chapéu suado saudando os marinheiros do Encouraçado. Eu me lembro dessas cenas, eu vi filmar.

Maiakovski se matou nos primeiros anos da revolução; ele se matou por desgosto com os rumos da revolução?
É difícil dizer, fulano se matou por isso ou fulano se matou por aquilo. Geralmente são muitas, são várias…, é convergência de vários fatores que foi o caso do Maiakovski.  Dizer que ele se matou por uma questão sentimental não é verdade porque mulher ele sempre teve, levou uma vida amorosa muito intensa, muito diversificada e era natural que ele tivesse lá os seus desgostos de amor e tal, mas não chegava a tal ponto dele chegar a se suicidar.

As moças naquela época tinham liberdade sexual?
Nos primeiros tempos após a revolução sim.

Não tinha aquilo de virgindade, casamento?
Havia, havia, mas ao mesmo tempo que havia na burguesia, na classe média e na aristocracia havia o tabu da virgindade e tudo, tudo isso funcionava, o tabu da virgindade, mas depois da revolução, houve uma tendência por uma vida sexual mais livre. Tanto é que no Ocidente fazia-se campanha de que Moscou era um desvario, aquilo era uma devassidão, comunismo era sinônimo de devassidão nos primeiros tempos após a revolução. Depois com o Stalin a coisa apertou, o Stalin apertou os parafusos e colocou “a família acima de tudo”.

Então o Maiakovski passou a época digamos já…
De uma vida sexual muito livre, muito livre. É verdade, Maiakovski tinha uma vida sexual muito intensa, e muito diversificada, e o grande amor da vida dele foi a Lílian Brik, que eu cheguei a entrevistar, era mulher do melhor amigo dele.

Ah, essa história de mulher do melhor amigo…
Eles viveram na mesma casa os três.

E eles viviam sexualmente os três também ou não?
Não.

Como é a historia, vamos ouvir.
A Lílian Brik pelo menos me disse categoricamente que quando ela passou a viver com o Maiakovski ela deixou de ser mulher do Ossip. Foi o que ela me disse na entrevista. Nada de ménage a trois, vivemos sob o mesmo teto, mas…, e que o Ossip, embora ficasse triste e tudo, aceitava a situação e tudo bem.

E Ossip não tinha outra mulher? Foram 15 anos de vida a três, pelo que eu li.
Não. Que conste não. Não sei, não sei.

Mas é impressionante o homem aceitar isso, é difícil.
É difícil, é difícil.

Porque isso é uma situação de adultério  você sabe que sua mulher está com outro, mas você está ali do lado. Você soube de outras situações parecidas com essa, até mesmo na literatura alguma situação com três pessoas que vivem juntas, dois homens e uma mulher?
Depois da revolução era freqüente.

Ah é, na Rússia?
É. Depois da revolução na Rússia houve situações assim…, havia uma corrente lá do partido que era pelo amor livre. Havia uma figura importante do partido que era a Alexandra Kolontay, que era adepta do amor livre. Ela era do partidão, era da linha justa, não era dissidente, nem nada, e ela foi enviada como embaixadora na Suécia para ficar fora, ficar longe, e ai amaldiçoaram as obras dela, foram condenadas, mas não mexeram com a pessoa dela. Ela era adepta ao amor livre e era da linha justa do partido, era colaboradora direta do Lênin…Os costumes na sociedade, havia os remanescentes da classe média, da burguesia, que eram contra, achavam uma devassidão etc mas no partido o que predominava era a linha da Alexandra Kollontai.

A prostituição não tinha sentido na Rússia naquela época, então.
Mas existia. A prostituição existia. A prostituição sempre existiu na Rússia.       Porque é a tal história: na burguesia, na classe média - era a classe média formalmente, porque eram filhos de burgueses -, aí havia o tabu da virgindade e tudo.

O melhor amigo também era poeta, não é?
Ele era crítico. Era teórico de literatura. Era muito amigo do Maiakovski. Inclusive, uma das peças de Maiakovski baseia-se num primeiro roteiro dele. O argumento de Moscou em Chamas. Foi escrito pelo Maiakovski  mas na base de um esquema de Ossip Brik.

Não havia possibilidade de uma relação homossexual entre os dois?
Não acredito. Não acredito, mas…

Como a homossexualidade era encarada pela revolução?
Homossexualismo existia  homossexualismo na Rússia existiu. Os russos sempre ficavam bravos quando a gente tocava nesse assunto. Mas existiu o homossexualismo.

Há algum personagem homossexual na grande literatura russa Tolstoi, Dostoievski?
Não, não tratam disso.

É uma questão escondida, até nos romances.
Sabe-se, por exemplo, que |Tchaikovsky era homossexual e os russos tratavam sempre de esconder isso.,

Esse é o lado puritano dos russos.
E ficavam zangados quando a gente dizia: “Mas Tchaikovsky é homossexual.” Diziam: “Não, não, isso é calúnia.”

E desses grandes romancistas russos, algum era homossexual?
Que eu saiba, não.

Agora, se Maiakovski não se matou por problemas sentimentais…
Não, não se matou. Os problemas sentimentais existiam., mas a grande tragédia de Maiakovski consistia no seguinte|: ele era um adepto fiel da revolução e a revolução estava se voltando contra o tipo de arte que ele fazia, contra o tipo de poesia que ele escrevia e contra pintura, escultura, teatro das correntes modernas. Foi a grande diferença dele com o partido. A cúpula do partido era defensora da arte tradicional e  ele era pela arte avançada, moderna.

O suicídio foi um protesto dele, digamos assim?
Ficou irrespirável, o ambiente para ele ficou irrespirável. Ele teve um romance… bom, ele teve várias mulheres. Um dos romances dele era com uma russa emigrada em Paris. Ele queria voltar a Paris para se encontrar com essa mulher e não deram passaporte pra ele. Foi um grande desgosto para ele, ele não conseguia passaporte pra viajar pro exterior.

Ele era considerado inimigo do regime?
Não, não era considerado inimigo do regime. Mas era considerado suspeito de tendências indesejáveis, como essa: ter um romance com uma russa emigrada.

Ele era malvisto.
Muito malvisto. Nos últimos tempos dele ele era muito malvisto. Inclusive chegaram a escrever contra ele,. O. Gorki chegou a escrever contra a poesia dele.

Mas ele tinha muita repercussão como poeta na época dele?
Tinha. Ele era muito popular. A poesia dele era essencialmente popular, inclusive se dirige ao público. Não é uma literatura para eruditos. E ele tinha aquele dom oratório extraordinário e era ele quem dizia os versos dele, de público, Ele precisava do contato direto com o público e inclusive estavam dificultando esse contato direto. Não proibiam - ainda não havia como proibir espetáculos de Maiakovski…

E eram espetáculos pagos?
As pessoas pagavam. Uns eram pagos, outros não. Alguns não eram pagos.

Ele vivia da venda de livros? Do que ele vivia?
Ele vendia muitos livros, vendia muito. Vendia muito.

E,,, ele era contra a vodka, fazia campanha contra a vodka?
Acontece o seguinte: com ele houve todo um processo em relação a isso. Contra a vodka ele nunca foi. Há o famoso verso no poema que ele dedicou ao poeta que se suicidou, Iessênin que foi outro grande poeta que se suicidou tem um famoso verso antes morrer de vodka que de tédio.

E naquela época na Rússia os artistas, os escritores usavam algum outro estimulante? Cocaína por exemplo?
No começo do século XX houve muita droga na Rússia. Inclusive, chegou a ser um problema. Jovens drogados era fato muito comum.

Era o que? Cocaína?
Cocaína. Principalmente cocaína. Ópio também.

E Maiakovski usava?
Não. Ele gostava de um bom copo, gostava de um bom copo, mas drogas acho que não. Acho que não, não tenho certeza. O fato de ter escrito antes morrer de vodka que de tédio que foi a propósito das críticas que se fazia ao Iessênin, um bêbado, viveu na sarjeta, nos últimos tempos ele era recolhido na sarjeta. O Maiakovski escreveu um belíssimo poema sobre o suicídio do Iessênin. Mas depois entre os jovens havia um culto a |Iessênin, o Iessênjhin como boêmio, beberrão. E aí Maiakovski escreveu um roteiro de um filme que não chegou a ser filmado, criticando a figura do poeta bêbado. Mas em O Percevejo é o contrário, porque o bêbado é a figura mais simpática, o vagabundo que fica só tocando violão é a figura central e figura positiva, há uma admiração por ele.

Essa sociedade que ele cria em O Percevejo é fantástica, porque ele joga de repente a ação 50 anos à frente…
Isto.

Uma delegação brasileira na época era o cúmulo de civilização, de requinte, vir uma delegação brasileira, pousar em Moscou uma delegação brasileira, mas isso em 1928 ele estava prevendo 1978, que em 1978 seria possível esse milagre.

E ele citou o Brasil mesmo em O Percevejo?! Pensei que foi uma licença da tradução…
Não!

E escuta: quando Maiakovski morreu Lilia estava com ele?
Não. Não estava mais com ele. Ela me disse que depois da separação “Maiakovski teve a vida dele, eu tive a minha, a gente se encontrava e contava tudo com a maior franqueza um pro outro, éramos muito amigos, mas já não vivíamos juntos”. Ele se suicidou…  Quando ele foi viver junto com Lilia e Ossip Brik, ele conservou uma garçoniere no centro de Moscou, um quarto. E de vez em quando ele usava a garçoniere. E na ocasião do suicídio ele estava na garçoniere com uma atriz… uma atriz dramática de Moscou, que até deixou reminiscências sobre o suicídio de Maiakovski. Polonskaia era seu nome.

A relação dele com essa atriz era alguma coisa profunda?
Não, não era nada profundo. Nos últimos anos de vida a sua maior ligação foi com aquela russa em Paris.

A Polonskaya assistiu ao suicídio?
Não, ela não assistiu.

Ele estava sozinho? Foi um tiro, não foi?
Sim.

E a arma ele conseguiu aonde? Ele gostava de armas?
Ele gostava de ter sempre uma arma e tinha uma obsessão por suicídios. Isso conta o Jacobson, que foi muito chegado a ele aponta na poesia várias passagens, ele volta e meia falava em suicídio na poesia dele.

E como a noticia do suicídio foi recebida em Moscou?
Com perplexidade. Ninguém esperava. Nos últimos tempos de vida de fato ele não estava bem, ele se sentia acuado, o partido fazendo críticas à obra dele. Operários e camponeses não compreendem o que você diz. Que ele escrevia difícil demais. Ele respondia mas a culpa não é minha, vocês é que não instruíram o povo suficientemente.
Mas você estava falando sobre a presença do Brasil, mas o Brasil era bastante cogitado na Rússia, na época, pensava-se muito no Brasil. Há um romance  muito popular na Rússia de dois autores dois romances famoso um se chama 12 cadeiras, um romance humorístico. E a continuação dele é o Bezerro de Ouro. No Bezerro de Ouro aparece no inicio um personagem que é um pícaro soviético aparece sempre dizendo dizendo – isso quando havia lixo na rua ou o trânsito não andava, ele dizia: ah, vocês pensam que isto aqui é o Brasil? Isto aqui não é Brasil, não, no Brasil, no Rio de Janeiro há palmeiras, praias, as pessoas andam de roupas leves, brancas, isso não é o Brasil, não!

E quando você saiu da Rússia?
Foi, foi em 25, chegamos ao Brasil no final de 25.

E qual era a situação do povo brasileiro em 25, você via o que na rua, era parecido o que dizia aquele personagem no Bezerro de Ouro?
De modo geral o clima era de pobreza, havia uma indigência, o povo estava na pobreza mesmo. Meu pai estava melhorzinho de vida. Nós ficamos no Rio de Janeiro uns seis meses, depois nós mudamos para São Paulo onde meu pai se associou a um grupo de brasileiros que financiaram uma fábrica de ceras para assoalhos e ele bancou o químico. Ele gostava de fazer misturas e tal, mas não tinha conhecimento nenhum dessas coisas, gostava de misturar coisas. Ele não era muito de estudar, meu pai não era de estudo, mas ele gostava assim de misturar coisas, gostava de fazer em casa licores, vodkas, misturava álcool com água e diz que era vodka. Misturava álcool, água e umas casquinhas de limão.

E a fábrica deu certo?
A fábrica deu certo durante alguns anos, depois a fábrica fracassou por natural porque meu pai não tinha nenhum conhecimento do ramo na realidade, ele era um autodidata, vinha e estava experimentando aquilo, e a coisa funcionou durante alguns anos. Depois entrou no comércio a fábrica Parquetina, que eu acho que existe até hoje, ai derrubou a fábrica do meu pai.  Em 34 quando eu tinha 17 anos, meu pai fracassou completamente nos negócios e nós nos mudamos de novo para o Rio de janeiro onde meu pai passou muitas dificuldades. Meu pai chegou a abrir uma lojinha de perfumes onde ele vendia perfumes. Ele mesmo misturava as essências com o álcool e eu fiquei lá trabalhando com ele nessa loja e fabriqueta de perfumes na rua Buenos Aires no Rio de Janeiro.

Na revolução de 32 você estava em São Paulo?
Estava, estava aqui em São Paulo e eu me alistei como escoteiro para ajudar na revolução de 32.

Que ai você estava com o que, quinze anos?
É, quinze anos.

São Paulo foi bombardeada?
O bombardeio em São Paulo foi em 24. Em 24 a cidade foi bombardeada mesmo. Agora em 34 houve duas incursões do Melo Maluco que era o nome de um oficial da Aeronáutica que depois se tornou brigadeiro e de certa forma se tornou famoso, ele era famoso porque ele era doidão, ele saia do Rio de Janeiro pra bombardear São Paulo sozinho. São Paulo não tinha aviação, os constitucionalistas não tinham aviação, então ele vinha a São Paulo, bombardear São Paulo. A primeira vez ele bombardeou o Campo de Marte, eu vi. Nós morávamos no alto da rua Espártaco na Vila Romana, numa vilinha que há lá na Vila Romana… Então eu vi de repente assim as bombas assim estourando, a gente via.

As casas não foram atingidas?
Não, foi o Campo de Marte, lá não havia casas na época. Atualmente é cheio de moradias, mas naquela época não havia casas ali. Então bombardeou o Campo de Marte a primeira vez, e na segunda vez que ele veio no outro sábado, no sábado seguinte, eu estava com minha mãe no bonde, vi assim uma multidão na rua, as pessoas correndo assim e tal, era o Melo Maluco que tinha aparecido e veio de novo bombardear São Paulo. Ai ele ficou voando em cima do centro, nós estávamos no bonde e ele ficou voando em cima do centro de São Paulo e nos prédios mais altos havia metralhadoras anti-aéreas que ficaram atirando contra ele sem atingi-lo, nem nada e ai passou, passou tudo em brancas nuvens.

E o que você achava do Getúlio? Como era no tempo do Getulio?
O Getulio, quando houve a revolução de 30, Getulio foi recebido de braços abertos em São Paulo, então eu também estava no entusiasmo, era um entusiasmo geral em 1930. Mas em pouco tempo a coisa degenerou porque ele nomeou interventores e os paulistas, que tinham recebido Getulio de braços abertos, se ofenderam porque os interventores eram quase todos do nordeste, teve um forte sentimento assim anti-nordestino em São Paulo, inclusive separatista. E então houve toda uma campanha, eu me lembro de campanhas políticas e os paulistas reivindicando interventor paulista e civil…

E o Getulio, te parecia mesmo que ele tinha tendência fascista, tinha amizades…, flertava com o nazismo?
Em 1940 no dia de Marinha Getúlio fez o famoso discurso que parecia até um discurso fascista. Eu era estudante de agronomia, estava hospedado em uma casa onde eu pagava hospedagem, casa de um colega e nós estávamos ouvindo na hora da refeição, o rádio transmitiu o discurso do Getulio e eu senti aquele discurso como um discurso tipicamente fascista e desmaiei. Desmaiei.

Que choque.
É. Vi o nazismo avançando, tanto é que depois eu fui pra guerra, fui pra guerra por causa disso. Fui pra guerra porque achava necessário lutar contra o fascismo.

Mas ao mesmo tempo em que você lutava pelo Brasil contra o fascismo Getulio tinha esse flerte com o nazismo… Apesar de, a essa altura, já ter feito acordo com Roosevelt..
Eu sei que os soldados brasileiros iam pra guerra comentando…, nós fomos vendidos por dólares. Porque acontecia o seguinte, da classe média pra cima, as pessoas não eram muito getulistas. Da classe média pra baixo, o povo era getulista, um povo totalmente getulista.

É mais ou menos como hoje com o Lula? Há semelhanças entre Getulio e Lula?
Eles têm semelhanças, sim. O Getulio era um patriota, Getulio era um individuo patriota que acreditava que o bem do Brasil estava em fortalecer a indústria nacional e que tinha um certo sentimento assim totalitário, uma tendência totalitária, então por causa das circunstâncias ela simpatizava mesmo com os nazistas, disso não há dúvida alguma. Mas ele era um patriota que desejava fortalecer a indústria nacional, seu grande objetivo era construir a Usina de Volta Redonda. Ele mandou tropas para a Europa e pelo que parece os americanos não queriam essas tropas,  não faziam questão.. .

Mas por que Getulio mandou as tropas, não foi pedido do Roosevelt?
Hoje em dia sabe-se que não houve pedido nenhum, o Getulio ele próprio queria a presença brasileira na guerra, queria Volta Redonda a todo custo, queria que os americanos financiassem coisas no Brasil.

E você voltou à Rússia?
Eu estive lá várias vezes. A primeira vez, em 1965. Eu tinha receio de voltar porque eu saí com passaporte soviético, oficialmente, então dos registros deles deveria constar. E eu era cidadão brasileiro, tinha renunciado à cidadania soviética. Então, era um pouco perigoso voltar. Eu só voltei depois que já era professor da USP.

Você era perigoso aqui porque traduzia russo em plena ditadura anti-comunista e lá era perigoso…
E lá era perigoso porque indivíduo com passaporte soviético que se naturaliza brasileiro…

Pode ser espião…
Um pouco estranho.

Você encontrou dificuldades de locomoção, foi vigiado?
Não, não. Vigiado eu fui, mas não no início. No início eu fui muito bem recebido, em 1965, em 1972, em 72 me receberam na União do Escritores, fui recebido por um grupo de escritores, depois voltei em 77, em 87, em 97 e em 2008.

Mas aí você não era mais vigiado?
Eu fui vigiado nos últimos tempos de 1977.porque eu era muito ligado a um grupo de escritores lá que eram malvistos pelo regime, eu era bastante ligado, então depois eles passaram a me vigiar. Quando eu voltei, em 1977, eu fui detido no aeroporto. Não fui preso, mas fui detido. Fui com a minha primeira esposa, que depois faleceu, eu fui lá, mas eles me seguraram na entrada, apresentei o passaporte, eles ficaram examinando minha bagagem, peça por peça, depois me mandaram entrar numa sala, eu e minha esposa na época ficamos retidos numa sala no aeroporto, a gente via os soldadinhos de 18, 19 anos, fardados, passando assim rapidamente e carregando meu passaporte no ar. De vez em quando vinha um fulano dizer não se preocupem, está tudo em ordem. Passamos duas horas retidos naquela sala, depois nos devolveram os passaportes e nos liberaram. Depois, quando eu voltei já com a minha segunda esposa, no aeroporto de Moscou foi uma espera longa, examinando peça por peça e depois quando nós íamos saindo nos seguraram mesmo no aeroporto. Nos seguraram, interrogaram, se eu carregava materiais, se eu carregava cartas, eu era suspeito de levar materiais escritos pra fora, eles tinham muita preocupação com textos…

Quem era o presidente?
Já foi a época do Brejnev.

Com aquela cara de urso.
É. E depois quando eu voltei com minha esposa lá, um grande amigo meu, o poeta Yvgenin contou que foi interrogado na KGB sobre a minha pessoa.

Quer dizer que você não estava bem com a KGB…
Não, na KGB não. Inclusive quando eu voltei em 97 fui vigiado, fui acompanhado sempre por um rapazinho…

Em 97?!
Em 97? Não, espera… perdão, foi em 87. Eu fui acompanhado, era o tempo do Gorbatchov, mas a KGB atuava independente do Gorbatchov, tinha a sua própria atuação. Eu estava sob vigilância. Um rapazinho ficava na porta do hotel, sempre.

E aqui no Brasil, traduzindo russo em pleno regime militar, você foi perseguido também?
Bom, aqui eu tive problemas, eu tive problemas, mas principalmente porque eu protestava. Quando eu tinha oportunidade, eu protestava. Eu não tinha nenhuma atividade política, não pertencia a algum grupo de guerrilha, mas eu protestava. Fui detido várias vezes.

Onde?No DOI-Codi? No Dops?
Estive no Dops e na Oban, Na Tutóia. Logo que a Oban foi criada. Eu nem sabia que a Oban existia. Eles me levaram de carro e eu perguntei: “Nós estamos indo pro Dops?” Eles me disseram que sim. Depois eu vi eles subindo a Avenida Angélica. Eu disse: “Vem cá, nós não estamos indo pro Dops, vocês disseram que estávamos indo pro Dops.” “Não, não, é uma outra repartição.,..”

Mas eles deixavam conversar? Deixavam fazer perguntas? Em 73 não era mais assim. Me encapuzaram, eu nem via para onde estava indo…

Não me trataram assim. Eu era professor da USP. Não posso dizer que eles tivessem muita cautela, mas uma certa cautela. Lá na Oban eu fui interrogado pelo Brilhante Ustra, o comandante, mas também é tudo bobagem…

Bobagem como?
Eles queriam me assustar. Sabiam que eu não tinha nenhuma atividade na guerrilha. O máximo que eu passei lá foi umas cinco, seis horas.

Você não foi nem ameaçado?
Veladamente, sim. De um se virar pro outro, eles usavam carabina e um dizia pro outro: 'Tá vendo? Isso é carabina de matar professor da USP…' ".

(http://www.semcortes.com/?p=246)

 

 

 

 

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VERBETE 'BORIS SCHNAIDERMAN',

WIKIPÉDIA (em português)

 

"Boris Schnaiderman

Boris Schnaiderman é um tradutor, escritor e ensaísta ucraniano radicado desde a infância no Brasil.

Índice

Biografia

Nascido em Uman, na Ucrânia, em 1917 (ano da Revolução Russa), mudou-se depois para Odessa, onde viveu até os oito anos quando veio para o Brasil. Foi o primeiro professor do curso de letras russas na Universidade de São Paulo, em 1960, apesar de não ser formado em letras (formou-se em agronomia). Traduziu os grandes escritores russos, como Dostoiévski, Tolstói, Tchekhov, Máximo Gorki, Isaac Babel, Boris Pasternak e poetas como Alexandre S. Pushkin e Vladimir Maiakovski.

Aos oito anos de idade, chegou a presenciar as filmagens da clássica cena da escadaria de Odessa do lendário filme O Encouraçado Potemkin, de Sergey Eisenstein. Mas só foi compreender o que se passava ao ver o filme no cinema.[1]

Conseguiu naturalizar-se em 1941,[1] tendo lutado na Segunda Guerra Mundial na Força Expedicionária Brasileira, experiência que rendeu o romance Guerra em surdina. Devido ao modo como a cultura russa era vista no período da ditadura militar no Brasil, suas posições frente à repressão, além de ter passaporte soviético,[1] Schnaiderman teve confrontos com a ditadura e chegou a ser preso em sala de aula.

Em 2003, recebeu o Prêmio de Tradução da Academia Brasileira de Letras. Foi o primeiro a traduzir as grandes obras russas diretamente do russo; antes dele, traduções indiretas (principalmente através do francês) que descaracterizavam o conteúdo original eram bastante comuns.[1]. Em 2007, foi agraciado pelo governo da Rússia com a Medalha Púchkin, em reconhecimento por sua contribuição na divulgação da cultura russa no exterior.

Livros

  • Guerra em Surdina ISBN 8575033352 / ISBN-13 9788575033357
  • Dostoiévski Prosa Poesia - ensaio
  • Turbilhão e Semente: ensaios sobre Dostoiévski e Bakhtin
  • Os escombros e o mito; a Cultura e o fim da União Sovietica ISBN 8571646449 / ISBN-13 9788571646445 .
  • Tradução: Ato Desmedido - Ed.Perspectiva, 2011 (no prelo)[2]

Referências

  1. a b c d Boris Schnaiderman: Guerra e Paz com Dostoiévski
  2. Estadão, caderno Sabático, 1º de janeiro de 2011

Ligações externas